sábado, 30 de janeiro de 2010

Janeiro / De 2010 para 1965
Sempre me lembra os primeiros dias de Seminario, para fazer o "vestibular".
Era um domingo a tarde quando nossa kombi chegou no alto do Swift, ao lado da estaçao de tratamento de agua e antes de descer a ladeira vi la´ no outro lado daquele vale a imagem dessa foto.
O bairro ainda era muito acanhado, com muitos terrenos vazios, as ruas desertas.
Pensar em viver ai nao era algo comum, como sair de um curso e entrar em outro.
Eu sabia que se tratava de mudar de rumo na vida.
E entramos pela avenida lateral ate´ a quadra ai na foto.
La´ no alto, nas janelas do dormitorio, apareceram muitas cabeças:
- Chegou pessoal de Limeira!
E tambem foram chegando Indaiatuba, Amaparo, Monte-Mor, Mogi-Mirim, Araras, Leme, Valinhos, Americana, Sumare´, Nova Odessa, etc,etc. Talvez mais de 100 garotos de 11/12 anos de idade.
Bons tempos! Muitos candidatos para "ser padre".
Mas eram outros tempos e nem imaginavamos que em 1965 ja´  estava com os dias contados para o fim.
Mas o que quero passar aqui, bem dificil, e nunca ouvi nenhum amigo dizer foram as primeiras sensaçoes.
Penso que e´ impossivel para pessoas que nunca viveram longe de casa imaginar o que e´ viver em um internato.
Primeiro, tudo me parecia enorme, as altas paredes e colunas, o hall com portas para todos os lados contrastava e muito com a sala de casa.

Olha ele ai!
Era o coraçao que dirigia a gente para qualquer lugar que fosse.
Mas a primeira sensaçao ao entrar ai e pensar: essa e´ minha nova casa, era algo perturbador.
Gostaria muito de conseguir passar para os amigos e saber se tambem tiveram as mesmas sensaçoes.
Mas ja´ se vao 45 anos!!


E essa foto entao?!
A primeira parada para guardar as coisas. Primeiro, encontrar a camerata. Lembram-se! A-1 ou B-1. Uma ala dava vista para o claustro e a outra para a quadra de volei do lado das freiras. Depois pegava-se uma cama na janela, encostada na parede, dava sensaçao de mais aconchego. De outro modo, as outras camas ficavam no meio da camerata, e dava uma sensaçao de vulnerabilidade por todos os lados.
E la´ no fundo,
Imagine voce no banheiro da sua casa e depois veja essa foto e imagine, uma centena de colegas ao seu lado, todo dia de manha, no banho a tarde e a noite.
Ao mostrar tudo isso, parece algo tao frio, mas se pensarmos que assim foi durante 7 anos, para quem la´ ficou, como eu, dia a dia, e se tornou habito e parte da vida, ficou entao  marcado para sempre.
Esse "marcado" que e´ dificil de passar, alem da frieza das fotos.
Depois descemos para o refeitorio. Essa foto e´ a unica que da uma visao mais ampla dele.
Mais uma vez, imagine voce sentado a mesa em sua casa e agora suas refeiçoes seriam todas ai.
Acho que o que estou querendo dizer e´ sobre a sensaçao de nunca estar so´, a presença de outros ao seu lado, o tempo todo, em todos os lugares.
Mas para jovens adolescentes, ansiosos pela vida, era algo fascinante. Os primeiros dias era ouvir pelos que sabiam mais, como seria a vida ali. Mas se tivesse futebol, tudo estaria bem... E ate´ era bem verdade, mesmo para os que nao gostavam, pois tambem havia outras diversoes e shows, filmes, concursos e festas, etc.

E durante a semana fizemos os exames, nesse estudao de baixo, na foto.
A ansiedade era grande, os comentarios sobre as questoes, as lamentaçoes e as alegrias pelas esperanças de uma boa prova.
E a semana foi passando, na mesma rotina do que seria depois. A noite renuniamos no auditorio e os padres apresentavam algo para descontrair. E mais uma vez a gente se sentia envolvido por mil ideias e conversas.
E no ultimo dia, anunciado os que poderiam voltar para começar o curso ginasial. E na bagagem uma lista do enxoval. Dali em diante, adeus mamae, tomariamos conta de nossas camas, roupas, higiene e tudo sob severa vigilancia e sem a complascencia materna.
Contar contei, mas as sensaçoes ficam por conta dos amigos, cada deve ter sentido do seu jeito.
Enfim! foi um verao de 1965!