domingo, 29 de agosto de 2010

"Naquela época eu nem podia ler a Bíblia, parece incrível, não?"

Ajeitem-se na cadeira, pois será uma longa leitura e, garanto, de um "fôlego só".

Ele é anterior ao ex-SIC e tem muita história para contar.

Portanto, sem mais comentários, vamos às suas respostas cheias de paixão e  energia.
  • Quando entrou para o Seminário?
Em 1948, juntamente com o Chiavegato e mais uns quarenta.
  • De que cidade/paróquia?
Eu morava em Itapeva. Diocese de Sorocaba. Mons. Lopes, de Campinas, que era primo de minha mãe, foi a Itapeva celebrar as Bodas de Prata de meus Pais. Eu era coroinha e ele me convidou para entrar no Seminário e eu aceitei.
  • Por que entrou para o Seminário?
Como disse, eu era coroinha e participava de todas as cerimônias religiosas. Gostava muito e achei que ser padre ia ser muito bom.
  • Quantos anos tinha quando entrou?
Eu tinha 13 anos, mas já estava na 2a. série ginasial.
  • Quando saiu do Seminário?
Sai em 1954. Já estava de batina e tinha prestado vestibular para o Seminário Maior do Ipiranga, não tendo sido aprovado. Embora eu tivesse concluído o Seminário Menor com muito boas NOTAS, nosso reitor, Cônego Melillo, DISSE QUE EU TERIA DE REPETIR O 6o. ANO. Não achei justo.
  • Quantos anos tinha quando saiu?
19 anos
  • Por que saiu do seminário?
Já respondi.
  • O que aprendeu no Seminário?
Sem dúvida que tudo quanto eu alcancei na vida, eu atribuo ao Seminário, pois foi lá que, além de toda cultura e conhecimentos gerais, também recebi minha formação moral, espiritual, ética etc..etc...
  • O que faltou aprender?
Infelizmente não tínhamos aulas de Inglês e Espanhol, razão pela qual fui obrigado a cursar o 3. ano colegial para poder prestar o exame vestibular para Direito..
  • O que fez depois que saiu? Estudou o que?
A primeira coisa a fazer era arrumar um emprego e prestar o serviço militar, do qual estávamos dispensados como seminaristas.
A) Ao ser entrevistado pelo Gerente do Banco Comercial, Sr. Fernando Moraes de Arruda, quando disse que não entendia nada de contabilidade bancária, nem tinha noções de contabilidade, nem sabia datilografia, ele me perguntou o que eu tinha feito da vida até aquele dia. Quando respondi que estive no Seminário, ele, que era católico, na hora me contratou.
A título de curiosidade devo acrescentar que, 30 anos após, eu vim a contratar o Sr. Arruda, já aposentado do Banco, como Diretor Financeiro do Inocoop Bandeirantes, que vim a fundar em S.Paulo.
Finalmente, no dia em que Sr. Arruda se aposentou do Inocoop, em meu discurso eu disse que o Sr. Arruda tinha sido meu primeiro patrão, ele retrucou dizendo que eu fui o seu último patrão.
B) Para cumprir o serviço militar fiz o N.P.O.R. e, 2 anos após, como Aspirante a Oficial, fiz um estágio de 1 ano, sendo promovido a 2o. Tenente.
Concomitantemente a tudo isso, joguei na Ponte Preta de Campinas, sendo Campeão Juvenil em 1954, e depois fazendo uns poucos jogos no time titular. Tive a honra de treinar com jogadores famosos, já em fim de carreira, como Oberdan, Nininho, Lelé, Jansen, Bibe, Friaça e Baltasar
Time titular da Ponte, nessa época era composto de Ciasca, Bruninho, Homero, Lola, Pitico, Carlinhos e Carlito Roberto, Noca, Baltasar, Bibe e Jansen.
Atualmente jogo Tênis e faço parte da equipe do Clube Paulistano, na categoria acima de 70 anos. Somos Bi-Campeões Inter Clubes.
Entrei na FACULDADE DE Direito de Campinas – PUC, onde concluí o Curso em 1959.
  • Qual sua trajetória profissional após a saída do Seminário?
Após a formatura iniciei minha vida profissional em Santa Rosa de Viterbo.
Aqui cabe um comentário: Porque Sta. Rosa.?
A historia é a seguinte: No último ano da faculdade, fomos jogar futebol em Ribeirão Preto contra a Faculdade de Medicina, Durante o jogo, como eu era meia direita adiantado, enquanto os futuros médicos atacavam, eu batia um papinho com o meu marcador. O assunto veio à baila para as dificuldades de um recém formado iniciar sua carreira. Ele me disse que em Sta. Rosa não havia nenhum advogado residente. Perguntei se era Comarca e diante da resposta afirmativa, decidi ir visitá-la. O jogo era à noite, e no intervalo do jogo pedi para sair e fui dormir numa pensão perto da Rodoviária. No dia seguinte, às 6:30 h da manhã embarquei para Sta. Rosa. Lá chegando fui procurar o Juiz de Direito, que me entusiasmou bastante para ir advogar lá, pois havia muitos processos parados por falta de advogado. Face a esse convite decidi e, imediatamente ao término das aulas, mesmo ser ter ainda colado grau, fui para lá, onde fui muitíssimo bem recebido e onde permaneci por 2 anos.
