sábado, 23 de julho de 2011
Referência cruzada
Nunca deixei de frequentar a Igreja, até mesmo porque a ela devo muito da minha formação
sábado, 9 de abril de 2011
“O casamento descobriu-me às claras as raízes do egoísmo que o sacerdócio se velava, álibi de amar a todos e amar a ninguém”
Está de volta a emoção! E em grande estilo!
Não é trivial termos um amigo do Bento XVI e alguém indicado a ser nome de praça, com direito a busto e tudo, nos contando sua trajetória de vida, suas limitações e seus pensamentos.
Não é trivial termos um amigo do Bento XVI e alguém indicado a ser nome de praça, com direito a busto e tudo, nos contando sua trajetória de vida, suas limitações e seus pensamentos.
Acho que a maioria já sabe de quem se trata. Para quem ainda não sabe, e mesmo para quem já sabe, sugiro que leia até o final da entrevista. Garanto que colherão algumas lições para a vida.
- Entrei no seminário.
1948-1949. Seminário Menor Diocesano de Nossa Senhora Aparecida. (Av. Saudades, 705. Caixa Postal 369. Campinas. SP. Bonde Saudades) . De 1950-1953, ao anexo do Colégio Diocesano (Rua Padre Vieira. Bonde Bosque) . Vivemos à construção do SIC e ao sairmos para São Paulo, com o Mário Faria, Hermínio e eu, deram uma de Moisés, de longe vimos Terra Prometida, nela não entrando.
- Minha paróquia.
Minha paróquia é como as outras. Todas se assemelham – escreveu meu amigo Bernanos em primeira frase de seu Diário de um pároco de aldeia. Jaguariúna. Uma rua de cima, uma de baixo, no centro, a igreja. A de cima, rua de entrada da vila. A contrária mão, saísse da vila, ou da vida, ali o cemitério. Poucas distrações, além de fazer filhos. Em fins de semana, os filmes no Odeon. Poucos bares. Nem uma fabriquinha, de vassoura, de guaraná, de cabo de guarda-de-chuva, como a de pai de Ifanger, em Indaiatuba que tais progressos, nem zona tinha. Vocações de padre? Nada. Nem chuvinha por aí Deus regava, passava e caia em Amparo. Lá, até em pedra germinavam vocações, em analogias que dizia meu amigo Guimarães Rosa: pra uns, as vacas morrem, pra outros até boi pega a parir. Seminarista, um só antes de mim, três depois mirradinhos, não vingando. Em resumo, acabei sendo o primeiro padre e único. A câmara cuidou de projeto de rua para mim, uma praça, no centro, um busto – alguém em entusiasmos, por projeto de meu pai, presidente da câmara. O jurídico a que se obstou: não dá, contraria as clausulas pétreas da Constituição, homenagem inter vivos, não pode. Data venia ao reverendo, só post mortem. Esqueceu-se do projeto. O proponente faleceu, meu pai, quanto a mim por aí vivo passeando, de jeito nenhum ainda post mortem , em que pesam ameaços. De resto, nem mais razão persiste para rua, placa, muito menos para busto, a sol, a chuva e à pontaria dos pombos, uma vez o referido reverendo ter dado baixa de praça e pronto ao que tenho dito! de homenagens póstumas, cumprindo-se a profecia do padre Gomes dizendo-me seminarista em férias: padre aqui não vinga. Sei lá se ocê vai dar certo, sei lá ... Dizem que Pe. Gomes era santo, será que pegou a praga?
- Por que entrou para o seminário?
Sempre quis. De jeito algum de influência de minha mãe, em que pesam seus sacerdotais sonhos. Em vocações ajudava em dinheiro pequeno e em orações, um monte. Um dia, levou à igreja uma quantia mais significativa. Padre Milton Santana deu-lhe um santinho: A boa Irma, pudesse ver um filho nas honras do sacerdócio. Como padre fui-lhe a maior alegria e depois o deixando, a maior tristeza de sua vida. Em uma e outra situação esteve comigo, firme.
- Quantos anos tinha ao entrar.
Aos 12 anos. Tarde de 21 de fevereiro de 1948. Levaram meu pai e amigo João das Laranjas, com seu carro. Sempre se orgulhou ter levado um padre ao seminário, contando a todo mundo. Não chegou a saber que deixei o ministério. Morreu antes. Em seu pequeno currículo em matéria de religião, mostrou-o olhos brilhantes a São Pedro. O velho balançou: falo com o chefe, sempre com sua mania de dar recompensa pra quem dá um copo de água... vou ver. Acrescentou dando uma de difícil , acho que vou te quebrar o galho . São Pedro se virou, sem antes de ver João enfiar mão buscando a uma cervejinha, mais não sendo roupas, bolsos, dinheiros, nem nada.
- Quando deixou do seminário.
Nunca saí dos seminários. Ordenei-me em 24 de setembro de 1960, em Roma. Por 15 anos, fui professor e prefeito de estudos em Seminário de Aparecida de Filosofia , (Rua Barão do Rio Branco, 412, Telefone 8) e no Seminário Central de Ipiranga, ( Av. Nazaré, 993. Caixa Postal 12.561. Tel. 63-1689). Em Campinas, Diretor da Tribuna Ilustrada, Diretor dos Cursilhos, assistente do Ovisa, assistente de Equipes Nossa Senhora, professor na FAI, professor na PUC SP, em outros menores cursos, conferências, congressos, especialmente em antropologia filosófica (humanismos) e ateísmo em filosofia e à literatura. Em 1975 solicitei dispensa do ministério.
- Porque saiu?
Não tinha problema pessoal de vida, especialmente por mulher. Como sucedido em trabalhos como padre, por isso, não me foi fácil conseguir a dispensa, sem caso com mulher. Colegas aconselhavam: inventa. Não! Relatei que estava vivendo em duas vidas. Em Campinas, uma vida de trabalhos estritamente sacerdotais e a arquidiocese cada vez mais alargando funções e atribuições. Em São Paulo, o que me realizava mesmo era a vida de professor na universidade, embora não escondendo minha condição de padre, vivia em um meio estritamente leigo. Por outro lado, colegas largavam o ministério e se casavam, de Campinas, de São Paulo, de toda parte , aos milhares saiam. Estávamos em pleno efervescente clima do Vaticano II, em profundas transformações. Decidi, hora era do sacerdócio de casados, chegava inexoravelmente. Errei.
- O que aprendeu nos seminários?
Tudo. De meus professores guardo esforço e generosidade em tempos mais pobres. Nunca lhes imputo de omissões, de resto, nem a mim. Fiz o que pude ao fundo de minha imaturidade. Que mais pudesse fazer? Coisa nenhuma, não se pode julgar a leveza da juventude a partir de adultos em experiência vivida. Em contrário, julgar é coisa de velho, não de maturidade, mas de apodrecimento. Aprendermos velhos a lição com os frutos, quando maduros, caem. Demos lugar a loucura dos bem-aventurados jovens, deles é a primavera do mundo.
