sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

VOCÊ AGUENTARIA ?












Essas são as únicas fotos que dispomos do refeitório e da cozinha.
Observem o quadro em relevo da Santa Ceia.
Nessa foto deveria ser dia de festa, com o pessoal de terno e toalhas nas mesas.
Esse fogão era a lenha que seu Fernando cortava todo dia lá atrás do campo. O vapor deveria também esquentar a água dos chuveiros em cima, mas isso nunca foi concluido.
Você aguentaria um Internato?
RECORDANDO – AS REFEIÇÕES

Nessa semana que passou eu estava conversando no telefone com o Raul da Rocha Medeiros, da turma de 1959.
Ele mora em Peruíbe e planta palmito. Outrora plantava banana.
E falamos da alimentação no SI. Muitos achavam péssima, mas é um dos assuntos que dá muita conversa.
Em 1965, ano em que cheguei, aos 12 anos de idade, as mesas eram arrumadas juntando duas, para 10 alunos.
Eu era de origem rural e a minha alimentação formal, além do arroz com feijão, era viver apanhando frutas nas árvores.
No SI havia hora para comer e não havia variedade.
A alimentação básica era o arroz com feijão, que para quem tem fome, quentinhos, a melhor comida do mundo.
Aos domingos, macarronada. Uma vez ouvi Mons.Bruno dizer que era para adicionar um pouco de outras vitaminas na alimentação.
Nunca vi lá um bife inteiro. A carne vinha cortada em pequenas tiras. Uma bandeja cheia.
Além dessa carne, que não era todo dia, muita mandioca, cará, batatinha e verduras da Helvetia.
O jantar, todo dia, começava com uma sopa.
O café da manhã tinha a particularidade de ser após a missa, todinha em jejum, cacetada...dava um nó na barriga...
Mas em 1965 cada mesa recebia um “bulão” de café com leite, já adoçados e uma pão com manteiga.
No ano seguinte foi cortada a manteiga e foi um sururu de muita gente trazendo latas de manteiga de casa que ficava naquela geladeirona na copa.
Durante o dia dois lanches: as 10:00 h, no recreio das aulas e as 15:00 h antes dos esportes. O lanche tinha duas modalidades.
Uma era o que era dado nos pátios e se resumiam a um caixote de laranja ou banana. As vezes as freiras, preparavam um pão com mortadela, mas se vc chegasse atrasado....babau...ficava sem...
O outro jeito era no refeitório. Sopa de pão no leite, cará em calda, ou uma banana nadando em um melado....
Credo! Até hoje não como banana senão ao natural e não muito madura....de resto...detesto...
Se perdesse os lanches, a alimentação ficava restrita as 7:00h manhã, 12:00h e 18:00h.
Pe. Sena, a quem me sentia ligado por ter-me batizado quando fora pároco aqui em Limeira, ao cruzar comigo dizia:
- Você é muito magrinho, precisa comer mais feijão.
Mas para variar não poderia esquecer do famoso pãozinho com leite da noite.
O Raul disse que no tempo dele já havia, mas quem ativou esse negócio foi o Pe. Faur. Ele chegou no SI em 1966, substituindo o Pe.Vanim, como Diretor de Disciplina.
Primeira mudança: esporte, dia sim, dia não. Caramba! A melhor coisa do SI....mas e os outros dias? E daí o Felício questionou no jornal O Circular: é permitido treino da seleção em dias de atividades?



Atividades. Todo mundo deveria fazer alguma coisa útil, menos esporte. E começou a inventar o que fazer.
Encadernação com a Irmã Paulina, Fabricação de Vasos com o Zani, Fábrica de Velas, não me lembro quem mexeu naquilo. Uma turma ia para a Helvetia, o João Mário dava aulas de datilografia para uma meia dúzia. O Professor Daólio, “formado em cinema no Seminário do Ipiranga”...hummmm!!! andou juntando Mostardinha, Enio e uns cupinchas,rsrsrs...que inclusive deviam buscar filmes na Escola São José e passar aos sábados pra nós. Bons Tempos!
E a turma do pão e do leite. E se falava muito da sacanagem que os caras faziam na massa do pão. Pra quem, as 21:00h estava morrendo de fome, não estava nem aí, era uma delícia....Mas o Raul agora me confirmou que realmente o pessoal mexia o leite com os braços....e....deixa pra lá. O Guerreiro, um dia fez uma aposta para ver quem bebia mais copos de leite. Beberam 10. Não me lembro do oponente senão que o Faur foi chamado quando começou a vomitar....!

Serventes: Toda semana saía a lista dos serventes da semana. Uma turma de uns 10 que devia pegar as tijelas na copa e levar para as mesas. E aturar os maiores e comilões que viviam enchendo o saco, principalmente d´agente que era menor, fazendo com que percorrêssemos as mesas atrás de sobras. Principalmente da sopa, no jantar.
O detalhe é que os serventes comiam depois e além da sua comida, ia também reservando na mesa deles o que conseguiam e se banqueteavam depois.
Serventes-extras: acho que mais uma invenção do Faur. Um grupo de menores que era escalado para ajudar a Irmã Nice, depois das refeições, para limpar as mesas. A gente perdia um tempão dos recreios e não tinha lucro nenhum.
A doçaria: em 1965 o seu Fiori, lembram-se dele, aquele senhor chato que fazia um pouco de tudo, estava terminando o piso do pátio dos menores e o barzinho. Todo azulejado de branco. Ao lado uma porta que acessava a doçaria, onde ficavam os doces guardados em um armário com cadeado. Nos recreios os “doceiros” punham tudo no barzinho: doce de abóbora, cocada, amendoim, maria-mole, paçoquinha, etc.
Engraçado, acho que a gente só escovava os dentes a noite, não é? Os dormitórios ficavam fechados até a hora dos esportes.....????
Por fim resta lembrar que os empregados tinham o seu refeitório, os professores também tinham o deles, mas ....
O mais famoso era o refeitório dos padres. Cuidado pela Irmã Antonieta, uma freira de 1,90m.
Lá havia uma famosa geladeira e uma mesa onde a coitada deixava com carinho algumas coisas para os padres!!!???
E para quem assaltasse, na calada da noite....

O SI era gostoso por causa disso: muita disciplina e uma terrível imaginação para driblá-la.
E quantas histórias... que ficam por conta dos caros amigos....

grego

sábado, 13 de dezembro de 2008

O dia que o passado invadiu meu presente





























OBS:
1) ATENÇÃO: Normalmente quem escreve neste espaço é o J. Cláudio Grego. Hoje NÃO é ele. Portanto não o culpem por nada do que está escrito abaixo. Quem está escrevendo sou eu: J. Reinaldo Rocha
2) Embora a visita tenha sido há mais de 1 mês, só agora tive tempo de registrar minha versão sobre ela.
3) A parte sobre o Pe. Sena foi escrita no dia que recebi a notícia da sua morte. Resolvi não mudar nada do que planejara escrever.

11/novembro/2008. Marcamos de nos encontrar, o Grego, Aluizio e eu, às 10h em frente a Cúria Metropolitana de Campinas.
Objetivo: Pagar a reserva da Casa de Eremon e acertar um encontro dos ex-seminaristas no antigo prédio do SIC.
Acostumado ao trânsito de S.Paulo cheguei bastante adiantado. O Grego também chegou logo. Liguei para o Aluizio e ele estava saindo de casa. Ainda dava um tempo para "darmos umas voltas" de reconhecimento do local.