Após meu casamento e o nascimento de meu primeiro filho, mudei para Santos, onde advoguei por 6 anos e fui Superintendente de uma Caderneta de Poupança do BNH.
Em 1971, fui convidado pelo BNH e vim para São Paulo, onde fundei o INOCOOP BANDEIRANTES. Com o fim de BNH recomecei minha vida profissional em S. Paulo, sendo contratado pela firma Savoy Imobiliária Construtora Ltda., proprietária de 7 Shopping Centers e inúmeros imóveis.
  • Trabalha ainda?
Sim. Estou na Savoy ha mais ou menos 30 anos.
  • Casou? Tem filhos? Netos?
No ano passado, celebrei minhas Bodas de Ouro. Tenho 3 filhos, sendo 2 advogados e um músico. Tenho 6 netos, uma advogada, um morando em Londres, já casado, 2 universitários e um casal com 12 e 7 anos.
  • Quais as recordações mais marcantes do tempo de Seminário? 
1- O dia do recebimento da Batina
2-O Retiro pregado pelo então Mons. Câmara, futuro Bispo D. Helder Câmara.
3-As cerimônias da Semana Santa na Catedral.
  • Cite um personagem com que conviveu na época que o impressionou positiva ou negativamente.
D. Melillo, nosso Reitor.
Pe. Adriano, professor de Latim.
Negativamente, nenhum.
  • Sobrou alguma mágoa? Qual?
Nenhuma. Nem do dia em que o Reitor, ao invés de me encaminhar para o Seminário de Mariana ou Olinda, como fez com outros dois colegas, queria que eu repetisse o 6o. ano. Foi a vontade de Deus manifestada pela decisão do Reitor.
  • Se voltasse no tempo iria novamente para o Seminário? Por que?
Acredito que sim, e penso que chegaria ao Sacerdócio como tantos colegas: D. Celso, Busch, Vivaldo, Tinoco, Ambiel, Chiavegato, Hermínio, Nadai, Magalhães, Gardinali, Vasconcelos, Teixeira, Ercílio Turco, Olívio Reato, Arlindo De Gasperi, Renato (já falecido) etc.etc...
  • Quais as principais mudanças que a entrada (e/ou saída) do seminário provocou em você?
Logo no inicio à minha saída fiquei um pouco distante da Igreja, mas depois, através da JUC, voltei com outro espírito, mais aberto, mais adulto.
  • Se dedica à Igreja  Católica atualmente?
Sim. Fui Ministro da Comunhão durante vários anos, freqüento assiduamente a Paróquia Assunção de N.; Sra. Ministrei, durante vários anos, o Curso de Crisma tanto para jovens, como para adultos, faço parte de um grupo de paroquianos que damos um plantão durante o fim de semana, numa média de 6 vezes ao ano.
  • Qual sua relação com a religião atualmente?
Sinto-me um católico adulto, sem aquela pieguice do tempo do Seminário, acreditando em Deus, como nosso Pai. Freqüento a missa dominical.
  • Como você compara a sua religiosidade daquela época com a atual?
A DIFERENÇA É MUITO GRANDE. Naquela época eu nem podia ler a Bíblia, parece incrível, não? Sim, nós nos primeiros anos, não tínhamos licença para ler a Bíblia. Somente tínhamos acesso a um resumo muito limitado. A justificativa era de que não tínhamos conhecimento suficiente para entender algumas passagens. Nesse ponto, o Reitor tinha razão, pois até hoje tenho dificuldade de entender muitos trechos, apesar dos diversos cursos a respeito, que tenho frequentado.
  • Como você compara a Igreja Católica daquela época com a atual?
Apesar de entender que ainda falta muito para nossa Igreja atender aos anseios da população, e voltar a ser aquela que Cristo fundou, acredito que ela já evoluiu muito, “apesar dos padres”.
  • O que você acha dos reencontros com os ex-colegas, tanto os de seu tempo como os do ex-SIC?
Tive a honra de organizar o primeiro encontro dos colegas dos anos de 48 a 54, em 2002, ocasião em que nos reunimos no Seminário da Av. Saudade, com a presença de 56 colegas, sendo 18 padres e 3 Bispos.
Sem dúvida que foi um dos momentos mais empolgantes de minha vida, reencontrar os colegas após 50 anos. Muito deles foi até muito difícil de reconhece-los, mas após o primeiro sinal de recordação, o forte abraço nos unia na saudade e, muitas vezes, até no choro.
Precisamos reforçar esses encontros para manter viva aquela chama que um dia nos uniu.
  • Alguma sugestão?
Quero parabenizar esse grupo que mantem as reuniões e promove esta Entrevista, e desejar que continue assim.
Acrescentar no questionário a pergunta : Pratica algum esporte?
  • Alguma mensagem especial aos demais ex-colegas de seminário?
Desejo que todos aqueles que passaram pelo seminário, não importando por quanto tempo, tenham sempre a lembrança da graça que recebeu, razão pela qual tem a obrigação de viver como filho de Deus, sempre olhando o próximo como seu irmão.
Viva a vida com alegria! 