- O que faltou aprender?
Não sei, nem me interessa, nem me cuido deste tipo de inventário. Deram-me informações, talvez poucas, gestos e atitudes, muitas a me conduzirem a criar e inventar minha vida. Agradeço aos superiores e colegas, a propiciar-me ambiente de amizade e de responsabilidade. E por aí vou tocando a vida a meu jeito de ser feliz. Mas, é duro!
- Trajetória profissional após a saída?
Continuei professor, na PUC e na Fai por 4 anos Antropologia Filosófica/Humanismos. A partir de 1977 fui convidado pelo Mário Faria como diretor do Inocoop Bandeirantes. Por 25 anos aí estive até seu fechamento em 2002.
- Trabalha ainda?
Aposentado. Estudo e escrevo pra caramba, apesar de meu AVC. Estou refazendo os caminhos da alfabetização, em português e outras línguas, o que não me impede de dar aulas particulares de grego e alemão. A propósito, sobre AVC. Na vida tudo se aprende, na solidão. Virei-me mudo que falo, surdo que ouço, pouco compreendo o que as pessoas falam. Neste isolamento, acreditem, vale a pena descobrir rostos, paisagens do mundo escondidos à sombra da vida. Viver é uma revelação, enquanto se respira.
- Família.
Casei-me em com Marilda, loira e olhos azuis, ao ser-me escolhida, inteligentíssima, apesar de loira. Dois filhos, Christiano e Adriano, gêmeos, publicitário e veterinário respectivamente e Beatriz, fisioterapeuta. Todos bem em suas profissões e casados, 3 netos, Christiano ainda sem filho.
- Recordações mais marcantes do tempo do seminário.
Tantas. Saudades? Claro , risco de viver do passado. Mas vale, feliz o homem que constrói sua vida em bases de lembranças que iluminam.
- Com quem conviveu na época que o impressionou positiva ou negativamente.
Negativamente, ninguém. Alguns professores eram fracos. Mania de bispos achar que padre entende de tudo, trigonometria, astronomia, grego e sei lá. Bispo diz ao padre: vai lá, meu filho e manda ver . Estica mão, oferece anel, nêgo beija e sai: tô frito!!!- tripas contorcendo, pernas apertando. Poucos assim encontrei. Marcaram-me côn. Aniger Melillo e padre Adriano Van Iersel. Ao ensinar, faziam-nos descobrir gostos e tendências. Por além de informações, dava-nos um método, de andar por suas pernas. Tudo se aprende quando se encontra o caminho.
No Central do Ipiranga, padre Waldemar Martins. Despertava-nos ao gosto da filosofia. Com ele aprendi a viver com meus alunos.
Em Roma, não cito dos professores da Gregoriana, hors concours. No Pio Brasileiro, padres, Oscar Müller, diretor espiritual e Luciano Mendes, junto a eles respirava-se a vida de Jesus.
- Mágoa?
De jeito nenhum!
- Voltaria no tempo novamente?
Não, tipo de questão inconsistente. Vivia em plenitude, naquela situação e naquele tempo. Fosse-me possível refazer os passos de minha vida, a todos refizesse, menos os que a saudade apagasse. Enquanto dure a vida, responderei à vocação de ser feliz, doando-me, carregando as eternizadas razões que por aí construí. De resto, nada me turbe!
- Dedico-me à Igreja Católica atualmente?
Na linha da pergunta, não, atuando em liturgias, cursos, etc. Não me é fácil ser um ex-padre dentro da Igreja. Desde os doze anos, fui formado como padre. Quando deixei o sacerdócio, desmanchou-se uma inteira vida. Uma ruptura? Em princípio, tive receios. Aos poucos, fui descobrindo o sentido não de uma ruptura, mas de um acabamento. O casamento descobriu-me às claras as raízes do egoísmo que o sacerdócio se velava, álibi de amar a todos e amar a ninguém. Apanhei pra burro! Diante de mim, o amor exigente, não um ideal, mas uma pessoa. Caí-me em óbvios, amar é despojar de egoísmos.
Em síntese, nunca fui um leigo, engajado ou não. Colado a mim, o sacerdócio, primordialmente a vocação de ensinar e escrever. Inventei minha vida de padre. Em universidade, em longos tempos de Inocoop, fui fiel a minha vocação, como outrora os padres operários e hoje os contemplativos, junto aos homens com palavra que se dê ou por presença fecunda. Por três anos, Jesus nada escreveu, falou e entregou-se em silêncio, dando o tempo das sementes, de tantos e tantos que guardam e divulgam sua palavra e sua vida.
- Minha relação com a religião hoje. A religiosidade do meu tempo e hoje. Igreja de ontem e hoje.
Respondo em conjunto. Em nenhum momento deixei de amar a Igreja. Hoje, mais plenamente. A impulso de minha fé, sou levado à universalidade de todos os homens que a amam Deus ou ao homem. Em Jesus, encontrei minha religião para além de templos de Jerusalém, de Samaria, de Roma. Jesus contrariou às expectativas do povo judeu, mesmo dos piedosos, ideais de liberdade, grandeza e poder, reino de Deus a ser instaurado pelo Messias. Primeiros cristãos, em catacumbas, esconderam o reino de Deus a preço de sangue, adormecida a tentação de resgatar templos dignos do Deus rei dos reis. Jesus sempre Jesus reprovara os apóstolos de tentações de grandezas, pelo contrário, enaltecendo o serviço e o último lugar. Começos do quarto século, Constantino livrou o cristianismo das perseguições, logo mais vira religião oficial do império romano. Cristãos saíram à luz, desmontaram templos pagãos e coliseus, carregando ouro e mármores a construir igrejas, onde aprisionar o senhor Deus de Jesus, banido dos corações dos homens. Volta-se ao templo de Jerusalém pelo próprio Jesus destruído com sua morte, reconstruído coração do homem, único do templo com Deus. Por sua vez, papas e bispos investiram-se de poder à altura de sua dignidade. Erigiram palácios para abrigar sua infecunda solidão e em especial, sua pobreza. Roupas em púrpura e em pêlos de arminho e ainda calçam sapatos Prada, dignos da profecia do meu amigo Isaias: belos os pés que anunciam a paz. Cajados de pastores transformam-se em báculos e cetros sob insígnias dos reis, apesar em humildades chamarem-se servos dos servos de Deus. Por tudo me entristeço, pelo que também me responsabilizo, não mais que espectador de lamentações, em vez de transformar o mundo de que sonho.