As voltas foram mais de conhecimento que de reconhecimento. Estava tudo mudado. Havia uma avenida principal e 2 marginais onde antes eram apenas algumas ruas estreitas.
Opa! Alguma coisa eu reconheci. Era o prédio do colégio PIO XII. Estudei lá durante todo o ano de 1967.
A frente estava toda mudada. Em lugar dos muros, cerca. Uma portaria modernosa com catracas e tudo o mais que a segurança exige.
Mirei uma janela do andar superior. Aquela era a janela da "minha classe".

1967 - 2. clássico
Eu morava no Seminário e todos os dias vinha até aqui para estudar. Na minha classe estavam o Sibinell, o Terossi, O Márcio e um rapaz de Guaxupé que veio morar conosco porque queria ser seminarista também, mas logo "se mandou". Maldosamente suspeitamos que foi a estratégia que ele utilizou para conseguir "passar" do primeiro para o segundo clássico. Havia sido "bombado" e foi "promovido" pelo "conselho de professores".
Embora no seminário tivéssemos tido tanto matérias ligadas a "humanas" como "exatas" tivemos que "optar" pelo clássico, pois depois faríamos filosofia.
O clássico era feito predominante por mulheres: havia umas 12 mulheres e uns 7 homens. Além de nós um gorducho, "bicho grilo", cabeludo do qual não me lembro o nome e um magrelo alto de quem me lembro perfeitamente o nome: Ubiteimar (o pai dele chamava-se Ubirajara Teixeira Martins).
Das mulheres lembro de uma muito bonita(acho que a mais bonita do colégio) e delicada e outra muito feia e chata. As outras estavam na área intermediária de beleza e acessibilidade.
Já conhecíamos os professores Razera (português/literatura) e Pe. Roberto Pinarello (filosofia). Este também diretor do colégio
Nos foi dito que não iria ser alardeado, nem escondido, que éramos seminaristas. Porém, como éramos diferentes dos demais, fomos descobertos no primeiro dia. Era um colégio de elite. Nós, vindos de famílias humildes.
A diferença começava pelos uniformes. Havíamos ido todos tirar as medidas em um mesmo alfaiate, ali perto do Pio XII, que cobrava barato. Quando fomos buscar descobrimos que a economia foi na quantidade de tecido utilizada. Mal cabíamos dentro das calças cinzas!
Tivemos que optar por uma das línguas estrangeiras: Francês ou Inglês.
Escolhemos Francês. Não foi por causa da professora de francês ser uma gracinha, ter pernas bonitas e a de Inglês ser mais conservadora e mais velha (até usava uma espécie de "birote"). Foi porque os melhores livros de filosofia eram quase todos escritos na língua de Flaubert.

- Não dispenso ninguém das minhas aulas, intimou a "miss" Fobé. Com prova, nota, e tudo o mais.
E assim tivemos que frequentar as aulas de Francês e Inglês. E, para não criar confusão, ela nos fez "passar de ano" em Inglês, independentemente do que havíamos aprendido.


Continuamos andando e nos deparamos com a famosa casa experimental onde ficaram os nossos colegas que iniciaram o seminário maior. Essa experiência foi bastante comentada na tese escrita pelo Pe. Eduardo Meschiatti  (O trabalho pode ser baixado do nosso "site" : Meschiatti_JoseEduardo_Trabalhadoresdavinha). Ela continua tal como naquele tempo. Pelo menos externamente.

Era para lá que eu imaginava ir assim que terminasse o "clássico". Isso até a metade de 1967. Quando voltei das férias de julho a decisão já estava tomada. Me aguentaria até o final do ano para não perder o semestre letivo.
O problema foi ter que explicar para todo mundo o porquê.
Da mesma maneira que eu não conseguira explicar porque eu quisera "ser padre" quando entrei para o seminário, eu também não sabia dizer porque eu desistira de "ser padre".
A causa mais racional que eu consegui descobrir foi a ânsia por liberdade. Segunda-feira era o dia que os colegas relatavam tudo o que haviam feito no final de semana. Festas, namoros, ida prá cá, viagem prá lá. E eu não tinha muito o que contar. Cada passo era vigiado por alguém. Cada saída tinha que ser justificada para alguém. Como, além de "caxias", nunca fui um mentiroso competente eu nada fazia fora das regras para não ser "pego na mentira".
Não podia usar isso como justificativa. Fiz um primeiro ensaio com os colegas de seminário. Fui "massacrado" com um monte de argumentos sobre "o que é liberdade" que o meu raciocínio cartesiano não conseguia rebater.
- Preciso ajudar financeiramente meus pais.
Esse era um argumento bastante concreto. A emenda foi pior que o soneto!
- Padre também ganha dinheiro, disse-me um deles. Paguei a operação da minha mãe com o dinheiro que arrecadei celebrando missas.
Pior. Uma das "carolas" que ajudavam o meu pároco foi em casa perguntar para minha mãe se eles estavam me pressionando para deixar o seminário.
- Eu nem sei porque ele quer sair, respondeu minha mãe.
Além dela, tive que me explicar para um monte de gente: Pe. Canoas, Mons. Bruno, meu pároco, e nem me lembro para mais quem.
No final eu já não explicava mais nada prá ninguém. Tal qual na fábula do lobo e do cordeiro eu somente dizia: "eu quero e pronto".

Contornei a esquina e fui olhando os muros altos e a porta por onde entrávamos para as aulas de educação física. Acho que os muros eram mais baixos naquele tempo.
Voltei à rua da Cúria encontrei-me com o Grego e Aluizio. Graças à desenvoltura desbravadora com que o Aluizio percorreu todos os andares, conversamos com o Cônego Veríssimo que nos orientou sobre algumas providências que deveríamos tomar.

Próxima parada: Visita ao Pe. Sena.

Estava muito ansioso por revê-lo. Diferentemente de outros seminaristas eu nunca tive problemas com ele. O único incidente foi o relatado em no episódio "Scientia numerorum" (http://sites.google.com/site/exsicampinas/memórias).
Chegamos ao andar que nos indicaram e a porta era de vidro, como se fosse um escritório. Mas era lá mesmo, um apartamento residencial.
Duas senhoras nos receberam. Fomos apresentados ao Cônego Nogueira e cada um foi cumprimentar o Pe. Sena. Na minha vez peguei em sua mão:
- Aproveito esta oportunidade para agradecer porque você foi o responsável por eu ter escolhido minha profissão. Fica aqui meu "muito obrigado" e agradecimento pela grande importância que você teve na minha vida...
Ia continuar e ouvi uma das senhoras dizer:
- Não vai chorar, hein, padre.
Eu não sabia se ele estava entendendo o que eu falava. Ele me olhava de maneira quase "catatônica". Pelo sim, pelo não não falei mais nada.

As aulas de matemática (ou ciências) dadas pelo Pe. Sena eram aulas de cultura geral.
- Vamos ver agora como se consulta um dicionário. Palavra: aaaaa. Significado: bbbbb, cccc. Vejam que há um ponto e vírgula. Isso diz que a seguir há uma outra definição para a mesma palavra...
E assim ia nos ensinando a estudar. Isso foi que mais me valeu das aulas do Pe. Sena.
- Havia um filósofo chamado Diógenes, o cínico. Um dia ouviu a definição de Platão para homem: "bípede implume". Afastou-se e daí a pouco voltou com um frango depenado exclamando: "Eis o homem de Platão".
- Esse mesmo Diógenes, que morava dentro de um barril, recebeu a visita de um emissário de Alexandre Magno oferecendo-lhe o que quisesse. Diógenes olhou para o emissário e, notando que este lhe fazia sombra, disse-lhe. "Só quero que não me tires o que não me podes dar".
Realmente eu não tinha motivos para não gostar das aulas dele.
- Estou fazendo um curso no colégio São José (acho) sobre uma máquina, que está chegando ao Brasil, chamada "cérebro eletrônico". Portanto nas próximas aulas vou mostrar prá vocês o que é essa nova máquina.
E assim fui apresentado àquela máquina, cheia de válvulas, que obedecia uma série de comandos, estritamente lógicos, que a gente escrevia. Isso me fez perseguir, e exercer, a profissão numa área que hoje é conhecida pelo nome genérico de "Informática".
A cada aula que freqüentava no colégio ele nos repassava o que aprendera.