Mário Faria

Não esqueça de identificar-se caso faça comentários como "anônimo".

Como complemento ele nos mandou uma relação de ex-seminaristas e padres que trabalharam ou estudaram nos seminários menores de Campinas anteriores ao ex-SIC
Alguns já estão na lista de contatos do ex-SIC, com e-mail e/ou telefone, outros já faleceram.
E por onde andarão muitos destes colegas?
Quem sabe alguns deles tomarão conhecimento deste Relatório e nos procurarão, sabendo que serão muito bem recebidos.
Se alguém souber de alguma outra informação, por favor, complete esta Relação. Podem centralizar as mensagens em ex.sic.1955@gmail.com

Seminário Diocesano sito na Av. das Saudades
1948 – Corpo diretivo:
Reitor: Côn. Aniger Francisco Melillo (Depois Bispo de Piracicaba); Diretor Espiritual: Côn. Olavo Braga Scardigno; Ministro de Disciplina: Pe. Nilo Romano Corsi; Professores: Pe. Euclides Senna;Pe. Waldemiro Caram; Pe.Luiz de Campos; Pe. Adriano Von Iersel; Prof. José Van Bacellar; Pel. Antonio Till (francês); Prof. Wolfgang Frederic Seidel;

Curso Preparatório e 1o. Ano:
Alaércio Araujo Lima Horacio Salomão
Antonio Carlos Nogueira de Souza (Campinbas) Ismael Aparecido Diniz
Antonio Flávio de Melo Messias Adib Miguel (Capivari)
Antonio Teixeira (Padre) Antonio Zapia
Antonio Tortorella Henrique Sampaio
Aparecido Otavio Leite Aureliano Madureira (Campinas)
Arley Bonafé Zaratini (Campinas) Antonio C. Brito
Armando de Faveri Herminio Bernasconi (Manaus)
Augusto José Chiavegato (S.Paulo) José Bertazzoli (Campinas)
Claudio Fontana Waldir Remédio
Cleyton Ludans Mochetti
Daniel Araujo Fernando Panatoni (Campinas)
Donato Parisoto Paulo Azevedo (Falecido)
Irineu Ceratti Luiz Carlos Magalhães (Padre em Campinas)
José Pinca Neto Ovidio Gomide
José Fernando Panhan (Amparo) Helio Baggin
José Laerte Goffi Macedo (Campinas) Mário Jesuino
José Maria Magalhães José Maria Piza
Lazaro Ferreira José Cristini
Leonel Batista Alves Helio Marconcini (Campinas)
Marabesi Alaor Moraes
Marcos Ceregatti
Nelson Devoglio Francisco Assis
Nelson Rostodela Aparicio Alves
Norival Bueno (Campinas) Dirceu Corrarelo
Orlando Bulgarelli Hugo Bruneto (Falecido)
Oswaldo Cintra Machado Olivio Reato (Padre em Limeira)
Paulo Canova Sinval Francioso (Padre em Campinas)
Pedro Camargo Nelson Vicensoti (S.Paulo)
Plinio de Campos Whitaker (Campinas) Dorival Capossoli
Raul Mussi Zandoná (Amparo) Antonio Carlini
Sergio Von Zuben Luiz Lupi
Ulisses Feijó Osmar Paschoal
Walter Scavarielo Felicio Baldasso
Walter Sérgio Pozebon (Amparo) Alvaro Augusto Ambiel (Mons. Vigário da Catedral de Campinas)

2° ANO6° ANO
João Bosco Lodi (Falecido)Mauro Cardoso
José A Moraes Busch - Mons. Em CampinasAntonio Deleo (Matão)
Augustinho de MeloHugo Antoniazzi (Padre - Falecido em Itu)
Waldemiro SilveiraMário Negro
Antonio Celso Queiróz (Bispo)Milton de Barros
Renato França (Padre em Limeira; falecido)Oswaldo Sobech
Vivaldo Ifanger (S.Paulo)Benedito Costa
Constantino Gardinali (Padre em Americana)Manuel Nascimento (Mons. em Piracicaba)
Mauricio CamargoJorge Miguel (Mons. em Jaboticabal)
Francisco Bortoleto (O melhor jogador de futebol que já vi jogar)Alberto Macheroni (Padre em Limeira)
Angelo Pedro Longhi (Padre falecido em Araras)Sebastião Vasconcelos

Getulio Vita Lacerda

5° ANO
Oswaldo Vanin
Luiz Alberto Sarmiento
Geraldo Gomes
Edgard Joly
Benedito Pierrini Gil
Luiz Sigrist
Carlos Galo
Isaul Aranha

Seminário localizado junto ao Colégio Diocesano
Ministro de Disciplina: Pe. Mateus Ruiz Domingues

Em 1950 entraramEm 1951 entraram
Dorival Lanza (Padre em Araras; falecido)José Carlos de Oliveira
Flávio Boltes (Sta. Barbara D´Oeste)Uilson da Silva
Milton De Gasperi (Sta. Barbara D`Oeste)Adilson Georgetti
Wilston ZaratiniJosé Fernando Bacan
José Arlindo Nadai (Padre em Campinas)Clesio Daolio
Francisco Vasconcelos (Padre em Indaiatuba)Gastão Ferragut (Campinas)
Luiz ViganóJosé Maria Toledo
João Batista FrancischetiAdriano Sigrist (Campinas)
Giacomo CorteJoão M. Sacilotto (Americana)
José Antonio MirandaJorge Grahal
Hercules GrattiDomingos Jorge Velho (Onça) (Amparo)
Ercilio Turco (Bispo de Osasco)Francisco Giúdice

Em 1952 entraram
Waldemar de Souza
Arlindo De Gaspari ( já entrou no 5o. Ano direto)
Carlos Bertrani Oliveira
Tarcisio Goulart (Campinas)
Harley (Campinas)

domingo, 22 de agosto de 2010

"Recordar é viver o presente calcado na alegria do passado. Isso é ser ex-SIC."


O título já apresenta uma interessante definição para ex-SIC.

Ele é um criador de frases de efeito.

Além desta há mais na sua vibrante entrevista. Leiam-na também para saber que tipo de ajuda ele está precisando.