Por fim, a mensagem de Jesus supera para além de teologias, de dogmas, de verdades que se cristalizaram. Valeram e valem a iluminar a única lei e sentido de nossa vida: do amor. De resto, a definição de Deus em Jesus supera o ser, o ter, o que querer absolutos de Javé. Em Jesus, dá-se a fantástica revelação de que meu Deus é pobre, aniquila-se em poderes e grandezas, para emergir o amor que dá e se entrega. Em sínteses de minha vida, chego a definição de Deus em comunhão: ele é uma verdade que se encontra a mim quando, me dei, me entrego, amo. Quer dizer, reciprocidade em comunhão.
Não renego verdades do passado. Deixo-as em parênteses todas as que me separam aos irmãos cristãos e aos homens de coração reto. Amo-os também meus amigos ateus que em seus olhos bilha meu Deus a que eles negam. Vou construir em poucas tábuas a arca, a minha, navegando aos mares de Deus, ali num canto, Jesus, mesmo dormindo... Como comecei citando o Diário de Bernanos, encerro: tudo que errei, tudo que acertei, entrego-me em abandono nas mãos daquele que em tudo cai: que importa? Tudo é graça.
Augusto José Chiavegato
Aí está a história de uma pessoa que muito fez render os talentos recebidos. Mesmo tendo o AVC podado-lhe algumas capacidades físicas, não se entregou e se desdobrou para nos brindar com suas respostas. Muito obrigado Chiavegato.
Conclamo a todos que utilizem o espaço reservado aos comentários para transmitir suas impressões sobre a entrevista. Só não esqueçam de identificar-se, caso comentem como anônimos.
Como vocês leram, ainda estamos abertos a publicar as entrevistas recebidas. Portanto, ainda é tempo. Que os indecisos deem-nos o prazer de conhecer as suas respectivas histórias.
Até uma próxima intervençao.
J. Reinaldo Rocha(62-67)
Até uma próxima intervençao.
J. Reinaldo Rocha(62-67)
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Nos bastidores
Tal qual nos "extras" dos DVDs hoje vou contar um pouco sobre os bastidores da série de entrevistas onde alguns colegas da comunidade ex-SIC contaram suas lembranças e impressões passadas e presentes.
Mesmo que o nome da comunidade seja “ex-SIC”, fazem parte dela todos os que passaram por algum dos seminários menores de Campinas.
Antes de mais nada agradeço a todos os que participaram ativa e/ou passivamente. Foi uma experiência muito gratificante não só para mim, como, estou convicto, para os demais colegas.
Foram publicadas 36 entrevistas, até o momento (Entre 03/Abril/2010 e 22/Janeiro/2011). Todos os 143 colegas que estão com o e-mail válido em nossa lista de contatos receberam um convite individual. Se alguém não recebeu, favor avisar-me (ex.sic.1955@gmail.com).
Agradeço aos 52 que aceitaram os convites, e aos 6 que recusaram. No entanto há 85 que não se manifestaram. Destes não sei quais preferiram simplesmente desprezar o convite e quais não chegaram a lê-lo, seja por qual motivo for. A estes reitero o pedido para que me contate (ex.sic.1955@gmail.com), pois ainda é tempo e posso reenviá-lo.
Dos que aceitaram, 52 prometeram responder, mas até o momento não o fizeram.
Pré-história
Tudo começou quando, numa visita ao Dirceu Sibinel, em Amparo, ele disse que o Grego estava convidando-o para um encontro dos ex-seminaristas de Campinas, mas ele não estava animado a participar. Pedi-lhe uma cópia do e-mail que ele recebera e comecei a participar da comunidade. Isso foi por volta de Ago/2006.
Fiquei, então, curioso para saber o que tinha acontecido com aqueles colegas que conviveram comigo praticamente toda minha adolescência. Onde estariam? Que caminhos teriam trilhado?
Participei dos encontros seguintes e me propus a ajudar na “construção” de uma comunidade virtual aproveitando minha experiência com informática. O primeiro trabalho foi criar uma lista de contatos com as informações que o Grego já havia coletado.
O começo
A primeira iniciativa de integração entre as pessoas foi criar um grupo de discussão no “Yahoo” (www.yahoo.com). Ele existe até hoje, mas está abandonado. Houve 26 adesões, mas garanto que nem os que aderiram lembram-se dele.....rsrsrs
Depois criamos, no “google” (www.google.com) um e-mail próprio (ex.sic.1955@gmail.com), um espaço para compartilhar a lista de contatos e um “site” (http://sites.google.com/site/exsicampinas) para registrarmos a história e lembranças do ex-SIC.
Só que o passado é estático. Uma vez registrado não há novidades.
Pensamos então em criar um “blog” para veicular assuntos atuais. Mas, quem escreveria? Quem manteria publicações regulares que pudessem atrair o interesse da comunidade? Competência para isso eu não tinha (e continuo não tendo...rsrsrs). Tentamos conclamar os colegas para escrever, mas sem sucesso. O mesmo está acontecendo com o grupo Inte(g)ração que criamos no “Facebook”(www.facebook.com)
Só que o passado é estático. Uma vez registrado não há novidades.
Pensamos então em criar um “blog” para veicular assuntos atuais. Mas, quem escreveria? Quem manteria publicações regulares que pudessem atrair o interesse da comunidade? Competência para isso eu não tinha (e continuo não tendo...rsrsrs). Tentamos conclamar os colegas para escrever, mas sem sucesso. O mesmo está acontecendo com o grupo Inte(g)ração que criamos no “Facebook”(www.facebook.com)
Em paralelo continuava minha curiosidade para saber o que aconteceu com meus ex-colegas de juventude. Juntando isso à necessidade de publicações no “blog” começou a amadurecer a ideia de convidar os colegas para contar suas respectivas histórias. Ruminei isto por uns 6 meses, até que eu tivesse claro na minha cabeça o que poderia ser feito e que desse o resultado esperado.
A operacionalização
Minha primeira ideia foi aproveitar os encontros e gravar uma entrevista com alguém previamente escolhido. Comentei com o Daólio e ele se dispôs a participar. Porém, operacionalmente seria improdutivo.
Foi então que escrevi uma lista de perguntas e o Grego serviu como cobaia respondendo-as (O interessante é que comparando estas respostas com as que foram publicadas tempos depois, muita coisa mudou). Fiz uma ou duas adequações e, numa das “Pizzas do Paierão” comentei com alguns participantes sobre a minha proposta. Principalmente o Sebastião, o Battistuzzi, o A. Orzari disseram que, não apenas participariam, como comentariam e incentivariam a participação dos demais colegas. Fui até o Vicente Adorno, jornalista, que fez várias entrevistas profissionalmente.