Fomos "filar a bóia" na casa do Aluízio e visitar o prédio onde morei/estudei por 6 anos (1962-1967). Lá nos encontramos com Wiziack, JNivaldo Amstalden, Mário Rosa e Marconcini.
Entramos na capela. Quase nada havia mudado. Os bancos, assim como os vitrais, eram os mesmos. O altar idem. Os lustres haviam sido retirados e vários ventiladores espalhados pelas paredes. Acho que é consequência do "aquecimento global"! Tínhamos que frequentar o local sempre com blusa de manga comprida e não me lembro de era tão quente assim.
Através da janela lateral observei o jardim central que era ladeado pelo refeitório e ala dos padres. Praticamente igual.
Andei por toda a capela e, pela primeira vez na vida, atravessei a porta que liga a sacristia à ala que era das freiras. Saímos do prédio pela parte traseira e fomos em direção ao "campo de baixo".
O que encontramos foi um monte de salas da faculdade ali instalada. O Wiziack e Amstalden não perguntaram nada prá ninguém, entraram pelo corredor que ficava ao lado da lavanderia e foram em frente. A turma que vinha atrás foi consultar o guarda da faculdade e... impedida de entrar.
Só nos restou voltar e tentar entrar na faculdade de maneira ortodoxa. Isto é, pela portaria.
Vimos o Wiziack e o Amstalden saindo, mas, por alguma burocracia de "repartição pública" não conseguimos entrar por onde eles saíram.
Sem pré-agendamento ou autorização de alguém, inacessível no momento, nada feito.
Restou-nos ver o auditório através da janela aberta. Exceto as quatro paredes e janelas, o resto está tudo diferente. As cadeiras, e não poltronas, de assento cor azul. O palco foi rebaixado. Os corredores laterais ao palco retirados.
Demos a volta para entrar na Casa de Eremon e, de quebra, conseguimos visitar o seminário propedêutico. Neste seminário estão sendo formados os futuros padres. Eles terminam o ensino médio nas suas respectivas localidades e ali ficam internados e sendo preparados para os estudos superiores.
Esta, além da capela, é a parte que está mais preservada. Fica na ala onde havia a barbearia, dentista, capelinha (em baixo) e sala de aulas/biblioteca (em cima).
A sala superior ao fundo, onde aconteceram os episódios "Um quase incêndio" e "Canais abertos" (http://sites.google.com/site/exsicampinas/memórias) está bastante parecida com o que foi. Há muita coisa amontoada, algumas divisórias de madeira, e, aparentemente, sem uso. Procurei, mas não encontrei as marcas deixadas, nos tacos, pelo fogo da pólvora.
Conversamos com 2 dos seminaristas. Eles nos acompanharam mostrando todo o ambiente e pudemos comparar os tempos atuais com o "nosso tempo".
Finalmente um "cafezinho" com os seminaristas, fotos de lembranças e despedidas.
Como o Marconcini ia até o Carrefour que fica entre Campinas e Valinhos, segui-o para saber como alcançar o Rodoanel Magalhães Teixeira.
Foi como se passasse por ali pela primeira vez na vida. Assim, meu passado foi embora e só me restou o presente novamente.

J.Reinaldo Rocha

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

RUMO A 28 de MARÇO - 1a.Parte























O






Essa é a Capela em que estaremos dia 28/03/09
Ainda conserva os magníficos vitrais coloridos, o mesmo piso e os mesmos bancos, inclusive com aquele suporte onde deixávamos os livros.

Dia 28 de março de 2009 será um dia muito especial.
Depois de 1973 essa será a primeira vez que vamos reconstituir aquelas nossas longas jornadas diárias na vida de internos como seminaristas.
Apesar do ambiente estar descaracterizado, os lugares continuam os mesmos e a sensação de estar de volta foi algo muito interessante, como comprovamos na visita que fizemos há trés semanas passadas.
Os amigos vão reconhecer muitos detalhes que ainda estão lá e o próprio ambiente mantém algo de misterioso no ar.
Durante alguns anos o prédio esteve meio deteriorado e era temerário prá nós revermos aquilo no estado em que estava. Mas agora, está tudo muito bem cuidado. A sensação é mais ou menos como rever um carro de 1959 jogado no ferro velho e um remodelado como jóia rara.
Tenho certeza que quem se dispuser a comparecer e nos prestigiar na idéia desse encontro vai se emocionar bastante, no bom sentido. Penso que vale a pena tirarmos um dia na nossa vida para revermos as raizes, in loco, e o caminho percorrido.
Vamos tentar reunir nesse dia uma turma bem vasta, desde os padres que conviveram conosco, os que como nós se tornaram ex e também nossas famílias.
E vamos começar pela manhã com uma missa especial. Esse especial estamos trabalhando. Estamos nos espelhando no folheto do pessoal do Ipiranga que já estão no 15 encontro. Alguns sugerem que tudo seja feito em latim, quando alguns preferem um mixto. Para tornar então algo especial vamos puxar para o estilo Gregoriano. Já temos um contato com um dos nossos antigos amigos que era puxador de hinos da turma de 1963, hoje é maestro e tem um coral. Vamos convidar antecipadamente alguns para comentaristas e leitores. Os comentários serão alusivos à história do EX-SIC. Nessa empreitada já tivemos o apoio do Cgo.Veríssimo, do Cgo. LC Magalhães, do Pe. B. Ferraro, do Cgo. Luis... o apoio do Pe. Geraldo, da paróquia Cura D´Ars, do Jamil Sawaya, diácono permanente, etc. Ainda faltam alguns figurões, mas chegaremos lá...
Por fim, especialmente em meu nome, gostaria de voltar no tempo e apelar para os nossos sentimentos de irmãos que fomos e se ainda guardam um pouco do mesmo sentido, façam um esforcinho de priorizar essa data e mais, que compareçam para a missa. Sei que muitos, talvez a maioria está afastada, mas não faz mal. Um lugarzinho ficará vazio sem sua presença, se não naquele mesmo banco, pelo menos nos corações dos amigos... Penso que será uma oportunidade única, mesmo que isso aconteça outras vezes, essa primeira será muito mais que simples emoção, oração, religião... será o encontro com o eterno... o eterno prazer de viver....
abç a todos
grego

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Chiavegato...sim...Senhor!

Em DIÁLOGO, em que você conta a visita ao ex-SIC, você fala da casa chamada EREMON, desconhecendo o seu sentido. Simples, vem do grego, sua lingua materna, erhmos que significa deserto. Desde o Antigo Testamento, era o deserto tido como lugar privilegiado de oração e de encontro com Deus. O despojamento exterior do deserto leva a pessoa a se esvaziar de si, encontrar-se consigo e com Deus. Eremitas vem daí e em português temos ermo. Despojamento, solidão, silêncio, tudo o que caracteriza uma casa de retiros.