  • Quando entrou para o ex-SIC?
Em março de 1955 no curso de Admissão.
  • De que cidade/paróquia?
Da bela cidade de Amparo, a Flor da Montanha. A Paróquia: Nossa Senhora do Amparo, hoje Catedral.
  • Por que entrou para o seminário?
Devido à vontade de ser sacerdote pela influência e torcida da família e pela freqüência assídua nos atos paroquiais como coroinha e incentivo do pároco e demais membros da igreja.
  • Quantos anos tinha quando entrou?
Minha idade era de 13 anos e alguns meses.
  • Quando saiu do ex-SIC?
No final de 1961 ao completar o período curricular do seminário menor.
  • Quantos anos tinha quando saiu?
Estava com vinte anos.
  • Por que saiu do seminário?
Por insegurança, pela incerteza da vocação e outras preocupações familiares.
  • O que aprendeu no ex-SIC?
Além da formação básica de grande teor em virtude de professores de alto grau de conhecimentos didáticos e disciplinas bem direcionadas, tive a alegria de encontrar um ambiente propício para crescimento no caráter, personalidade, formação religiosa e social.
  • O que faltou aprender?
Na constância e prazer de estudar e no direcionamento filosófico aprendido tive a alegria de aprender muito, mas, mais importante, a vontade de continuar aprendendo.
  • O que fez depois que saiu? Estudou o que?
Tornei-me bacharel em Ciências Administrativas e depois nas Ciências Jurídicas, ambas na PUC Campinas. Participei de diversos cursos curriculares na área tributária e trabalhista. Venho, com freqüência, procurando maior formação social religiosa, inclusive com participação de cursos e chats online.
  • Qual sua trajetória profissional após a saída do ex-SIC?
Trabalhei em empresas privadas de pequeno e grande porte, dei consultoria nas áreas correspondentes à minha capacitação.
  • Trabalha ainda?
Sou aposentado, fui obrigado a parar por uns tempos por desgastes físicos e no momento vivo em busca de uma ocupação profissional. Para isso delego a vocês a função de prepostos trabalhistas.
  • Casou? Tem filhos? Netos?
Sou casado com a Iracema, pessoa simples como eu e que tem as medidas do meu coração. Filhos? São quatro os frutos de nosso amor (Kátia – Débora – Júlio - Patrícia) e sete são os netos (Seis meninos e uma menina).
  • Quais as recordações mais marcantes do tempo de ex-SIC?
As duas vezes extremas quando passei pelo portão do Seminário: em 1955 quando fui ali admitido cheio de ansiedades e preocupações e, depois, em 1961 com o coração cheio de saudades e na incerteza do meu futuro. No intervalo dessas datas são inúmeros os momentos de recordações agradáveis.
  • Cite um personagem com quem conviveu na época que o impressionou positiva ou negativamente.
Entre tantos é difícil enumerar um. Mas, o Padre Euclides Senna foi de uma participação ímpar na minha vida. Dele recebi reprimendas e elogios; um apagador lançado num momento de raiva e abraços em outros momentos; uma nota zero em uma sabatina escrita para no oral final receber uma nota dez com louvor. Agradeço a Deus pela oportunidade de levar meu abraço para ele poucos dias antes de sua morte.
  • Sobrou alguma mágoa? Qual? .
Nada de mágoa e, sim, gratidão eterna.
  • Se voltasse no tempo iria novamente para o ex-SIC? Por quê?
Sim! Para matar saudades e fazer a caminhada novamente com os acertos e erros cometidos, pois os erros foram os solavancos que me fortaleceram e me deram maior capacidade para enfrentar o futuro.
  • Quais as principais mudanças que a entrada (e/ou saída) do seminário provocou em você?
O temperamento é o mesmo; o caráter foi aprimorado e a personalidade mais qualificada para meu relacionamento social.
  • Dedica-se à Igreja Católica atualmente?
Estou em retiro por incompatibilidade de gênio com meu pároco. Mas, venho me preparando para voltar para o ministério leigo. Atualmente participo de atividades relacionadas ao 7º Plano de Pastoral Orgânica da Arquidiocese e freqüento sua rede online nos diversos cursos oferecidos no Ambiente Virtual de Formação (A.V.F.).
  • Qual sua relação com a religião atualmente?
Minha relação com Deus é mais intensa e melhor praticada atualmente.
  • Como você compara a sua religiosidade daquela época com a atual?
Hoje está bem embasada e com fé mais intensa.
  • Como você compara a Igreja Católica daquela época com a atual?
Em constante transformação. Mas não pode deixar de ser a Igreja fundada por Cristo, apesar de muitos desejarem modificá-la. Naquela época estava terminando a era tridentina e hoje vivemos o agiornamento do Vaticano II.
  • O que você acha dos reencontros com os ex-colegas do ex-SIC?
Maravilhosos, gratificantes e de incalculável aproveitamento. Eles provocam e demonstram grande empatia formadora de novas amizades unindo personagens de épocas diferentes e que se sentem tão juntos nos sentimentos.
  • Alguma sugestão?
Que sejam realizados mais vezes e que alguns explorem mais o lado sagrado vivido.
  • Qual pergunta você gostaria de ter respondido e que não foi feita?
Fico feliz com os quesitos formulados.
  • Alguma mensagem especial aos outros ex-SIC?
Recordar é viver o presente calcado na alegria do passado. Isso é ser ex-SIC.
Quero parabenizar todos os participantes.
Parabéns, querido Marcondes Rosa de Souza pelas suas respostas Quero realçar sua assertiva sobre humildade e vaidade. Todos passam pela experiência das duas. Meu momento de vaidade aconteceu no dia da última prova de português (oral). O nosso querido professor Monsenhor Luis Fernandes de Abreu valorizou com suas palavras o progresso de um aluno originário das lides campestres, com dificuldades no aprendizado com constantes notas SEIS (a menor) e que cursou o último ano com algumas notas máximas (NOVE). Encerrando disse que daria um DEZ com louvor ao aluno que saiu do mínimo para o máximo e que no vestibular para o curso de filosofia atingira nota 10 em Português e Grego e 9,5 em Latim. As lágrimas molharam meu rosto e, até hoje, agradeço a Deus por ter me presenteado com tão nobre professor.

Aluizio de Oliveira


Este é o Aluizio, aguardando ansiosamente seus comentários.

Se for comentar como anônimo, não deixe de identificar-se

Se quiser comentar por e-mail enviem mensagens para ex.sic.1955@gmail.com

Aproveito a oportunidade para pedir que todos participem da pesquisa sobre a criação de um grupo "fechado" em alguma rede social onde poderemos tratar de assuntos de interesse dos integrantes da comunidade em um ambiente mais restrito. Ele está na lateral direita, no alto desta página.

Essa será uma das maneiras que possibilitará implementar a ideia do Gessé em que os membros da comunidade possam ajudar e pedir ajuda uns aos outros.

Para votar, bastam 2 cliques. Um na opção e outro em "Votar". Não requer prática e muito pouca habilidade motora.

Se quiser conhecer as comunidades sociais, visite: LinkedIn (voltada a assuntos profissionais); Facebook (voltada a assuntos gerais)

Antecipadamente grato pela participação.

José Reinaldo Rocha (62-67)



domingo, 15 de agosto de 2010

"Acredito que a Igreja daquele tempo era mais mística."


Nosso entrevistado de hoje valoriza muito a vida em comunidade. Leia o que ele pensa sobre nossos encontros.

E se a igreja era mais mística, como ela está atualmente, na visão dele?

Isso, e muito mais, é o que vocês vão descobrir lendo uma entrevista cheia de vida e de fé.