Foi então que escrevi uma lista de perguntas e o Grego serviu como cobaia respondendo-as (O interessante é que comparando estas respostas com as que foram publicadas tempos depois, muita coisa mudou). Fiz uma ou duas adequações e, numa das “Pizzas do Paierão” comentei com alguns participantes sobre a minha proposta. Principalmente o Sebastião, o Battistuzzi, o A. Orzari disseram que, não apenas participariam, como comentariam e incentivariam a participação dos demais colegas. Fui até o Vicente Adorno, jornalista, que fez várias entrevistas profissionalmente.
- Vicente, o que você acha de termos uma série de entrevistas com os ex-seminaristas? Eu tenho um conjunto de perguntas e gostaria que você as lesse e sugerisse mudanças, novas perguntas etc.
- Acho que a ideia é boa. Alguns responderão de pronto, outros demorarão um tempo para responder. Mande-me as perguntas que darei uma olhada.
No dia seguinte enviei-lhe as perguntas.
Pensava em iniciar a série com o Daólio que já tinha se prontificado a participar. Porém, recebi um e-mail do Vicente com todas as perguntas respondidas e com uma qualidade excelente, além de abordar assuntos polêmicos. Assumi que as perguntas tinham sido adequadas, achei que a ideia já estava bastante madura e resolvi publicar imediatamente. .
Espero que o Daólio não se sinta ofendido em ter sido preterido como pioneiro...rsrsrs
Comecei a enviar os convites, individuais, com algumas adaptações no questionário, dependendo do convidado.
Os primeiros convites foram para uma lista sugerida pelo Grego. Alguns responderam, outros não. Mas, a medida que as pessoas postavam alguns comentários eu já tinha os próximos convidados, pela simples razão de eu saber quem estava interessado nas entrevistas.
Também precisava mesclar entrevistados de várias épocas e turmas para manter o interesse ativo.
Outro cuidado foi tentar manter os comentários no início e fim das entrevistas de forma mais impessoal possível. Algumas vezes escorreguei, é verdade, mas acredito que, nestes casos, foi por uma boa causa...rsrsrs
Nas primeiras entrevistas, deixei para o final a identificação do entrevistado por questões meramente casuais. Alguém escreveu que até aquele momento (acho que era a 3a. entrevista) ele tinha adivinhado todos os entrevistados antes de chegar ao final da entrevista. Isso me motivou a sempre tentar desafiar os que tentavam descobrir a identidade do entrevistado antes de saber quem realmente era ele.
Inicialmente as entrevistas seriam publicadas a cada 15 dias (sugestão do editor Valdemar Sibinelli. Isso daria mais tempo para os leitores assimilarem as respostas). Porém houve alguns ansiosos que pediram para diminuir a periodicidade. Coloquei uma pesquisa no "blog" a respeito. Foi pequena a participação, mas entre os que votaram a preferência foi pela periodicidade semanal.
Hoje dou razão ao Valdemar (nada como a experiência..rsrsrs). Eu devia ter mantido a periodicidade quinzenal, mesmo deixando de atender aos ansiosos. Inicialmente calculei que o projeto teria duração aproximada de um ano. Pelas minhas contas, se metade dos convidados aceitasse, seriam por volta de 60/70 entrevistas. Porém este percentual aconteceu somente no começo, pois eu convidava quem se mostrava, de alguma maneira, interessado. Com o passar do tempo este percentual foi decrescendo até atingir, no final 25%. Com isso o projeto teve duração de praticamente 9 meses. O tempo de uma gestação...rsrsrs.
Inicialmente as entrevistas seriam publicadas a cada 15 dias (sugestão do editor Valdemar Sibinelli. Isso daria mais tempo para os leitores assimilarem as respostas). Porém houve alguns ansiosos que pediram para diminuir a periodicidade. Coloquei uma pesquisa no "blog" a respeito. Foi pequena a participação, mas entre os que votaram a preferência foi pela periodicidade semanal.
Hoje dou razão ao Valdemar (nada como a experiência..rsrsrs). Eu devia ter mantido a periodicidade quinzenal, mesmo deixando de atender aos ansiosos. Inicialmente calculei que o projeto teria duração aproximada de um ano. Pelas minhas contas, se metade dos convidados aceitasse, seriam por volta de 60/70 entrevistas. Porém este percentual aconteceu somente no começo, pois eu convidava quem se mostrava, de alguma maneira, interessado. Com o passar do tempo este percentual foi decrescendo até atingir, no final 25%. Com isso o projeto teve duração de praticamente 9 meses. O tempo de uma gestação...rsrsrs.
A participação
Cada convidado ficou livre para recusar-se a responder todas ou algumas perguntas. Somente um que recusou recebeu minha insistência, pois a história que ele contou, e que justificava sua recusa, era excepcional. Infelizmente ele não aceitou e esta história ficará apenas entre nós e para quem mais ele contar. Além desta, houve mais 5 recusas.
Houve ainda um outro caso de insistência, pois o colega inspira muita curiosidade de todos em saber o que fez após a saída do ex-SIC. Prontifiquei-me a gravar suas respostas e posteriormente transcrevê-las. Mas ele recusou dizendo que já havia escrito as respostas e, como tinham ficado muito extensas, precisava resumi-las. Estou aguardando o resumo para publicá-las...rsrsrss
Alguns comentários foram explícitos e publicados no “blog’. Outros ficaram restritos a e-mails trocados internamente. Um dos que mais me sensibilizou foi alguém declarando que havia passado por experiência semelhante ao do entrevistado e estava confortado em saber que mais gente havia enfrentado os mesmos dilemas. Neste momento percebi que esta série de entrevistas estava alcançando uma dimensão muito maior que a simples satisfação de minha egoísta curiosidade.
Houve ainda um outro caso de insistência, pois o colega inspira muita curiosidade de todos em saber o que fez após a saída do ex-SIC. Prontifiquei-me a gravar suas respostas e posteriormente transcrevê-las. Mas ele recusou dizendo que já havia escrito as respostas e, como tinham ficado muito extensas, precisava resumi-las. Estou aguardando o resumo para publicá-las...rsrsrss
Alguns comentários foram explícitos e publicados no “blog’. Outros ficaram restritos a e-mails trocados internamente. Um dos que mais me sensibilizou foi alguém declarando que havia passado por experiência semelhante ao do entrevistado e estava confortado em saber que mais gente havia enfrentado os mesmos dilemas. Neste momento percebi que esta série de entrevistas estava alcançando uma dimensão muito maior que a simples satisfação de minha egoísta curiosidade.
Espero que tenha havido outros casos semelhantes a este, mesmo que fora do meu conhecimento.