Um abraço,
Chiavegato
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Grego,
respondendo ao seu e-mail, quem organiza nossos encontros, sem agenda estabelecida, é o Mário Faria. Não há encontro em perspectiva, por agora. O último foi no meu sítio, mulheres incluídas. Fique tranqüilo, qualquer coisa, você será convidado. Nossa turma é bem mais velha que a de vocês, embora uns dos nossos estejam comparecendo, como Vanin e Arlindo. Nossa turma vai de 46-47-48- até 54, tempo em que o Seminário era de Nossa Senhora Aparecida. Seminário Novo, nós o vimos ser construído, tijolo a tijolo, sob nossos protestos, uma vez que, conduzidos por Padre Matheus, éramos obrigados a sacrificar futebol e piscina por um passeiozinho até o seminário em construção. Como Moisés, conduzimos o povo e vimos ao longe a Terra Prometida, sem nela nunca entrar. Você teve outra sorte, mas a nossa, por nada deste mundo a troco, porque foi a minha e muito legal
Um grande abraço,Chiavegato
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Grego,
para a história.

Estudei nos anos de 48 e 49 no Seminário Menor Nossa Senhora Aparecida. Avenida Saudade. Prédio construído por Dom Barreto, antes de 1941, ano em que o mesmo morreu. Foi o primeiro seminário construído em Campinas. Antes, Dom Nery mantinha o seminário onde era seu Palácio, no Largo do Pará. Não sei se o prédio ainda está lá.

de 50 a 54 estudei no Bosque, junto ao Colégio Diocesano, hoje Pio XII. O seminário continuou a se chamar NOSSA SENHORA APARECIDA.

Nessa época, até 54, construiu-se o Seminário da Imaculada. Segui tijolo a tijolo de sua construção. O terreno foi doado pela família de minha professora no 4o. ano primário, Zoé de Campos Valente.

Minha turma de 1948, 54 alunos. Alguns: Magalhães, Ambiel, Arley Zaratini, Laerte Macedo, Mário Faria, Antonio Carlos Nogueira de Souza etc...

Só, por ora.
Grande abraço,
Chiavegato
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O PAPA E EU

a. j. chiavegato


Eram tempos de entusiasmos de uma teologia adolescente em portas de Concílio, ele, meu amigo, Ratzinger, o perito. Eu acompanhava Dom Paulo, arcebispo de Campinas, em idas e vindas conciliares, eu perito? Não, carregador de pasta, nomeado por sumiço do secretário em gozos turísticos. Praça de São Pedro, as gentes-formigas, a missa de abertura, padres e bispos a dar com pau, Vem, Espírito Santo, dá um jeito! – rezava-se e os encontros na Domus Mariae onde se reciclavam os bispos, uns ainda em poeiras tridentinas. Por lá estivemos, meu amigo Ratzinger, bom teólogo, mas ainda sem as oportunas famas.

Pelos anos 1959-61, de novo juntos. Ele, professor de teologia em Bonn e eu em passeios. Bonn não era grande, o que tornava possível tê-lo encontrado em livraria, Grüss Gott, Vater!, em igreja, onde concertos se davam, não perdia um, em sendo de graça, ou em fundos de igrejas onde rezava, sendo de boas piedades naquele tempo. Ou, quem sabe, em missa que celebrasse, eu assistindo? Ou, na feira, no centro, ao lado da igreja? Um dia, ao portal da Universidade, um atropelamento. Cruzes, subiu dois metros acima e estatelou-se, ao chão dando as costas e virando alma. Vi o ajuntamento do povo. Não era padre ainda, não cuidando de extremas-unções, ali jazente o morto e as muitas piedades, coitado! em caras alemãs, que coisa! – dizendo uns, era jovem, fosse casado, pai?, não se sabia, em estáveis silêncios o que ali estava e já se tendo ido pro lado de horizontes cinzas e frios. Não sei se à vítima acudiu meu amigo Ratzinger em serviços sacerdotais, animando-o nas últimas viagens. Se com ele me encontrar, vou disso lhe falar. Se por la estava, vai se lembrar, ah vai! que coração de homem não esquece morte que pelos caminhos da vida encontrou. De todas me lembro. A primeira, de meu avô. Tinha sete anos. Dela guardo dia, hora e outras circunstâncias, meu avô ali, o imóvel, mãos uma sobre outra, de que cuidara minha mãe detestando defunto de mãos postas, fosse rezar. Nada de terço – dizia. O inútil enfeite! – essa, minha mãe, as sábias inflexibilidades. Outra morte, pouco após logo se deu, acompanhando o vigário em bênção de defunto, eu carregando livro e água benta. À sala, o morto, solene e enorme em caixão preto de franjas douradas, em cima de mesa, em alturas a dele não se ver mais que mãos, as enormes mãos, amarelas feito cera, entrelaçadas em orações vespertinas, fosse ainda manhã. E assim, de morte em morte, acostumei-me às tristes horas. Cumpre-me aqui registrar uma, acontecida nessa época de que estou falando, eu já padre, coadjutor em paróquia de Colônia. Toda tarde ia entreter velhos com presença e canções, eles lá em papos, chá e bolachas, lembrando os passados tempos e os a vir, os de curtos futuros. Lá conheci um velho que dias depois teve um ataque cardíaco. Em não existindo ainda UTI, era ficar em casa e em cama, encolhidinho, rezando para distrair a pressa de Deus. Nessa hora das difíceis esperanças, foram-me chamar. Que levasse violão – o dele pedido, os santos óleos e a comunhão. Fui, caia neve em grandes silêncios, eu mais violão em ombro pendurado, a hóstia contra o peito e os óleos. Confessou os nenhuns pecados, comungou, ungi-lhe mãos e pés para a caminhada. Peguei o violão e cantei. Ele sorria translúcido. Na manhã do dia seguinte, fui ao enterro do meu amigo, ex-funcionário da companhia de transportes de Colônia. O coral dos funcionários dele se despedia, “Ich hatte einen Kamerade” – a canção que cantavam, a história de dois companheiros na guerra. Veio uma bala e levou um, e chorava o que ficou, como se a mim também me tivesse levado. O papa conhece essa canção e já a cantou. Em cemitério, em enterro de amigo, todo mundo vestindo preto, o dia escuro e a neve caindo, deve ter chorado que a cara de vovó dele só autoriza ternuras. Juro, que se encontrá-lo, pego o violão e vamos cantar, não a morte, mas a vida que levamos em Bonn, o papa e eu, os caminhos cruzados sem encontro. Longes tempos! Ele ainda não era conhecido. Eu já era desconhecido. Grüss Gott, Vater!
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domingo, 23 de novembro de 2008

EXCLUÍDOS

Finalizamos o artigo passado com essa expressão muito usada hoje pela Igreja. É um tema atual e eu perguntava: excluído de quê? e quem são eles?
Negros, índios, latinos, etc... mas podemos jogar tudo em um pacote só e embrulhar com o têrmo "pobres", porque se você tem dinheiro, com certeza você não será excluído de nada e até admirado. Então o que motiva a exclusão? A famosa "verba"?
Foi assim que a Igreja(?) apareceu com a tal Teologia da Libertação e Campanhas de fraternidade, documentos daqui e dali...

Mas vejam como tudo era certinho... e a Igreja de nossos tempos de coroinha nos ensinava a tratar esse problema com "As obras de misericórdia". Qual católico ainda sabe dizer quais são? É blá, blá prá lá e blá, blá prá cá quando só seria necessário se praticar o catecismo:
Corporais:
1- Dar de comer a quem tem fome.
2. Dar de beber a quem tem sede.
3. Vestir os nus.
4. Dar pousadas aos peregrinos.
5. Visitar os enfêrmos e encarcerados.
6. Remir os cativos.
7. Enterrar os mortos.

Espirituais:
1- Dar bom conselho.
2- Ensinar os ignorantes.
3- Castigar os que erram.
4- Consolar os aflitos.
5- Perdoar as injúrias.
6- Sofrer com paciência as fraquezas do próximo.
7. Rogar a Deus pelos vivos e mortos.