  • Quando entrou para o ex-SIC?
Entrei para o ex-SIC no início de 1963.
  • De que cidade/paróquia?
Cidade de Limeira – Paróquia de São Cristóvão.
  • Por que entrou para o seminário?
A idéia de ir para o seminário veio crescendo devagar em mim.
Quanto tinha 10 anos, um Padre Claretiano fez um convite geral no grupo escolar em que estudava.
Manifestei interesse motivado pela importância que os padres representavam para mim e minha família que freqüentava bastante a igreja. Também achava bonito ser padre, ser seminarista, estudar as coisas de Deus etc. Enfim, acho que senti o que dizíamos “chamado”.
  • Quantos anos tinha quando entrou?
Tinha 15 anos.
  • Quando saiu do ex-SIC?
Saí dois anos depois, no final de 1964.
  • Quantos anos tinha quando saiu?
Tinha 17 anos.
  • Por que saiu do seminário?
Naquela época do Concílio Ecumênico as Comunidades Eclesiais tornaram-se muito bonitas, cheias de vida, de jovens que faziam passeios, shows, amizades com pessoas de sexos diferentes etc. E, tudo isso me entusiasmou a deixar o seminário e seguir este novo tipo de vida na própria igreja até pela condição de adolescente que era.
  • O que aprendeu no ex-SIC?
No ex-SIC, além das matérias básicas do ensino curricular, aprendi a conviver com pessoas muito especiais que tinham propostas sinceras de amor a Deus, à Igreja e aos irmãos. Pessoas que tinham um ideal muito elevado, pessoas felizes e muito bem orientadas pelos padres e irmãs que nos acompanhavam.
  • O que faltou aprender?
Pela época, penso que não me faltou aprender mais nada do que me foi proporcionado.
  • O que fez depois que saiu? Estudou o que?
Continuei meus estudos, continuei participando da igreja e trabalhando.
  • Qual sua trajetória profissional após a saída do ex-SIC?
Logo que saí, voltei a costurar sapatos (fazia isso antes). Depois, fui trabalhar no escritório de uma indústria. Depois, fui trabalhar num Banco, por 6 anos. Em 1974, entrei na Caixa Econômica Federal como escriturário. Cheguei a ser gerente de agência e finalmente, em 1984 entrei para o Jurídico da Caixa Econômica Federal onde trabalho até hoje. Ainda, na Caixa trabalhei em Pindamonhangaba, minha primeira gerência, trabalhei em Limeira, e em São Paulo já como advogado, Campinas, Limeira e atualmente em Piracicaba.
  • Trabalha ainda?
Já estou aposentado, mas ainda trabalho.
  • Casou? Tem filhos? Netos?
Casei-me. Tenho três filhos. Um mora na Espanha e as duas filhas moram em São Paulo.
  • Quais as recordações mais marcantes do tempo de ex-SIC?
Nossos jogos de futebol. Os jogos da tarde de domingo. Minhas idas lá bem no fundão do Paierão onde ia para dar catecismo com o Malvestite e o Renso e mais uma irmã que nos encontrava lá. As missas, principalmente as missas cantadas de domingo pelo Padre Vanim. Nossas idas à Fonte Sônia. Enfim, são muitas, o espaço não seria suficiente para citá-las todas.
  • Cite um personagem com que conviveu na época que o impressionou positiva ou negativamente.
Meu amigo particular era o José Carlos Roque, mas tinha amizade com muita gente. Pessoas que me impressionaram, como por exemplo, o Trevisan, o Sales, o Bressan, o Renzo, Dos padres, quem mais me impressionou foi o Padre Hugo e o Padre Vanim.
  • Sobrou alguma mágoa? Qual?
Não tenho nenhuma mágoa, somente saudades.
  • Se voltasse no tempo iria novamente para o ex-SIC? Por que?
Sem dúvida. Por tudo o que lá vivi e por tudo o que o seminário me representou e representa.
  • Quais as principais mudanças que a entrada (e/ou saída) do seminário provocou em você?
Entrei pré-adolescente e saí adolescente, mas, sobretudo, com muito mais experiência da vida em comunidade.
  • Se dedica à Igreja Católica atualmente?
Sim. Atualmente nem tanto, mas fui mais assíduo. Toco teclado na missa do sábado a noite. Faço alguns temas em cursos de noivos sobre a sexualidade humana. Já fui mais participante, mas na minha Paróquia a coisa passou a andar mais devagar e então andei esfriando.
  • Qual sua relação com a religião atualmente?
Gosto de estudar e participar etc.
  • Como você compara a sua religiosidade daquela época com a atual?
Antes era mais fervoroso e menos consciente. Hoje sou mais consciente e menos fervoroso.
  • Como você compara a Igreja Católica daquela época com a atual?
Acredito que a Igreja daquele tempo era mais mística. Hoje penso que seja mais superficial.
  • O que você acha dos reencontros com os ex-colegas do ex-SIC?
Acho que não é verdade que não se pode voltar no tempo. Faço minhas as palavras do Padre Canoas na homilia de nosso último encontro. Nunca nos separamos, sempre estivemos juntos no Coração do Pai.
  • Alguma sugestão?
Sugiro não pararmos e intensificarmos mais nossos encontros, procurando fazer participar aqueles que ainda não se decidiram.
  • Qual pergunta você gostaria de ter respondido e que não foi feita?
Nenhuma no momento.
  • Há algum outro endereço na internet que tenha mais informações sobre você? Algum "link" que você queira divulgar?
Não, não há.
  • Alguma mensagem especial aos outros ex-SIC?
Que não deixe apagar a centelha que nos levou ao coração do Pai onde nos encontramos.


 Geraldo Galli


Agora, basta vocês comentarem.

Vou aproveitar para fazer o meu comentário. Não somente sobre esta entrevista ("Sugiro não pararmos e intensificarmos mais nossos encontros...". "Que não deixe apagar a centelha..."), como também sobre a proposta do Gessé exposta na entrevista da semana passada.

Até o momento, surgiram 2 ideias: Uma é a criação de um grupo "fechado" no "Facebook" ou "LinkedIn" e outra é a formação de grupos regionais, tal qual o da "Pizza do Paierão".

A "Pizza do Paierão" é um grupo de ex-SICs da grande S.Paulo que se reúne, em média, a cada 45 dias e os que participam trocam ideias, recordações, sugestões, emoções, fortalecem relacionamentos pessoais, profissionais etc. O comparecimento varia de 6 e 15 pessoas. Abrange várias épocas do ex-SIC e até anteriores.