Embora a participação ativa tenha sido de 25%, as estatísticas de visita ao “blog” indicam que a quantidade de leitores semanais é aproximadamente e mesma quantidade de colegas que fazem parte de nossa lista de contatos com e-mails ativos. Isso mostra que “muitos são os leitores e poucos os escritores”...rsrsrs
Afogando em números
Convites enviados: 143
Entrevistas publicadas: 36
Convites respondidos: 58
Convites recusados: 6
Aceites pendentes de respostas (estão "devendo" a entrevista): 52
Convites não respondidos: 85
% de participação (Publicados/Convidados): 25%
% de pendências: (Aceites/Convidados): 36%
Comentários publicados: 200
OBS: Os números abaixo são aproximados, pois houve alguns meses que não foram coletados
Número total de visitas: 5.379
Mês com maior número de visitas: Ago/2010 (702)
Algumas frases curiosas que remeteram ao nosso "blog" (utilizadas na pesquisa do "Google"). Será que encontraram o que procuravam?:
"sou apaixonada pela vida" : 13 vezes
"fui ao enterro do meu amigo": 5 vezes
"como ser santo no dia a dia": 2 vezes
"colegio de freiras internato": 2 vezes
"eu nasci em 4/12/1964 que mega sena": 2 vezes
"modelo de mensagem para reencontro com ex colega de trabalho": | 1 vez |
"aburguesamento na filosofia": 1 vez
"alguém já se casou com uma ex-freira?": 1 vez
"castigo colégio interno": 1 vez
"colegio internato mais famoso do mundo": 1 vez
"como dizer aos pais que eu penso em ser padre": 1 vez
"como são os jantares em colegios internos?": 1 vez
"depoimentos de quem deixou o sacerdocio": 1 vez
"fofoca imaculada campinas": 1 vez
"história de ex seminaristas que se casaram": 1 vez
"mensagem para um ex apaixonado": 1 vez
"o que eu faço para parecer adulta": 1 vez
"o que fazer para eu ser santo": 1 vez
"sai do seminario e penso em voltar": 1 vez
Países de origem dos leitores:
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Os apelos
Agora gostaria de ler, nos comentários a esta publicação, o que vocês acharam da série. A favor. Contra. Muito a favor. Muito contra. O que foi legal. O que não foi.
Algumas perguntas que o Grego sugeriu que lhes fizesse e fossem utilizadas como um roteiro para comentários:
Algumas perguntas que o Grego sugeriu que lhes fizesse e fossem utilizadas como um roteiro para comentários:
- Acompanhou todas as entrevistas?
- O que pode comentar sobre o projeto?
- O que achou do conteúdo das respostas? Surpresas, curiosidades, lembranças?
- Qual ou quais as entrevistas que mais lhe chamou atenção?
- Quais os nomes dos padres e amigos que lhe surpreenderam a memória?
- O que pode nos dizer em relação a "bolar" novo projeto nessa linha?
Lembro que qualquer comentário pode ter outro comentário como réplica, tréplica etc. Só lembrando: se comentar como anônimo, favor identificar-se.
Caso seu comentário tenha necessidade de exceder a quantidade de caracteres permitida, não publique. Envie-nos o texto que publicaremos como uma nova matéria.
Caso seu comentário tenha necessidade de exceder a quantidade de caracteres permitida, não publique. Envie-nos o texto que publicaremos como uma nova matéria.
Além disso, alguma ideia para manter publicações regulares e interessantes no nosso “blog”?
Quem estiver a fim de publicar alguma coisa que possa interessar à nossa comunidade, basta enviar para ex.sic.1955@gmail.com
Lembro-lhes ainda que temos um grupo privado no Facebook (Inte(g)ração) que também está aguardando sua participação
Lembro-lhes ainda que temos um grupo privado no Facebook (Inte(g)ração) que também está aguardando sua participação
J.Reinaldo Rocha(62-67)
sábado, 22 de janeiro de 2011
"Ser separado da família com 11 anos de idade me marcou profundamente para o bem e para o mal"
Ele é meu melhor amigo desde antes do ex-SIC. Muito mais racional que emocional, chega a ser contundente (ou seria sarcástico?) no que escreve.
Reservem bastante tempo para leitura da entrevista, pois caso queiram seguir os "links" que ele inseriu nas respostas, "a coisa vai longe".
Não posso dar mais dicas. O motivo vocês saberão logo abaixo.
Quando iniciei o 4o. ano ela convidou-me para ser seminarista e, para isso, iniciar o curso de preparação para o exame de admissão. “Fui no embalo” e aceitei. Lembro-me que uma das razões foi terem me dito haver no seminário um bonito campo de futebol e sua prática diária...rsrs
Decidi que, definitivamente, essa não era a vida que eu queria. Isso foi no primeiro semestre. Mas fiz o sacrifício de esperar até o final do ano escolar.
Entre 1985 e 1991 exerci atividade paralela como professor de Modelagem de Dados na Faculdade Renascença.
Hoje tenho uma companheira, Ruth, porém cada um na sua casa...rsrsrs.
Do casamento resultou um casal de filhos. O Vinícius, mestrando em Física e a Patrícia, psicóloga, ambos solteiros. Até o momento sem netos.
Outras recordações, divertidas, são algumas histórias que deixei registradas na página “Memórias e histórias” do nosso “site”.
Acho que superaram em muito minhas expectativas. Houve pérolas que ficariam no ostracismo caso não houvesse esta oportunidade.
Percebi ainda que vários colegas que sentiam ter vocação foram "convidados" a sair do seminário e eu, sem vocação alguma, instado a ficar/voltar. (Quando fui me despedir do Mons. Bruno ele disse que as portas estavam abertas e que eu "desse um tempo" e voltasse). O que será que provocava esta "contradição"? Será porque eu era muito disciplinado e "quadrado"? Fica aqui uma pergunta para quem quiser arriscar-se a responder.
Quem quiser ler (ou reler) estes são os “links” (não esquecer de ver as fotos e ler os comentários, pois as provas, e parte da história, estão lá).
Parte 1:
http://indiagestao.blogspot.com/2009/01/uma-semana-em-chennai-ndia-parte-1.html
Parte 2 (final):
http://indiagestao.blogspot.com/2009/01/uma-semana-em-chennai-ndia-parte-final.html
Fotos:
http://picasaweb.google.com.br/j.reinaldo.rocha/UmPoucoDeChennaiNdia#
José Reinaldo Camilotti da Rocha
Pois é. Ele sou eu! (Ou seria meu "alter ego"?)
Posso ter sido um pouco provocativo para que vocês encham o "blog" de comentários, mas fui bastante sincero.
Sem comentários anônimos, por favor. Identifique-se caso o faça como anônimo.
Esta pode ter sido a última entrevista a ser publicada nesta série. Agora aguardaremos as respostas dos que prometeram que iriam responder e ainda não o fizeram. Assim a periodicidade dependerá do fluxo de chegada de eventuais novos entrevistados.
