sexta-feira, 24 de julho de 2009

Colégio Interno


(Essa página pertence ao blog que está no site: http://sites.google.com/site/exsicampinas que conta a história completa do Seminário da Imaculada de Campinas-SP entre os anos 1955 e 1972 e também dos Seminários anteriores D.Barreto e Diocesano)

São 150 alunos entre 11 e 20 anos de idade e 12 superiores, na foto acima, clique sobre ela para aumentar.
Nessa fota ainda não estão as freiras (a Madre e uma auxiliar. Duas freiras na cozinha, uma na copa e uma no refeitório. E uma na lavanderia e atendimento externo.
Os empregados: um faxineiro nos dormitórios e quartos dos padres. Dois faxineiros nos pátios. Um para serviços gerais, mais dois no corte de lenha e carpintaria. E o secretário geral.
Esse era o quadro humano desse Colégio interno conhecido como Seminário. Existiam algumas outras formas de CI e acho que o mais famoso foi retratato por Raul Pompéia em O Ateneu. Porém o Seminário tinha o objetivo maior que era encontrar vocações sacerdotais.
Porém, interessa mostrar aqui como isso funcionava. Vamos lá.
A figura maior era o Bispo, que apenas visitava de vez em quando. Sua autoridade era estendida ao Reitor e Vice Reitor. Agora, puxando pela memória e recordando, o nosso Reitor estava sempre presente mas de maneira surpreendente, isto é, nunca se sabia se iria entrar de repente no refeitório, aparecer nos recreios, nos dormitórios... Ah! sim, me deu um arrepio agora; lembrei-me de um fato: dormitório, ou melhor banheiros, hora do banho depois do esporte. Todo mundo agitado ainda e só tínhamos 20 minutos. Portas batiam, o barulho dos chuveiros (gelados), correria, toalhas voando para o ar e muita conversa. De repente alguém gritou: Monsenhor Bruno!! - Quem?!!!-berraram alguns. -Monsenhor Bruno!!!- a voz berrou de novo. Não era possível! O espanto traduzia medo porque era o Reitor aparecer no dormitório bem na hora do banho. Se ele estava alí era porque vinha para estraçalhar. E era verdade! Quando aquela figura, trajada em batinha negra, entrou no dormitório uma onda de silêncio foi invadindo o corredor e penetrou lá no fundo.... Quem conseguiu entrou em um chuveiro ou wc e ficou esperando para ver o que ia acontecer. Quem não conseguiu encostou nas paredes e viu quando o velho apontou na curva da porta. De mãos para trás fulminava todo canto com um olhar terrível, procurando foco nas lentes dos óculos. Bem, porque todo esse medo? Primeiro porque depois de toda inspeção ele sempre tinha um sermão sobre higiene, educação, comportamento e sempre tinha um castigo e o pior deles era ser suspensa alguma das coisas que mais gostávamos: ou um dia de esporte, ou a sessão de cinema ou então a pior de todas, se ele apurasse algo individual, mandava o sujeito para o quarto e então tchau... se fosse caso grave ele não hesitava em "mandar embora", como dizíamos. O Reitor representava a "mão de ferro" do sistema. Depois, haviam tres cargos importantíssimos porque seus titulares acompanhavam a omunidade o tempo todo. O Ministro de Disciplina, o Ministro Espiritual e o Prefeito dos Estudos. Eram três padres que se revezavam no acompanhamento de todas as atividades.
A vida na Comunidade exigia muitas tarefas e então os alunos eram escalados para elas. Algumas eram semestrais e outras semanais. Toda sexta-feira o "chefe" do Conselho dos Maiores anunciava durante o jantar a "pauta da semana", que era supervisionada pelo Ministro de Disciplina. Os escalados começavam no sábado. Vejamos então: As tarefas semanais: - Serventes (serviam as refeições) - serventes extras (ajudavam na limpeza, após as refeições). Varredores dos pátios e das classes, nas missas: leitores, acólitos(diário), cerimoniário, turiferário. Roupeiros (levavam os sacos de roupas para a lavanderia toda 2a. feira e buscavam no sábado a tarde). As tarefas semestrais: Monitor, Roupeiro (tomava conta da rouparia), sapateiro(contato com o sapateiro externo), Doceiros (barzinho), Boleiro(materiais esportivos), Bibliotecários e enfermeiros... acho que não me esqueci de algum outro. Também eram escalados líderes de limpezas para os sábados. E para cada líder de cada local eram escalados seus auxiliares de forma que todos participavam da "limpeza geral" toda tarde de sábado. Um final de semana encerava-se o andar de baixo e no seguinte o andar de cima. Também havia os representantes da "democracia"... sim...sim...no meio de tanta disciplina os alunos também eram representados. Cada classe tinha um líder e os líderes das classes do Ginásio formavam o Conselho do Ginásio e esse tinha um Presidente ou como chamávamos, o Chefe do Conselho. Mesma formação para o Colegial. Outra importante escalação era a formação da Diretoria do Gremio e Academia Literária. Eram formados pelo Diretor, um superior, o Presidente, Vice, 1o.secretário, tesoureiro e bibliotecário. Haviam sessões mensais e a escalação saia no início do semestre. As sessões seguiam na ordem: Abertura pelo Diretor, Palavra do Presidente, Leitura da ata anterior, Crítica da sessão anterior, apresentações( poesias, prosas, discursos e jograis). No final o improviso. Era sorteado um nome que falaria sobre alguma coisa, por isso todos iam mais ou menos preparados com algum assunto na cabeça.
Tudo isso dá uma noção da vida interna e para completar aqui vai a rotina dos dias:
6:00 - levantar 6:20 Oração da manhã e missa 7:00 Café 7:30 1a.aula 8:20 2a.aula 9:10 3a.aula 10:00 lanche 10:20 4a.aula 11:10 5a.aula 12:00 almoço 13:30 estudo 15:00 lanche e esportes 17:00 banho 17:30 leitura espiritual 18:00 jantar 19:30 terço 19:50 estudo 21:00 oração da noite 21:30 Dormir
Sábado: a tarde, limpeza geral, esportes, banho e ensaio da missa do domingo. Jantar, recreio, cinema, show ou teatro.
Domingo: levantar as 7:00 Missa Solene Manhã livre (jogos, leitura, conversas, etc). A tarde, livre, esportes com as seleções, jantar, recreio, benção do SS e dormir
Bem, na próxima abordaremos o aconteceia dentro de cada atividade dessas.