A Igreja devia, antes de ficar inventando frases de efeitos, lançar cada ano, a revisão de uma dessas suas próprias regras, que seus fiéis já esqueceram.

Então me pergunto: quando lançam no ar a expressão "excluído" é responsabilidade de quem incluir, quem em quê?
No fundo quem lança isso está acusando autoridades, governamentais e religiosas, pela falta de escola, pela não distribuição de renda, pela falta de assistência em geral.
Mas essas obras de misericórdia não foram feitas para serem regras de governo e sim para comportamento pessoal. Sendo o fulano um Presidente ou um desempregado, está intimamente ligado a essas regras de boa convivência. Hoje isso é muito referido com o têrmo "Ética", ou seja, a tendência do ser humano em praticar o bem e Moral, o ato de praticá-las.
Por outro lado, seria muito ingênuo da minha parte achar que as coisas são tão simples. Basta pegar um livro de História Universal e ir foleando de século a século e vamos notar as profundas transformações no modo de vida e no modo de pensar e agir. Mas uma coisa você pode notar: em todos os tempos sempre houve o Rico e o Pobre, quem Manda e quem Obedece. E tudo isso está ligado ao primeiro pecado do Homem, ao não resistir à tentação: a cobiça e a ganância.
Ichi....isso vai longe...não cabe mais aqui....
Pratiquemos então as obras de misericórdia e haverá um excluído a menos no mundo...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

FRACASSO?

Para não ficarmos aqui desenterrando defunto e também o que passou...passou, vamos dar a última pincelada na Tese do Pe. Mesquiatti, que por sinal é muito reveladora. Porém há algumas coisas que naturalmente, quando passam para a História, perdem certos pormenores e sentido.
Falamos anteriormente no Buraco Negro em que se tornou o nosso SIC enquanto fora tentavam outro modelo de formação de padres. E a primeira experiência foi a "casa do Bosque" ou do Pio XII. Ali, alojaram-se em 1967 a última turma que fez o Colegial completo no SIC. Não vamos aqui descrever o que aconteceu por lá, mas se vocês lerem a Tese do Pe. Meschiatti verão como foi interessante. Eu, na época tinha 14 anos de idade e cheguei a ir lá várias vezes, porque levávamos almoço e jantar para eles, do SIC. Também fiz serviço de datilografia lá mesmo e ouvia um pouco do que imaginava que me esperava no futuro.
Então, aquela experiência, que seguia as novas orientações do Concílio e apertada pela não aceitação mais de seminaristas de outras cidades no Ipiranga, foi uma espécie de solução na qual nem o Bispo D.Paulo, acreditava. Como diz na tese: ele parava o carro diante da casa e não entrava. Lendo tudo isso hoje a gente nota que algo ???? bailava no ar. Dom Paulo havia apostado tudo no Seminário Menor mas parece que se esqueceu do Maior.... Se eu fosse ele, então, teria colocado Filosofia e Teologia lá no SIC mesmo e tudo teria tomado outro caminho. Será?
Com certeza os amigos que viveram a " casa do fracasso", em têrmos de vocação sacerdotal, não deve gostar da minha sugetão. Eram jovens e o mundo estava sofrendo uma das maiores transformações no começo dos anos 60 e eles estavam radiando uma aura fleumática, juvenil e corajosa por uma briguinha.
Enfim, a casa se desviou para a "rua", se meteu em política, tanto estudantil como governamental e se misturou "ao povo", digamos assim. Essa era a mensagem que muitos Bispos entenderam no Concílio e entraram em choque por aqui, para por em prática. E sobrou para os jovens como o Sérgio Cardoso, a quem se referem como "o intelectual", o Gabriel é referido como "o fiel da balança", Bruno Nardini, sobrinho do Mons., industrial; Antoniazzi, filho de políticos influentes; Venturoli, família dona de madeireira.... Essas referências me deixam a pensar o quanto teriam pesado na mudança de destino dos seminaristas maiores. Hoje, parece uma confusão enorme, e se voce ler a tese verá quantos conflitos entre os próprios padres e o Bispo. Por isso não dá para dizer que a casa foi um fracasso.
O que a gente nota analisando tudo dos dias de hoje e que não vi em nenhuma tese ainda é o âmago da coisa, como costumo dizer, o espírito da coisa: ser padre.
O que teria mudado em ser padre e que não se conseguia mais achar um caminho para sua formação? Isso é que é preciso se analisar e se tudo mais ficou na História, isso não; está presente hoje e com muitos problemas.
Na tese o Pe. Meschiatti aborda dois tipos de Seminários: o tridentino, modelo estipulado pelo Concílio de Trento, em 1563 e que veio falecer bem aos nossos pés, no Concílio Vaticano II, que não deixou claro como seria o novo modêlo, mas recomendava que se fizesse de forma aberta. Mas e a figura do padre?
Isso também é histórico e vai longe e vamos ter que passar por cima de muita coisa e eu vou então fazer isso em forma de recordações:
A figura do padre até o começo dos anos 60 era de verdadeira autoridade. Era comum ouvir em discursos e lá estava no palanque um padre ou Bispo, o têrmo "autoridade eclesiástica". Também, fora os católicos só haviam os "crentes" ou protestantes, que não faziam muita questão de aparecerem. Hoje há uma enxurrada de religiosos, até coisas estranhas dentro da própria Igreja Católica.
Mas a noção que a gente tinha do padre é que era um ser super estudado, de grande cultura, de grande poder de oratória, solucionador de problemas, líder da comunidade, etc, etc. Era comum que se chamasse o padre para um doente até mesmo antes que o médico. E para isso os padres daqueles tempos, APESAR DE TEREM SIDO ENCLAUSURADOS EM SEMINÁRIOS, davam bem conta do recado. Vejam as biografias dos padres no site da Arquidiocese de Campinas e verão os fatos. Havia muitos desvios pessoais mas para isso deve-se levar em conta o lado "humano" do padre. Mas não vi nenhum que ficou abobalhado ou alienado e não pudesse cumprir suas missões dentro da paróquia. Isso porque havia após o Seminário mais uma etapa, aliás dentro do planejamento da ordenação, que era a de Vigário Coadjutor. Era o tempo em que o recém-ordenado vivia ao lado do Pároco e se integrava na comunidade. Estava tudo certinho.... mas....
Os anos 60 trouxeram uma mudança de espírito. Falo disso mais longamente no meu livro com exemplos do que aconteceu dentro do SIC. A mudança estava no espírito. Mosenhor Bruno diria: "espírito de porco"...rsrsr...rsrsr... Ela veio avassaladora: calça justa, cabelos cumpridos, sons estridentes, superficialidade das idéias, tecnologia nova de comunicação, etc, etc. Ou o caminho dos intelectuais, em minoria, mas que fugia totalmente ao cunho religioso, que era a bossa nova. Candura, melancolia, sol e mar e um amor imaginário. Não batia também com seminarista. Mas era a atração que estava nas ruas naquele momento e justamente no momento em que resolveram lançar o aprendizado religioso no meio de toda essa profanalidade. Parece que foi até um desespero da Igreja, pensando: ou se faz isso ou vamos perder a autoridade. De certa forma estavam certos e apesar da experiência da casa não ter vingado também não foi possível retroceder para dentro do modelo tridentino. O sistema educacional do país aboliu o curso ginasial e as crianças deviam ir até a 8a. série para completar o 1o. grau. De repente ficou inviável mandar meninos de 11/12 anos para o internato. Mas estamos fugindo da figura do padre. Eu falava de espírito e é por aí. O padre que antes levava conforto espiritual para os problemas materias, de repente passou a tentar resolver os próprios problemas materiais através da própria materialidade. É por isso que não entendo quando se fala demais em "excluídos". Excluídos de quê? Da materialidade? O ser é excluído de ter os bens mais modernos, de ter acesso às coisas do mundo? Então mudou a Teologia também (acho que aqui os Teólogos vão explicar o que mudou...). Antigamente todo ser humano era orientado para a salvação de sua alma e toda a recompensa de seus sacrifícios terrenos teria a recompensa final de "ir para o céu", para o descanso ao lado de Deus. Nossa! fui longe...rssrs... mas era isso mesmo. Mas não se ouve mais padre algum fazer referências a "ir para o céu" ou conformar-se com os sacrifícios. A ordem é brigar por aqui mesmo e já, ou seja, ser incluído na "felicidade terrena". Aliás essa é bíblia dos "novos cristãos", chamados de evangélicos.
Então, há uma incongruência entre ser padre tridentino e ser padre de "inclusão". O problema é a perda da identidade, no sentido de autoridade respeitada. Não que não se respeite o padre, mas ele não tem mais peso. Está perdido nesse novo negócio de pastorais, que veio substituir também as congregações, que tinham regras específicas na vida da paróquia.
Se você teve paciência de ler até aqui, não vou abusar mais... tanto porque "Inês é morta"....de onde será, teria surgido esse dito popular? Se escrevi alguma besteira me desculpem, foi ao meu modo de ver... a verdade?.... a verdade será nossa eterna busca....Se alguém quiser expressar a sua é só teclar o Comentários abaixo e será bem vindo.
E vamos na próxima a fatos que mais nos tocaram.