Muito obrigado a todos que participaram; ou tiveram vontade de participar e não puderam.
Aproveito para incitar a quem queira utilizar este espaço para publicação de assuntos de interesse da comunidade que o façam. Basta enviar o texto para ex.sic.1955@gmail.com que publicaremos com o maior prazer.
Até quando surgir algum assunto que mereça publicação.
J. Reinaldo Rocha(62-67)
P.S. Minutos antes de eu postar esta publicação, vi que o Zago fez comentários dos comentários feitos sobre sua entrevista. Leiam que vale a pena! Basta procurar pelos comentários na entrevista dele. Pode ser acessada clicando sobre seu nome (José Antonio Zago) na lateral direita desta página.
Reservem bastante tempo para leitura da entrevista, pois caso queiram seguir os "links" que ele inseriu nas respostas, "a coisa vai longe".
Não posso dar mais dicas. O motivo vocês saberão logo abaixo.
- Quando entrou para o ex-SIC?
- De que cidade/paróquia?
- Por que entrou para o seminário?
Quando iniciei o 4o. ano ela convidou-me para ser seminarista e, para isso, iniciar o curso de preparação para o exame de admissão. “Fui no embalo” e aceitei. Lembro-me que uma das razões foi terem me dito haver no seminário um bonito campo de futebol e sua prática diária...rsrs
- Quantos anos tinha quando entrou?
- Quando saiu do ex-SIC?
- Quantos anos tinha quando saiu?
- Por que saiu do seminário?
Decidi que, definitivamente, essa não era a vida que eu queria. Isso foi no primeiro semestre. Mas fiz o sacrifício de esperar até o final do ano escolar.
- O que aprendeu no ex-SIC?
- O que faltou aprender?
- O que fez depois que saiu? Estudou o que?
- Qual sua trajetória profissional após a saída do ex-SIC?
Entre 1985 e 1991 exerci atividade paralela como professor de Modelagem de Dados na Faculdade Renascença.
- Trabalha ainda?
- Casou? Tem filhos? Netos?
Hoje tenho uma companheira, Ruth, porém cada um na sua casa...rsrsrs.
Do casamento resultou um casal de filhos. O Vinícius, mestrando em Física e a Patrícia, psicóloga, ambos solteiros. Até o momento sem netos.
- Quais as recordações mais marcantes do tempo de ex-SIC?
Outras recordações, divertidas, são algumas histórias que deixei registradas na página “Memórias e histórias” do nosso “site”.
- Cite um personagem com quem conviveu na época e que o impressionou positiva ou negativamente.
- Sobrou alguma mágoa? Qual?
- Se voltasse no tempo iria novamente para o ex-SIC? Por que?
- Quais as principais mudanças que a entrada (e/ou saída) do seminário provocou em você?
- Dedica-s à Igreja Católica atualmente?
- Qual sua relação com a religião atualmente?
- Como você compara a sua religiosidade daquela época com a atual?
- Como você compara a Igreja Católica daquela época com a atual?
- O que você acha dos reencontros com os ex-colegas do ex-SIC?
- Alguma sugestão?
- Qual pergunta você gostaria de ter respondido e que não foi feita?
Acho que superaram em muito minhas expectativas. Houve pérolas que ficariam no ostracismo caso não houvesse esta oportunidade.
Percebi ainda que vários colegas que sentiam ter vocação foram "convidados" a sair do seminário e eu, sem vocação alguma, instado a ficar/voltar. (Quando fui me despedir do Mons. Bruno ele disse que as portas estavam abertas e que eu "desse um tempo" e voltasse). O que será que provocava esta "contradição"? Será porque eu era muito disciplinado e "quadrado"? Fica aqui uma pergunta para quem quiser arriscar-se a responder.
- Há algum outro endereço na internet que tenha mais informações sobre você? Algum "link" que você queira divulgar?
Quem quiser ler (ou reler) estes são os “links” (não esquecer de ver as fotos e ler os comentários, pois as provas, e parte da história, estão lá).
Parte 1:
http://indiagestao.blogspot.com/2009/01/uma-semana-em-chennai-ndia-parte-1.html
Parte 2 (final):
http://indiagestao.blogspot.com/2009/01/uma-semana-em-chennai-ndia-parte-final.html
Fotos:
http://picasaweb.google.com.br/j.reinaldo.rocha/UmPoucoDeChennaiNdia#
- Alguma mensagem especial aos outros ex-SIC?
José Reinaldo Camilotti da Rocha
Pois é. Ele sou eu! (Ou seria meu "alter ego"?)
Posso ter sido um pouco provocativo para que vocês encham o "blog" de comentários, mas fui bastante sincero.
Sem comentários anônimos, por favor. Identifique-se caso o faça como anônimo.
Esta pode ter sido a última entrevista a ser publicada nesta série. Agora aguardaremos as respostas dos que prometeram que iriam responder e ainda não o fizeram. Assim a periodicidade dependerá do fluxo de chegada de eventuais novos entrevistados.
Muito obrigado a todos que participaram; ou tiveram vontade de participar e não puderam.
Aproveito para incitar a quem queira utilizar este espaço para publicação de assuntos de interesse da comunidade que o façam. Basta enviar o texto para ex.sic.1955@gmail.com que publicaremos com o maior prazer.
Até quando surgir algum assunto que mereça publicação.
J. Reinaldo Rocha(62-67)
P.S. Minutos antes de eu postar esta publicação, vi que o Zago fez comentários dos comentários feitos sobre sua entrevista. Leiam que vale a pena! Basta procurar pelos comentários na entrevista dele. Pode ser acessada clicando sobre seu nome (José Antonio Zago) na lateral direita desta página.
sábado, 15 de janeiro de 2011
"Ficar sozinho, longe de familiares, de apoios específicos que somente a família pode fornecer, pode ser uma fonte de amadurecimento (às vezes precoce)."
Lembro-me dele, super concentrado e compenetrado, recitando "O navio negreiro" no palco do seminário. Depois utilizou esta característica e tudo o mais que aprendeu no ex-SIC para construir uma fecunda vida profissional que culminou num importante trabalho social.
Suas respostas estão repletas de recordações factuais, incluindo a citação dos personagens. Um deles, leitor, poderá ser você. Será? Isso você só saberá lendo-as até o final
Os sábados eram bons porque as aulas eram suspensas, mas havia a limpeza: lavagem, rodo, escovão, etc. Quando a gente pegava aquele imenso refeitório...
Os domingos eram legais até o final do jogo da tarde, geralmente uma das equipes do Seminário contra uma equipe de fora. Mas, depois, era uma tristeza.
A época de junho era um frio de fazer rachaduras nos lábios (como ventava no Paieiro! E aumentava muito o consumo de manteiga de cacau). Em junho havia a Festa Junina, recheada de fogos de artifícios gentilmente doados pela família do Mancini de Leme (Fogos Ypiranga). De lá do final do campo de baixo podíamos às vezes ver o Zé Marmita, lembram dele?