A implementação é simples. Basta um organizador (no caso da "Pizza do Paierão" é o Sebastião Costa) avisar o grupo sobre data, hora e local. Aos demais basta comparecer e ajudar a pagar a conta, lógico, pois ainda não conseguimos patrocínio...rsrsrs

Se precisar de dicas, divulgação, convocação por e-mail etc, nós podemos ajudar.

Quem se habilita?



Se alguém tiver mais alguma ideia, basta nos comunicar. Pode ser através de comentário no "blog" (se for anônimo, não esquecer de identificar-se), por e-mail, por telefone ou pessoalmente.

Por hoje é so. Até a próxima.

J.Reinaldo Rocha (62-67)


domingo, 8 de agosto de 2010

"Reencontrar os amigos de tão longínquo tempo foi uma dádiva de Deus"



Tudo o que ele se propõe a fazer ele faz bem feito.

Saiu de "Bate-Pau" para "correr mundo"!

Acredita que o papel desta comunidade (ex-SIC) nas nossas vidas pode ser mais relevante do que é atualmente.  Faz algumas propostas interessantes.

No final eu as comentarei. Mas, antes, leiam as suas respostas repletas de histórias, análises, reflexões e bom humor.
  • Quando entrou para o ex-SIC?
Fevereiro de 1962.
Era a segunda tentativa, já que em 1958, (bons tempos do Cônego Melilo, depois bispo) havia feito o famoso exame de admissão e obtido a nota necessária, mas, ao participar de uma “pelada” durante os dias em que estive no Seminário, sofri um acidente e meu pai, que não gostava muito da idéia, aproveitou e vetou a minha ida. Não acompanhei as discussões entre ele e minha mãe e se foi uma decisão conjunta ou paternalista.
  • De que cidade/paróquia?
Iracemápolis. Não era mais a famosa “Bate-pau” como alguns colegas a conheciam. Isto porque havia lá um time de futebol o famoso C.A.U.I, muito guerreiro e uma torcida mais ainda. Em jogos contra rivais antigos, da região, havia dois eventos: a partida, no tempo regulamentar, e a briga, em seguida, as vezes concomitante. Muito jovem, me lembro que nem sempre as pessoas iam ao campo para o jogo, mas sempre pela briga. Era tão prestigiada (a briga) pela torcida que o critério não era de quem ia jogar, mas de quem ia brigar. Depois surgiram os partidos políticos e aquela festança do futebol foi substituída pelas lides políticas, sem graça até hoje.
  • Por que entrou para o seminário?
Tudo indica que, como muitos outros colegas, por grande influencia da mãe, da religiosidade da família e também pela influencia do pároco, então, Pe Tobias. Mas foi uma combinação muito interessante, porque, adolescente, “cair fora” de casa era lucro puro. Não sabia o que de fato iria encontrar no colégio, mas garanto que foi muito bom.
  • Quantos anos tinha quando entrou?
Velho, com 16 anos. Como tinha sido vetado, aos 12, fiquei lá pela minha cidade fazendo tudo o que a idade nos propiciava. As molecagens (maioria desconhecidas dos pais), nadar no rio, bicicleta, roda pião, caçar aranhas e muitas outras peripécias que a natureza sempre nos estimulou a praticar – êta tempos bons!
  • Quando saiu do ex-SIC?
1966, depois portanto de ter cursado o ginásio e o primeiro ano colegial.
  • Quantos anos tinha quando saiu?
Havia completado 20 anos no dia 6 de novembro, não me sentindo velho como quando entrei, pois à moda de bons slogans políticos, foram 10 anos de desenvolvimento, em 5 anos de colégio. Percebi isto quando fui cursar o 2º ano Clássico, no Colégio Castelo Branco, em Limeira. Meu nível de aprendizado e cultura estava muito além dos colegas da classe, mais novos que eu.
  • Por que saiu do seminário?
Não houve um motivo especial. Antes, a combinação de mente mais lúcida sobre a vida e a certeza de que estava lá por vontade de outras pessoas e por conveniência da época. Só me lembro que não foi fácil voltar para casa e justificar para a família e amigos e conhecidos, pois para todos estar no Seminário era um privilégio que eu estava abandonando. Não deixaria de lado também o fato que naquela idade havia um mundão lá fora para eu viver.
  • O que aprendeu no ex-SIC?
Foram muitas coisas, todas muitos interessantes, ricas, divertidas, das quais elejo: a disciplina, a metodologia, a busca do saber e a vida social. Como entrei mais maduro, pude conviver com os médios e também maiores onde as alternativas eram ricas, para a cultura, o lazer, o pensar, o agir. Pude exercitar, seja nas atividades de rotinas quanto nas opções complementares uma série de quesitos com os quais me depararia na minha vida profissional: a responsabilidade, a administração, a cultura geral. Até hoje me lembro de meu professor de cinema, nosso caro Daólio, a Academia, o Grêmio, o clube de inglês e evidentemente a música. Eu já era ligado em violão e música mas ali encontrei o ambiente adequado. No aspecto social, aprendi a admirar as pessoas com quem convivemos: inteligentes, bons atletas, divertidos, músicos, enfim, os heróis de meu tempo.
  • O que faltou aprender?
Poderia ter aprendido mais? Talvez, mas não posso me queixar, pois creio que aproveitei tudo o que me foi ofertado naquele momento.
  • O que fez depois que saiu? Estudou o que?
Conclui o Colegial no Colégio Castelo Branco, em Limeira, e nas horas vagas, ajudava minha família num comercio em Iracemápolis. À noite me dediquei à minha banda musical, com a qual me diverti muito chegando a me apresentar em clubes da região. Nas demais horas que me sobraram me envolvi com grupos de jovens, moda da época e, evidentemente, meu convívio social na cidade e adjacências ficou muito intenso. Em 68, arrumei meu primeiro emprego de “barnabé”, assistente do diretor administrativo da Prefeitura de Iracemápolis, a maior instituição publica do Município que tinha o Prefeito, este Diretor, um Tesoureiro e eu – foi muito divertido e interessante trabalhar para a comunidade sob a batuta política. Um episódio muito divertido foi emprestar dinheiro para o Prefeito um dos “Ometto” bilionário que queria se livrar de um mendigo e não tinha nenhum trocado no bolso. Entrou para o meu CV, ter financiado um dos maiores grupos usineiros do Brasil (rá,rá,rá).