terça-feira, 18 de novembro de 2008

O PRINCIPIO




A história do Seminário Menor em Campinas-SP é muito interessante e pode ser encontrada em Teses de Doutorado (conheço duas). A mais nova e completa, do Pe. José Eduardo Meschiatti, que tem o link no nosso site. Lá o Pe.Eduardo conta a história dos outros locais até chegar no último.
Agora, o Chiavegato nos brinda com algumas fotos do tempo de construção. Essas fotos são de 14/06/1953. Segundo ele, eles iam visitar e até trabalhar na construção desse sonho realizado de Dom Paulo de Tarso Campos. As demais fotos vocês podem ver no álbum, que pode ser acessado pelo site.
Na tese do Pe.Meschiatti existe o projeto, a planta e o arquiteto e é a comprovação do que sempre escrevi por aqui, o esmero no detalhamento dos locais e coisas necessárias para o internato. Penso que hoje seria impossível construir algo como aquele prédio todo. As próprias igrejas, hoje construidas, são em forma de barracão, sem qualquer estilo arquitetônico.
Por outro lado, sei de amigos que não dão a mínima para esse lado da casa. E na verdade o importante era ser o abrigo de vidas em movimentos. Ao ler os regulamentos do Seminário Menor, nos anos 10,20,30 e 40 pode-se notar a rigidez de disciplina. Mesmo vivendo 10 anos interno não consigo me imaginar sob aquele jugo tão severo. Mas dava resultados e eles ainda podem ser notados nesses amigos mais velhos, muitos ex-padres; o grau de conhecimento, de oratória, das línguas... mas infelizmente são os últimos baluartes de uma boa educação. E tudo o que é bom é difícil; mas já entramos na era das facilidades quando "ter" é mais reconhecido do que "ser".
Para quem se interessar, no site da arquidiocese de campinas estão as histórias das épocas de cada Bispo. Ao passar de um para outro você vai viajando pelo tempo. Os Bispos se envolviam totalmente na vida da cidade, construiam casas, igrejas, colégios, hospitais e agiam na vida social rivalizando com as autoridades. Muitos problemas, como epidemias, revoluções e crises na sociedade eram enfrentadas pelo Bispado. E para apimentar até perseguições e brigas com autoridades e coronéis.
Para terminar, hoje, ao comentar com um amigo sobre essas coisas, ele que não é desse ramo, me perguntou meio enjoado: porque você anda atrás disso? gasta dinheiro e tempo com isso?

domingo, 16 de novembro de 2008

O BURACO NEGRO




O assunto aqui ainda gira em torno da visita que fizemos aos EX-SIC.

Coloquei essa foto ao lado para ilustrar o título porque cai muito bem. Os amigos que bem conheceram o Seminário podem reconhecer que essa quadra de futebol de salão, na verdade, era aquela que era a quadra de vôley, perto da entrada para as freiras. Observem no fundo o pátio dos menores fechado bem como na lateral o pátio dos médios. Enfim, esse foi o ano de 1969 quando o Seminário foi cortado ao meio, mas o Buraco negro já havia começado. Na foto, eu e o Tio, já em época de solidão.
Mas gostaria de chamar a atenção dos amigos para a tese do Pe. José Eduardo Meschiatti, pela Unicamp ( o link está na página inicial do nosso site). Contando a interessante história da origem dos Seminários Tridentinos ele entra na história dos seminários em Campinas. O nosso foi o último e por ironia do destino, o mais bem planejado e construído mas já era final de uma era e ele não chegou aos vinte anos. Como sempre dizemos e ele também na tese, se D. Paulo de Tarso Campos visse hoje, com certeza haveria de chorar, não só pelo Seminário mas pelos rumos que tomaram a Educação Religiosa.
O que me chamou a atenção e chamei de "buraco negro" é algo que a gente sempre nota. Quase todos omitem a sua história curricular passada no Seminário. Logo se começa pela faculdade. Outro dia vi na tv o Pe. Magalhães que ao descrever sua vida logo foi direto para a Filosofia. Oras bolas, a adolescência e princípio da juventude, são 10 anos mais incríveis da vida de um ser humano e ele omite.... Na tese também o Pe. Eduardo descreve a vida interna do Seminário nos tempos dos outros seminários e ressaltando os ítens que realmente eram muito curiosos e até extravagante, na vida interna. Mas no nosso SIC isso tudo já estava amenizado e por um breve tempo chegou a um ponto "ideal", entre a dureza e a moleza. Mas ele não aborda isso. Pulou logo para a história daquela "casa de formação", a primeira experiência fóra do Seminário. E dali, invitavelmente, minucia os fatos que lançaram os "seminaristas" pelas ruas afora.... É bom dizer que está na tese nomes da turma, inclusive dopoimentos deles. São: o Sérgio Cardoso (nosso querido Bolinha), Antoniazzi (Boi), Gabriel (Bié), Venturoli (Patinhas). Entraram no SI em 1959 no admissão ou em 1960 na 1a.série.
Mas o que aconteceu com o SIC entre 1967, início das mudanças e 1973, quando foi totalmente desativado?
Esse foi um buraco negro que ninguém conta. Mas eu escrevi um "livro" a esse respeito, tipo romance histórico. Primeiramente, o que as pessoas que passavam diante daqueles quatro enormes muros imaginavam sobre a vida que havia lá dentro. Depois, a vida da comunidade e como ela era o sustentáculo de cada um. Como era passar dias e noites, meses e anos cuidando de si próprio. Das micoses (rsrsr...) até as epidemias... Da saudade e da renúncia e do apoio que cada um encontrava nos amigos. Mas foi então que entramos nessa era pós-concílio que desmontava os Seminários. Em 1967 começou o sistema de semi-internato, e perdíamos os amigos nas atividades da noite e nos fins de semana. Acabou-se o Colegial e com ele toda aquela vida rica na convivência com os ilustres mestres. Em seguida metade do prédio foi cedido para o Cursilho. Aos domingos abriam-se os portões dos fundos e o bairro inteiro invadia os campos. O Sebastião Piacente, liderava a Paróquia e organizava campeonatos, a comunidade do bairro passou a usar o auditório, etc... E nós ? Apostolado! A maioria desaparecia ou ia para casa sob o pretexto de apostolado. E o pior então, o colégio Pio XII. De repente, dar de cara com tantas formosuras, na flor da idade, em tempos de efervescências juvenis, foi demais... justamente para quem aquilo tinha que renunciar. Era no mínimo contraditório. Mas quem ligava? O pretexto vinha sob o tema "Integrar-se ao mundo". E se em regime de internato era difícil chegar ao fim, imaginem quando a porta se abriu. Passou boi, passou boiada. Foi uma farra. Todos gostaram e até foi um tempo legal, mas na hora de tomar um rumo, o rumo já estava traçado: adeus. Foram 7 anos de desmonte do SIC, que representaram o período negro. A comunidade era fictícia, não se organizava nada, apenas as classes que restaram promoviam algumas coisas em comum. Até a missa não era mais obrigatória. O nosso maior ponto de encontro passou a ser a sala de recreios que se instalou no estudão de baixo. Com tv, uma vitrolona, alguns jogos, uma pequena biblioteca de seleções, acho que a mesa de bilhar e mais nada. Os esportes eram apenas brincadeiras e resumindo, o SIC passou a ser mais uma pensão.
Esperava-se que o tempo passasse e cada um tomasse seu rumo. Alguns que insistiram em continuar mesclaram-se com a Nata que vinha chegando. Eram jovens que já vinham com 1o. grau, cheios de experiências e eram tratados como o futuro da Igreja. De repente nós, antigos, parecemos descartáveis, como se algo faltasse em nós ou se carregássemos algum estigma do passado. Não estou dizendo isso como crítica aos amigos dos novos tempos, porque se tornaram nossos grandes amigos, mas trata-se de uma análise histórica. Também isso já é passado e não cabe mais nenhuma crítica ou qualquer forma de julgamento. São apenas lembranças que espero que ninguém se magoe com isso. Os tempo passa e a vida e a civilização são mutáveis e a gente precisa saber ir absorvendo os que vem atrás da gente. O choque de gerações sempre traz revisão de valores e para quem já tem experiências é possível notar se erros estão sendo repetidos ou se realmente são novos valores colaboram para a evolução ou a degradação do sistema que nos sustenta.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Vestígios do Tempo