quinta-feira, 9 de julho de 2009

FERIADO




9 de julho - feriado Paulista.
Antes desse assunto quero lembrar aos amigos que este site é de recordação do Seminário. Mas se você gostaria de ler assuntos mais atuais, acesse o Blog do Claudio Batisttutti que agora tem mais um específico sobre Administração. Para achá-lo é fácil: acesse pelo nosso site, está na barra lateral.
  • O Feriado de hoje não havia nos anos 60/70/80... mas Feriado para nós era alegria....
  • A rotina diária era pesada, hora à hora e até recreação e diversão tinha tempo contado.
  • Quando aparecia um feriado no calendário era um alívio.
  • Começava que levantar era mais tarde: 7:00 h. Sem pressa a vida parecia aliviada...
  • Até a missa era mais suportável...desculpem o têrmo, mas missa diariamente, em jejum e de cabeça quente com as aulas que viriam, não era muito meditativa, não...
  • O café era mais tranquilo e a gente se excedia os 15 minutos e na conversa. O Refeitório fica barulhento e alegre.
  • Nos anos 50, diziam os mais velhos, feriado era estudo... mas nos anos 60 já era descanso mesmo. Não havia sinal, o monitor só apitava para o almoço, jantar e fim do dia.
  • E assim o dia amanhecia tranquilo. Alguns feriados eram usados para se organizar Ginkanas e até Olimpíadas. Se não, o pessoal já ia para o dormitório e desciam correndo para a fila do futebol de salão, ou para o jogo livre no futebol de campo.
  • Da sala dos maiores soava o tic-tac do bilhar e o som da vitrola....
  • Quem não estava a fim de atividades se juntava a alguns e iam para os campos em total descontração... e era gostoso os longos papos...
  • ...ou se ficava na carteira lendo livros do gremio ou academia....
  • O almoço era festivo e a tarde, mais futebol, papos e descanso... até o banho e daí tudo tomava o rumo da retomada no dia seguinte.
  • ...lucro! lá se foram 2 aulas com o Pe. Sena, 2 com o Cônego, as aulas de Ciências... ufa!

  • As fotos acima ilustram o que podia acontecer no Feriado: um jogo especial ou uma exposição...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

RECREAÇÃO


(TECLE NO INDICATIVO PARA VER O VÍDEO E LIGUE O SOM)

  • As horas de lazer no EX-SIC eram o que davam o sustentáculo à vida reclusa.
  • Essas horas eram os recreios após o almoço (12:00 - 13:30) e jantar (18:00-19:30)
  • Eram nessas horas que se formavam as "panelinhas" no bom sentido...
  • ...e saiam a andar pelos campos, avenidas e pátios.
  • e aí rolavam os papos sobre as famílias, a história de cada um e problemas no Seminário.
  • Imaginar que isso ocorreu bem fase mais marcante de um ser humano (11 - 20 anos).
  • Nos bons tempos, enquanto a Comunidade funcionava, principalmente os menores, conversávamos a respeito dos acontecimentos. Como foi a sessão do Grêmio. A ansiedade de estar escalado para se apresentar lá. Comentar sobre os filmes que assistíamos. Analisar os superiores e suas atitudes no dia a dia. Tudo o que acontecia nos campeonatos, os livros que líamos, as previsões de feriados e festas, os concursos de desenho, os professores e aulas e a ansiedade de fechar as matérias, as saídas e férias, as escalações.
  • Tudo isso era comandado pelo SINEIRO. Quem se lembra do sineiro ou monitor?
  • Era o seminarista maior escalado para tocar o sino indicando começo ou fim de uma atividade interna. Para atividades externas ele tocava um apito.
  • Depois veio a fase final, a comunidade não tinha mais nada disso. Então, com o fechamento de meio prédio, cedido para o Cursilho, criaram uma sala de Recreação onde era o estudão de baixo. Lá foi instalado em um canto perto da porta, uma vitrolona que tocava Creadence o tempo todo. No outro canto, algumas instantes onde devorei com leitura, dia a dia, uns 30 livros de seleções reader´s digest. No terceiro canto, algumas mesas de jogos. E no canto do fundo, ao lado das janelas, uma TV. Alí ficou marcado: O Tunel do Tempo, Cowboy na Africa, James West, A feiticeira, Jeanie é um gênio, as sessões de cinema do canal 9 e a mais marcante, veja no vídeo acima.... a música faz a gente se conectar... o passado parece reviver....