  • Qual sua trajetória profissional após a saída do ex-SIC?
Ao final de 68, fiz as malas, mandei-me para São Paulo e em 15 dias preparei-me, no bom e famoso Equipe, para entrar na USP. Ciências Sociais e Geografia. Passei nas duas faculdades: naquela época não havia restrição. Fiz Geografia de manhã que consegui apenas concluir o 1º ano e Ciências Sociais à noite, que levei até o final: não tinha tempo para as duas, mais o trabalho.
Tempos difíceis que todos nós vivemos, não é, 68, 69, e anos seguintes. Não atirei nem tomei pedras famosas da rua Maria Antônia, mas estudar nos famosos barracões da cidade universitária foi um grande desafio sob todos os pontos de vista. Marighela, revolução estudantil, não sabíamos, ao certo, se o colega do banco ao lado estava lá para estudar ou para saber das coisas e informar a quem “sem” direito.
Foi um segundo momento de minha exposição ao mundo político, social e urbano, um grande aprendizado, com FHC, Ruth, Florestan, Ianni, as feras do momento.
Para ganhar o pão de cada dia, trabalhei na Editora Abril, na área de RH. Desde lá a luta pelo trânsito, pelo tempo da empresa e o deslocamento para a USP. Carro, ainda estava para chegar.
  • Trabalha ainda?
Nunca mais parei. 9 anos no SESC e em seguida, em grandes empresas, americanas, francesas, gregas, no Brasil, na França, nos Estados Unidos e uma boa andanças pela América Latina. Especializei-me em Catering, Fast Food e muito especialmente em FM Facilities Management – um modelo de administração empresarial de infra-estrutura, muito ligado ao mercado de Real Estate, Mercado Imobiliário.
  • Casou? Tem filhos? Netos?
Casei-me aos trinta anos, e nossos filhos chegaram 6 anos depois. Vivemos uma boa fase de namorados e viajamos muito por este mundão afora. Hoje, os dois filhos, formados na Politécnica, já traçaram suas vidas, e creio que os netos ainda vão demorar pois eles querem voltar para o exterior onde já viveram e estudaram. Família tranqüila, unida e vale lembrar, todos músicos. Piano, flauta, violão, etc.
  • Quais as recordações mais marcantes do tempo de ex-SIC?
Diversas experiências e oportunidades, dentre as quais destaco as excelentes condições para estudar, praticar esportes, cultura e principalmente pensar. Lá tínhamos toda a matéria prima para refletir sobre a vida, a espiritualidade, o mundo a sociedade. Pensar, uma tarefa difícil e não muito presente nos dias de hoje.
  • Cite um personagem com que conviveu na época que o impressionou positiva ou negativamente.
Admirei muitos colegas, alguns mais distantes na idade e no papel que tinham no grupo todo. Dentre os padres, o Canoas e o Vanin com sua criatividade e pragmatismo, respectivamente, mas não tiraria estilos fortes e muito influenciadores de todos os demais docentes. Dentre os alunos, vários me chamaram a atenção, mas especialmente dois que, mesmo podendo “arrebitar” o nariz, sempre mostraram uma humildade e simplicidade que muito admirei. Eles eram o Bruninho e o Caio. Os bons de bola sempre foram admirados por todos nós, especialmente nos grandes jogos do domingo. Se o Dunga estivesse lá, teria boa matéria prima para não passar o vexame que passou na África.
  • Sobrou alguma mágoa? Qual? .
Não diria, mágoa, mas os dois grandes desafios daquela época, estou seguro, foram exatamente entrar e sair do Seminário. De fato, deixar a família, a cidade, a cultura e asilar-se num novo mundo, não competitivo, mas muito exposto foi muito marcante. Deixar aquilo tudo e voltar para o antigo ambiente, que também estava mudado exigiu uma nova e grande adaptação. Acho que não nos preparamos nem para uma quanto para outra mudança. Isto não estava bem resolvido e não sei se o ficou depois.
  • Se voltasse no tempo iria novamente para o ex-SIC? Por que?
Mesmo com as mesmas condições desafiantes que acabo de apontar, a única mudança seria a de ter entrado antes, quando do primeiro teste que fiz. Teria ganho mais tempo e certamente avançado muito mais na formação acadêmica e geral que havia lá, muito melhores do que as que encontramos fora do colégio..
  • Quais as principais mudanças que a entrada (e/ou saída) do seminário provocou em você?
Deixar um ambiente social e urbano muito simples onde vivi e encontrar todas as oportunidades e desafios do Seminário foi um choque excepcional de formação, informação e cultura. O gosto pelo estudo, a disciplina tanto para os deveres quanto para os prazeres, num regime muito descontraído e sociável, foi um ganho muito importante na minha vida. Há bem pouco tempo, de minha chegada no Seminário, eu nascia e vivia num sitio, numa família de 14 filhos, num regime de produção de auto suficiência e morava numa casa sem energia elétrica. Imaginem! Aprendi a nadar no rio, caçava passarinhos que minha mãe fritava (não podia jogar fora), brincava no “terreiro” à luz da lua e tomava 2 refrigerantes por ano, um no Natal e outro no Réveillon e meu pai me levava para colher laranjas no nosso pomar. Agora entendem porque sempre digo que era feliz e sabia?
Sair do Seminário me impactou muito pouco, do ponto de vista cultural, mas sim do psicológico frente às expectativas da família, do pároco de Iracemápolis, dos amigos. Voltar do Seminário era como fazer parte da seleção do Dunga, na copa da África. Todavia ninguém morreu por causa disso e também não creio que a santa madre igreja reduziu seu acervo de santos, com a minha saída.
  • Se dedica à Igreja Católica atualmente?
Mantenho o interesse e o esforço para participar das missas apenas, mas sempre ocasionalmente. Minha esposa também estudou em colégio de freiras e sempre levamos os filhos pequenos e jovens conosco a estas missas para completar a formação católica que lhes propiciamos. Mas a prática religiosa, está reduzidíssima.