Na nossa visita ao EX-SIC, pudemos visitar a parte que hoje é o Seminário Propedêutico, que hoje conta com 5 seminaristas. Esse propedêutico é uma preparação para entrar para o Seminário de Filosofia pois não existe mais o Seminário Menor.
Ele está situado na ala que em 1969 foi cedida para os Cursilhos, ou seja, as salas do corredor de cima e de baixo, as quadras de fut-sal, os pátios de menores e maiores e a avenida de entrada.
Bem, mas vejam as fotos, a primeira a esquerda, a sala de aula, no corredor de cima, o Pe. Canoas entrando e atrás dele a porta da Biblioteca. Na foto ao lado, atualmente. Desde que ergueram aqueles tres "muros de berlim" em 1969, nunca mais entrei para aqueles lados. Agora, 39 anos após, foi emocionante entrar lá e constatar que a semelhança continua. A mesma porta da biblioteca, em duas folhas. Por três anos eu cuidei dela, como bibliotecário, tinha uma chave para fechá-la nos horários de arrumação e limpeza. O piso ainda é o mesmo e ao vê-lo, brilhando me lembrei dos sábados de limpeza que se encerava e depois passava aquela enceradeira enorme e tudo ficava brilhando. Esse corredor saia para o hall de cima, em frente ao quarto do ministro de disciplina e em seguida o estudão. A direita, os dormitórios e a escada para o hall de baixo.
Nas duas fotos a direita, uma classe de aula, no corredor de baixo, ontem e hoje. A lousa ainda é a mesma, a porta também, inclusive com aquela etiqueta que indicava o nome da série. Na foto a turma de 59/60. Em 1968, minha classe fez aí a 4a. série ginasial.
Interessante é que sempre comentávamos que deveria ser triste voltar lá, mas acho que imaginávamos tudo abandonado, desleixado. Mas ao ver como está bem cuidado, a modificação da finalidade das salas não descaracteriza as lembranças. É uma situação e emoção muito prazeirosa que recomendo a todos vocês. No dia 28/03/09, talvez consigamos entrar lá para uma visita e vocês verão que a sensação é bem gostosa.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Visita ao EX-SIC

Combinado com o Aluizio e o Rocha, 9:30 da manhã chegamos a Curia em Campinas.
Encontramos lá o Cônego Veríssimo Sibinelli (Cibinel), nosso comparsa em nosso empreendimento.
Deixamos com ele a contribuição para garantir a data de 28/03/09, na casa de Eremon, para o encontro.

Como é estranho voltar a lugares que deixamos há muitos anos. Apesar de tudo estar mudado, a mente não acompanha e a gente fica enxergando as coisas como eram. Passamos em frente ao colégio Pio XII, que no lugar daquele portãozinho por onde fugíamos, hoje há uma portaria com guarda e a carteirinha, disseram que é um cartão magnético....rsrsrs...

Em seguida fomos ao prédio na R.Regente Feijó, na altura do largo do Pará, onde há 40 anos mora o Pe. Sena.
Eu estava meio nervoso com a expectativa de revê-lo após 36 anos. Tinha na cabeça aquela figura de homem forte, ereto, altivo, fala mansa, olhar inteligente... Cuida dele uma jovem senhora e uma auxiliar. Uma grande porta de vidro, no segundo andar, dá entrada a um living e a porta para o apartamento. Uma grande sala tendo a esquerda da entrada um meio balcão em alvenaria separando a pequena cozinha (apenas com geladeira, fogão e uma pequena mesa) da sala de estar com um sofá e tv. E junto a janela de vidro uma mesa de 6 lugares e lá estava ele sentado. Naquele momento havia um padre também fazendo visita. A mulher que cuida dele deixa a gente bem a vontade, passa prá gente que ele é brincalhão com ela e com um nenê, filho dela que fica lá. Disse que levam-no a passeio no jardim, na catedral, na curia...
A primeira visão pôs toda aquela imagem por terra. Bem magro, pouco resta da feição e do cabelo escovinha, mas não é trêmulo. Ao ser apresentado pela mulher ele me estendeu lentamente a mão com a palma virada para baixo e me olhou e eu senti um olhar de indiferença. Uso essa palavra na esperança de não aceitar que ele não me reconheceu, mas acho que não reconheceu mesmo. Não pelo tempo, porque trabalhei com ele na Curia, mas pelo mal de alzeimher. É a primeira vez que olho nos olhos de um sofredor desse mal e é impressionante sentir que a pessoa não sente nada... Dizem que sente... mas pela frieza do olhar penso que não. Ele não falou uma palavra o tempo todo e sempre é tratado pela senhora e por todos como se estivessem falando com uma criança. Alguns leves movimentos de cabeça deixam transparecer se quer ou não algo.
E no fim saimos de lá levando aquele enigma do tempo.... com uma sensação de impotência... Apesar de termos desistido de pedir para que ele seja levado na nossa missa, a senhora encarou naturalmente e disse que dependendo do dia, ela sabe se entender com ele, é bem possível que ela o leve.... veremos no tempo certo.

Depois fomos à mansão dos Oliveiras, almoçar. Fomos gentilmente recebidos e bem tratados pela família do irmão Aluizio.