Refrigerante somente quando de festas dos maiores, médios e menores. Fora isso, a gente se enganava com sal de Fruta Eno porque parecia ter um gosto que lembrava vagamente o de uma sodinha.
Muito esperada era a Festa de Natal. Além dos enfeites do artista Zocchio, a festa (uma ceia permeada de músicas) era um atrativo principalmente para os menores, sem contar que no dia seguinte íamos de férias.
Tinha muitos companheiros com quem jogávamos o jogo de botões. Fazíamos campeonatos sobre uma mesa de pedra com bolinha redonda. Lembro de alguns colegas: o Passarinho, o Buffo, o Márcio, o Bélix, o Arnosti.
Todas as histórias que o Rocha narrou no espaço Ex-Sic de forma muito competente eu estava lá, já que fomos contemporâneos.
O futebol era outro ponto importante de grandes recordações. Joguei na Seleção de Médios, com Bizari, Laércio, Sales, Arnosti, Gerson (de Limeira), Buffo, Renato, Arthur, Rocha, Manoel, Caritá II, Peter, Correa, Pavan e outros. Também participei do seleto time do Corinthinha organizado pelo Paulo Afonso Proença Passarinho (falecido penso que em 1967 quando servia o BCCL quando arrebentou a sapata de um carro de combate provocando o acidente no qual perdeu a vida). Digo seleto porque o critério de escolha era pela amizade, além de saber jogar futebol, pois era e sou palmeirense. Lembro que nesse time jogava, além do Passarinho que era o dono e o ponta-esquerda do time, o Anilton Teberga, o Wiziack, o Davi, o Amstalden I, o Delgado (Piuca).
Havia um pessoal muito bom de música. O Cutuba (organista-mór), o Douglas também tocava bem piano. O Gesse era bom no violão e o conjunto musical que explodiu com a música Terezinha. Lembro que o Sawaya era o baterista e o Ditão saxofonista, além de ser o principal árbitro de nossos campeonatos internos. O Leôncio e o Caritá II certa vez formaram uma dupla. O Leôncio tinha um caderno com letras de músicas. Havia um grupo que gostava de poesia, dentre eles o Dutra e o Silvestrim. O Valim era um exímio orador da Academia T. de Aquino. O Benine, um fora de série no teatro.
Certa vez fui ao oftalmologista e quem me acompanhou foi o Paulo Aurélio Venturoli.
Já na minha vida profissional pude conhecer o Faur que foi diretor da Faculdade de Psicologia de Itatiba (Franciscana). Conversávamos sobre a vida de Seminário algumas vezes, e lembro-me que com Faur foram ordenados mais 13 padres (entre eles o Padre Canoas, o Padre Tinoco, o Padre Gastão) na Catedral de Campinas pelo Dom Paulo. Fui ministro do paramento (segurava os paramentos para o arcebispo) uma época, mas não me recordo se nessa ocasião ainda ou já havia sido. Infelizmente o Faur faleceu em plenitude profissional (sem contar é claro seus predicados de pessoa humana). Também, tive convivência com o Bruno Pucci na UNIMEP e um dia eu lhe disse que ele não me era estranho. Pois bem. Bruno foi Padre Estigmatino e várias vezes foi jogar no Seminário. Nós também íamos a passeio no Seminário deles onde havia um lago e um campo de terra. Hoje o Bruno coordena o Pós-Graduação em Educação da UNIMEP.
Nós recebíamos cadernos de capa amarela em cujo miolo havia escritos e desenhos sobre o átomo. Então eu chegava ao Lúcio (não sei se ele se lembra), pois não conseguia entender aquilo e pedia que me explicasse. Então, o Lúcio, sempre paciencioso, pegava uma folha seca de árvore e começava a cortar em pedacinhos até ficar com um pedacinho na mão e dizer que o átomo era a menor parte constituinte da matéria. Fácil de entender?
Peço permissão para reproduzir uma parte da passagem de Terra dos Homens (1939) de Exupéry:
“A vida nos separa dos companheiros e nos impede de pensar muito nisso. Eles estão em algum lugar, não se sabe bem onde (…).
Mas pouco a pouco descobrimos que não ouviremos nunca mais o riso claro daquele companheiro; descobrimos que aquele jardim está fechado para sempre. Então começa o nosso verdadeiro luto, que não é desesperado, mas um pouco amargo. Nada, jamais, na verdade, substituirá o companheiro perdido. Ninguém pode criar velhos companheiros. Nada vale o tesouro de tantas recordações comuns, de tantas horas más vividas juntos, de tantas reconciliações, de tantos impulsos afetivos. Não se reconstroem essas amizades. Seria inútil plantar um carvalho na esperança de ter, em breve, o abrigo de suas folhas.”
José Antonio Zago
"É boa a iniciativa de rever velhos companheiros. Faz bem para a saúde mental. Posso garantir isso!"
Ele tem autoridade de sobra para garantir isso.
Comentar as entrevistas dos "velhos companheiros" também. Pode não fazer tão bem quanto revê-los, mas que ajuda, ajuda. Isso eu, sem autoridade alguma, garanto...rsrsrs. Só não esqueça de identificar-se caso comente como anônimo.
Já estão se esgotando as entrevistas a serem publicadas. Se ainda não atendeu nosso convite para participar como entrevistado, faço-o o quanto antes. Todas as respostas recebidas até 15/dez/2010 já foram publicadas. Se você respondeu antes desta data e ainda não foi publicado, avise-me, por favor.
Até a próxima semana
J. Reinaldo Rocha(62-67)
Suas respostas estão repletas de recordações factuais, incluindo a citação dos personagens. Um deles, leitor, poderá ser você. Será? Isso você só saberá lendo-as até o final
- Quando entrou para o ex-SIC?
- De que cidade/paróquia?
- Por que entrou para o seminário?
- Quantos anos tinha quando entrou?
- Quando saiu do ex-SIC?
- Quantos anos tinha quando saiu?
- Por que saiu do seminário?
- O que aprendeu no ex-SIC?
- O que faltou aprender?
- O que fez depois que saiu? Estudou o que?
- Qual sua trajetória profissional após a saída do ex-SIC? Trabalha ainda?
- Casou? Tem filhos? Netos?
- Quais as recordações mais marcantes do tempo de ex-SIC?
Os sábados eram bons porque as aulas eram suspensas, mas havia a limpeza: lavagem, rodo, escovão, etc. Quando a gente pegava aquele imenso refeitório...
Os domingos eram legais até o final do jogo da tarde, geralmente uma das equipes do Seminário contra uma equipe de fora. Mas, depois, era uma tristeza.