  • Qual sua relação com a religião atualmente?
Vou a missas quando todas as oportunidades favoreçam, contudo está muito desmotivador. Chego a trocar várias vezes de igreja aqui em São Paulo para encontrar uma onde os ritos, a filosofia e o oficiante estejam mais para nosso tempo do que a “modernidade” que se pretende implantar na igreja atual. O “sermão” é hermético, mal estruturado, as musicas e os cantores os piores da face da terra. Fazer sacrifícios pelos irmãos é moleza comparado com o assistir e participar das missas de hoje. Estudei religiões e crenças alternativas no tempo de faculdade e observo a grande expansão das igrejas alternativas de hoje com os seus shows de marketing, mídia, música e vejo que a igreja católica não encontrou ainda o seu caminho e a melhor comunicação com a comunidade. Não estou entrando no mérito da face teológica, das igrejas, pois não me sinto capaz, e sim no seu lado prático e social e também midiático.
  • Como você compara a sua religiosidade daquela época com a atual?
Creio que a mantenho do mesmo jeito, mas sou muito mais seletivo hoje para os momentos e oportunidades em que recorro ao meu lado espiritual. Vez ou outra entro numa igreja, vazia, escura, lampadinha fraca no altar e lá sim, consigo reencontrar o elo perdido que eu tinha conhecido na adolescência, lá no Seminário.
  • Como você compara a Igreja Católica daquela época com a atual?
A minha leitura da época foi influenciada pela minha cultura e exposição frente as práticas religiosas como hoje também leio muito mais entrelinhas do que de fato me fazer conhecer. Mas insisto que eu me sentia mais protegido, tanto do ponto de visto espiritual quanto psicológico naquela época do que hoje. Chego mesmo a ver a igreja de hoje como uma enorme empresa mundial de Real Estate (minha formação profissional é neste campo), em que os ativos imobiliários e físicos obrigam a igreja e seus dirigentes a se manterem no poder que sempre tiveram. É proteção do território.
  • O que você acha dos reencontros com os ex-colegas do ex-SIC?
Sensacionais, divertidos e emocionantes muitas vezes. Reencontrar os amigos de tão longínquo tempo foi uma dádiva de Deus, pois a cada dia, sinto que os amigos são o nosso melhor patrimônio. São tantas as emoções, já diria o grande Roberto, que a gente quer sempre se reencontrar, e saber mais e mais de cada um, por onde andou, o que faz, enfim, um verdadeiro reencontro de amigos perdidos no tempo e espaço. É um pena que nem todos consigam participar, seja por desinteresse, o que é estranho, ou por impossibilidade, muitas irreparáveis, pois o ideal seria reunir todo grupo e sempre.
  • Alguma sugestão?
Acho que poderíamos propiciar nos nosso encontros um momento em que cada um possa abordar o grupo todo para contar ainda que resumidamente sua trajetória, pois mesmo que informalmente isto aconteça, talvez de forma mais organizada, pudéssemos reencontrar e conhecer muito mais experiências desconhecidas de todos. Creio mesmo que seria muito bom se pudéssemos aproveitar estes encontros para criar novos laços e oportunidades de realizar conjuntamente projetos atuais de vida seja profissionalmente, seja socialmente. Poderíamos ajudar uns aos outros, seja para uma necessidade pessoal, importante ou um apoio profissional. Tenho brincado com os colegas da “Pizza” sobre fundar uma nova igreja, criar um partido apolítico, fazer uma campanha. Há tempos venho tentando estruturar uma organização que se chama “Nothing To Do”, mas está difícil por que sempre tem alguém que quer fazer alguma coisa, o que contraria frontalmente a missão da empresa.
  • Qual pergunta você gostaria de ter respondido e que não foi feita?
Seria: que mais podemos fazer, nos EX-SIC, juntos além dos encontros? Resposta: um sistema de help onde cada um pode pedir ajuda, informação ou sugestão para atender necessidades e projetos pessoais. Numa sociedade tão rica de informações nem sempre temos acesso a elas quando precisamos na hora e local certos.
  • Há algum outro endereço na internet que tenha mais informações sobre você? Algum "link" que você queira divulgar?
Como sou presidente vitalício (Será que estou lendo muito sobre os Chávez, Evos, Castros e Lulas da vida?) dos Congressos de Infra Estrutura, (ver: www.congressoinfra.com.br) estou sempre na mídia do setor.
  • Alguma mensagem especial aos outros ex-SIC?
É um privilégio reencontrar tantos amigos de mais de 50 anos e as oportunidades de convívio, qualquer que seja a forma, são inúmeras que todos devem aproveitar os contatos e a comunicação para renovar o network. Alvin Toffler diz que a riqueza revolucionária do futuro é o conhecimento; um grupo como o nosso pode sintetizar e compartilhar. Por que não compartilhar? Espero que todos tenham a oportunidade para contar um pouco de sua historia passada e também a futura.
Grande abraço a todos e que nos vejamos sempre!




Gessé Campos Camargo




O que acharam das propostas que ele fez? Interessantes?

Como operacionalizá-las?

Para uma delas sugiro criarmos na LinkedIn, ou Facebook, um grupo exclusivo dos ex-SICs  "onde cada um pode pedir ajuda, informação ou sugestão para atender necessidades e projetos pessoais".

Para quem não conhece, Facebook e LinkedIn são "redes sociais". A LinkedIn é mais voltada a contatos profissionais. Já tentamos, no passado, criar grupo semelhante no Yahoo, mas a adesão foi muito baixa. Talvez agora, em outro contexto, possamos ter mais sucesso.

Mais que nunca aguardamos seus comentários.

Sugiram como podemos operacionalizar estas propostas. Não deixemos morrer esta ideia!

Se preferirem, enviem mensagem para ex.sic.1955@gmail.com

OBS: Se comentar como anônimo, não esqueça de identificar-se.

[]'s a todos e até a próxima.

J.Reinaldo Rocha(62-67)