As 13:30 h dirigimo-nos para a capela do Seminário. Agendamos com a secretária a data da missa, fizemos as fotos que vocês podem ver no álbum e fomos para a casa Eremon. Não sei o significado desse nome, mas fica em toda aquela parte que fora antigamente cedida para o Curusilho. Construiram uma Capela, uma sala grande para reuniões, um belo refeitório com uma grande cozinha.

Bem, sempre fui temeroso em voltar lá e também sempre ouvi a mesma coisa de muitos e talvez por isso tenha demorado para realizar um encontro lá. Mas posso garantir que está um lugar muito agradável. Será inclusive interessante para nossas acompanhantes pois ainda tem muito espaço para se andar, muitas árvores e jardins e será muito agradável. O refeitório é muito bem cuidado e tudo muito limpo. Será possível fazer um almoço muito agradável também. Há uma grande sala de apresentações que poderá nos fazer dispensar o auditório para fazermos a parte final. Nessa parte final pretendemos fazer um showzinho de Reminiscências. Uma parte de reminiscências literárias e outra musical. Isso tudo vamos trabalhar a partir de agora.

Ficamos otimistas e publicamos as fotos para incentivar a todos para reservarem desde já o dia 28/03/09 para essa nossa grande festa. Sabemos que uma grande maioria já nem sabe mais como se reza uma missa. Mas há uma parte que sabe. Então fiquem tranquilos que não improvisaremos nada para cima de vocês. Só pedimos a sua presença e família com a intenção de rever algumas coisas boas do nosso passado. Tentaremos realizar uma celebração diferente com hinos gregorianos, um talvez em latim e outros a moda antiga. Contamos com a colaboração de todos e comparecerem para o início as 10:00 h da manhã.

Bem, a primeira parte foi cumprida satisfatoriamente, que era o local e aprovado.

Os amigos podem nos ajudar a justificar esse blog, denominado diálogo, e no Comentários, dizerem o que acharam desse nosso novo objetivo.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O Espírito da "coisa"

Eu fui para o Seminário ao completar 12 anos de idade, no mes de janeiro. Isso foi em 1965 e foi já na 1a. série do ginásio, juntamente com uma turma que lá fizera, em 64, o admissão ao ginásio. E lá fiquei até 1973 e lá deixei toda uma boa parte da minha juventude. Vi muitos que se foram logo, outros depois de alguns anos; novos que vinham e iam, mas no fim restamos 6 quando o Seminário se tornou PUCAMP.
Passados 40 anos começamos a nos reencontrar. Qualquer pessoa que nos ouça dizer que estamos fazendo encontros de confraternização logo pensa em turmas de escolas, faculdades, etc.
E realmente há muitos disso por aí. Encontram-se para um bom papo e falam dos tempos que estiveram juntos com um determinado fim, mas guardados os limites da vida pessoal. Muitas coisas não são de interesses comuns.
Entre nós também, nesse intervalo de 40 anos, muitas coisas também não são comuns. E a maioria se separou logo depois do colegial; muitos conviveram apenas 2 ou 3 anos mas mesmo assim parece que depois de tanto tempo sentimos que há um "espírito no ar".
Ele se manifesta nas recordações dos casos, histórias, aventuras, broncas, etc. Mas isso também acontecia em qualquer outro lugar. Então há algo mais profundo que nos atrai para esse passado incomum.
Começa com a despedida da família, logo tão cedo. As vezes fico arrepiado só em pensar em um filho meu, aos 11 anos, saindo sozinho para a estação de trem para ir para outra cidade, como eu fazia. E os dias e noites lá distante, como estaria? E se adoecesse, se tivesse fome, se sentisse com algum problema, estaria incomunicável.... Não!!! estaria nas mãos de Deus! Era assim que as famílias se consolavam.
Os primeiros dias foram muito estranhos. Lembro-me quando acordei e fiquei olhando para o teto totalmente estranho. Demorei um pouco para cair na real e aceitar que aquele não era o teto de minha casa e logo me veio a mente que também não estavam por perto minha mãe e irmãos. Lancei um olhar para o lado e aquela fileira de camas, de uma camerata para a outra. Em cada cama um ser como eu. Isso deu um pouco de coragem. Aliás era a visão dos amigos ao redor, a imitação dos maiores pelos menores, que dava o apoio necessário para se firmar na vida comunitária. Em seguida, tudo era feito lado a lado. Na capela, no refeitório, na classe e nos recreios. Todos participavam das tarefas para manutenção da vida interna, do acordar até o adormecer. Isso dava um sentimento de cumplicidade, como dizia Saint-Exupèry em O pequeno Príncipe, significava criar laços. Era muito diferente de simplesmente ter um amigo de escola, por determinadas horas apenas e depois cada um para seu lado. Vamos ilustrar mais esses "laços": engraxar sapatos, trocar as roupas de cama todo sábado, manter aquele armário mofado em ordem, arrumar impecavelmente a cama todo dia, ir para a capela de agasalho, manter os cabelos cortados e penteados, manter as carteiras em ordem, por dentro e por fora, participar de turmas de limpeza, não jogar "paperzinhos" pelos pátios, não gritar, não xingar, não brigar, nada de farra.... e as atividades: roupeiro, sapateiro, enfermeiro, bibliotecário, monitor, boleiro, chefe do conselho, lider de classe e na parte religiosa: acólito, leitor, turiferário e cerimoniário. Mas também a parte gostosa: os jogos de mesa, futebol de campo e salão, basquete e vôley e até bocha. Os shows e os filmes. E uma das coisas que mais nos enlaçou, eu penso, era o espaço enorme dos campos, separados pela longa avenida da gruta. E aquela escadinha do campo de baixo, onde a gente sentava nos sonolentos recreios do almoço e olhava para o bairro ainda embrionário e as colinas ao longe. Um amplo céu azul ensolarado e a gente ficava conversando....o que falávamos?...aos 12 anos....aos 13....15...17...20.... É meio inimaginável hoje pensar em uma vida crescendo assim...
Bem, mas penso que foi então que se criou "o espírito da coisa". Não esperem que eu explique, tentei ilustrar apenas, mas o sentimento que nos atrai hoje deve estar no coração e na imaginação de cada um. Se não estiver mais então você será apenas um ex-seminarista.





domingo, 9 de novembro de 2008

Primeira conversa

Quem somos e nossa história podem ser conferidas no site.
Nossa comunidade pode ser vista nos álbuns de fotos.
Assim, pensamos que mesmo para os amigos que estão chegando agora, não seja necessário nos identificarmos mais.
Estamos notando pelos acessos que há gente de Rio das Pedras, Mogi Guaçu, São Paulo, etc que imaginamos serem amigos ex-sic ainda não identificados. Se forem gostaríamos de tê-los em nossa lista de contatos para os futuros encontros. Se não quiserem colocar no Comentários aqui, podem escrever particularmente para joseclaudio.grego@yahoo.com.br e manterei sua privacidade.
Gostaria, nesse início de conversa, já ir lembrando os amigos para ficarem de olho no site, no item Encontro Especial que será dia 28/03/09.

SOLILÓQUIOS

Caros amigos EX-SIC e amigos visitantes,

Este blog é complemento do site http://sites.google.com/site/exsicampinas. Assim, entrando no site, você terá acesso pela barra lateral a tudo o que temos na internet.
No site está quem somos e toda a história do EX-SIC (Ex Seminário da Imaculada de Campinas-SP nos anos 40/50/60/70).
Pelo site você acessa também as centenas de fotos que estão nos álbuns Picasa.
Entrando no SOLILÓQUIOS e clicando no link http://ex-sicampinas.blogspot.com/ você já estará aqui nesse blog.
Pretendemos colocar aqui nossas recordações da vida de internos e da história do EX-SIC.