A época de junho era um frio de fazer rachaduras nos lábios (como ventava no Paieiro! E aumentava muito o consumo de manteiga de cacau). Em junho havia a Festa Junina, recheada de fogos de artifícios gentilmente doados pela família do Mancini de Leme (Fogos Ypiranga). De lá do final do campo de baixo podíamos às vezes ver o Zé Marmita, lembram dele?
Refrigerante somente quando de festas dos maiores, médios e menores. Fora isso, a gente se enganava com sal de Fruta Eno porque parecia ter um gosto que lembrava vagamente o de uma sodinha.
Muito esperada era a Festa de Natal. Além dos enfeites do artista Zocchio, a festa (uma ceia permeada de músicas) era um atrativo principalmente para os menores, sem contar que no dia seguinte íamos de férias.
Tinha muitos companheiros com quem jogávamos o jogo de botões. Fazíamos campeonatos sobre uma mesa de pedra com bolinha redonda. Lembro de alguns colegas: o Passarinho, o Buffo, o Márcio, o Bélix, o Arnosti.
Todas as histórias que o Rocha narrou no espaço Ex-Sic de forma muito competente eu estava lá, já que fomos contemporâneos.
O futebol era outro ponto importante de grandes recordações. Joguei na Seleção de Médios, com Bizari, Laércio, Sales, Arnosti, Gerson (de Limeira), Buffo, Renato, Arthur, Rocha, Manoel, Caritá II, Peter, Correa, Pavan e outros. Também participei do seleto time do Corinthinha organizado pelo Paulo Afonso Proença Passarinho (falecido penso que em 1967 quando servia o BCCL quando arrebentou a sapata de um carro de combate provocando o acidente no qual perdeu a vida). Digo seleto porque o critério de escolha era pela amizade, além de saber jogar futebol, pois era e sou palmeirense. Lembro que nesse time jogava, além do Passarinho que era o dono e o ponta-esquerda do time, o Anilton Teberga, o Wiziack, o Davi, o Amstalden I, o Delgado (Piuca).
Havia um pessoal muito bom de música. O Cutuba (organista-mór), o Douglas também tocava bem piano. O Gesse era bom no violão e o conjunto musical que explodiu com a música Terezinha. Lembro que o Sawaya era o baterista e o Ditão saxofonista, além de ser o principal árbitro de nossos campeonatos internos. O Leôncio e o Caritá II certa vez formaram uma dupla. O Leôncio tinha um caderno com letras de músicas. Havia um grupo que gostava de poesia, dentre eles o Dutra e o Silvestrim. O Valim era um exímio orador da Academia T. de Aquino. O Benine, um fora de série no teatro.
- Cite um personagem com quem conviveu na época e que o impressionou positiva ou negativamente.
Certa vez fui ao oftalmologista e quem me acompanhou foi o Paulo Aurélio Venturoli.
Já na minha vida profissional pude conhecer o Faur que foi diretor da Faculdade de Psicologia de Itatiba (Franciscana). Conversávamos sobre a vida de Seminário algumas vezes, e lembro-me que com Faur foram ordenados mais 13 padres (entre eles o Padre Canoas, o Padre Tinoco, o Padre Gastão) na Catedral de Campinas pelo Dom Paulo. Fui ministro do paramento (segurava os paramentos para o arcebispo) uma época, mas não me recordo se nessa ocasião ainda ou já havia sido. Infelizmente o Faur faleceu em plenitude profissional (sem contar é claro seus predicados de pessoa humana). Também, tive convivência com o Bruno Pucci na UNIMEP e um dia eu lhe disse que ele não me era estranho. Pois bem. Bruno foi Padre Estigmatino e várias vezes foi jogar no Seminário. Nós também íamos a passeio no Seminário deles onde havia um lago e um campo de terra. Hoje o Bruno coordena o Pós-Graduação em Educação da UNIMEP.
Nós recebíamos cadernos de capa amarela em cujo miolo havia escritos e desenhos sobre o átomo. Então eu chegava ao Lúcio (não sei se ele se lembra), pois não conseguia entender aquilo e pedia que me explicasse. Então, o Lúcio, sempre paciencioso, pegava uma folha seca de árvore e começava a cortar em pedacinhos até ficar com um pedacinho na mão e dizer que o átomo era a menor parte constituinte da matéria. Fácil de entender?
- Sobrou alguma mágoa? Qual?
- Se voltasse no tempo iria novamente para o ex-SIC? Por que?
- Quais as principais mudanças que a entrada (e/ou saída) do seminário provocou em você?
- Dedica-se à Igreja Católica atualmente?
- Qual sua relação com a religião atualmente?
- Como você compara a sua religiosidade daquela época com a atual?
- Como você compara a Igreja Católica daquela época com a atual?
- O que você acha dos reencontros com os ex-colegas do ex-SIC?
- Alguma sugestão?
- Qual pergunta você gostaria de ter respondido e que não foi feita?
- Há algum outro endereço na internet que tenha mais informações sobre você? Algum "link" que você queira divulgar?
- Alguma mensagem especial aos outros ex-SIC?
Peço permissão para reproduzir uma parte da passagem de Terra dos Homens (1939) de Exupéry:
“A vida nos separa dos companheiros e nos impede de pensar muito nisso. Eles estão em algum lugar, não se sabe bem onde (…).
Mas pouco a pouco descobrimos que não ouviremos nunca mais o riso claro daquele companheiro; descobrimos que aquele jardim está fechado para sempre. Então começa o nosso verdadeiro luto, que não é desesperado, mas um pouco amargo. Nada, jamais, na verdade, substituirá o companheiro perdido. Ninguém pode criar velhos companheiros. Nada vale o tesouro de tantas recordações comuns, de tantas horas más vividas juntos, de tantas reconciliações, de tantos impulsos afetivos. Não se reconstroem essas amizades. Seria inútil plantar um carvalho na esperança de ter, em breve, o abrigo de suas folhas.”
José Antonio Zago
"É boa a iniciativa de rever velhos companheiros. Faz bem para a saúde mental. Posso garantir isso!"
Ele tem autoridade de sobra para garantir isso.
Comentar as entrevistas dos "velhos companheiros" também. Pode não fazer tão bem quanto revê-los, mas que ajuda, ajuda. Isso eu, sem autoridade alguma, garanto...rsrsrs. Só não esqueça de identificar-se caso comente como anônimo.
Já estão se esgotando as entrevistas a serem publicadas. Se ainda não atendeu nosso convite para participar como entrevistado, faço-o o quanto antes. Todas as respostas recebidas até 15/dez/2010 já foram publicadas. Se você respondeu antes desta data e ainda não foi publicado, avise-me, por favor.
Até a próxima semana
J. Reinaldo Rocha(62-67)
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