Esta é a segunda de uma série de entrevistas/depoimentos que estamos publicando com nossos colegas que frequentaram o ex-SIC.
O entrevistado de hoje foi um padre que submeteu seu namoro à votação da comunidade e perguntou ao bispo se podeira continuar namorando!
Além desta e outras aventuras, leiam uma entrevista cheia de sinceridade e emoção.
Mais uma vez não resisto à tentação de deixar a identificação do entrevistado para o final da publicação.
Havia lá uma jabuticabeira e me lembro que o Jorge Velho (o "Onça"), meio grandinho em comparação com os demais, subiu num galho e o galho quebrou e ele beijou o chão.
Não sei dizer com exatidão (o Grego tem tudo na "ponta da língua") o ano que o seminário fechou, o ano que a PUCCAMP tomou conta, o ano em que fui morar com outros padres numa casa em frente ao seminário (junto com o Malvestiti, Pedro Piacente - Lota - e Ferraro, recém chegado da Suíça)
Ah, e dava aulas na PUCCAMP, no Colégio Pio XII e numa Faculdade em Mogi Mirim.
(1) anunciei a minha decisão à comunidade e me submeti à votação popular: "vocês acham que devo continuar a exercer o sacerdócio mesmo namorando?".
(2) A maioria concordou: sim, poderia.
(3) O Malvestiti levou a questão ao bispo ... na época, D. Antonio Siqueira. Quanta inocência!!! Claro que ele não permitiu.
(4) Então anunciei à comunidade que não poderia mais atuar, mas que continuaria a frequentar a comunidade como um leigo. E foi o que fiz, até casar e mudar para Taubaté, onde fui trabalhar no Senac.
Nesse ínterim, recebo um telefonema do Francisco Aparecido Cordão (ex-seminarista de São Paulo, meu colega no curso de Pedagogia supra-citado ... ele é o ex-seminarista mais padre que eu conheço ... é um cara muito atuante na Educação Nacional e faz parte do Conselho Nacional da Educação). Bem, recebo um telefonema do Cordão, que se preocupava com os "ex" (padres e seminaristas) e me perguntou se queria fazer uma entrevista para entrar no SENAC. Aceitei, entrei como Técnico de Formação Profissional, fui designado para Taubaté. em 1977 fui designado para São Paulo e saí em 1983. Em 1984 entrei no Itaú, como Analista de Treinamento e depois Gerente, onde fiquei até 1996. Depois disso, tenho feito trabalhos de consultoria em Recursos Humanos.
Família: esposa Marlene, 10 anos mais jovem; Amós, filho, 30 anos, solteiro, mora sozinho em apartamento no centro de SP, trabalha na SERPRO, técnico de rede, faz Ciências da Computação; Lucas, filho, 29 anos, solteiro, professor de educação física em academias, mora conosco.
Mas há muitas recordações. Precisaria de um tempo para relatar de forma a despertar interesse.
- Se o destino está traçado, como dizem muitos, a pergunta não tem cabimento.
- Se nós é que fazemos o nosso destino, aí temos que discordar pois há muita coisa que depende do puro acaso. Se querem um bom conselho, comprem e leiam: "O Andar do Bêbado". Traz muitos casos para mostrar o papel do acaso na vida das pessoas. Se quiserem mais detalhes, perguntem ao Camarguinho que leu e gostou também.
- Houve decisões que dependeram de mim. Por exemplo: houve um momento em que quase saí do seminário, um momento assim bem forte. Quando? Em 1953, quando estava no 1° ginasial. Meus pais foram me visitar, levaram papel para encapar e guloseimas, claro! Aí peguei e fui guardar na minha carteira, antes de eles irem embora. Aí quase fui às lágrimas, tive que lutar muito para não chegar e dizer a eles "quero ir embora". Me deu um nó na garganta. Minha mãe deve ter percebido e perguntado alguma coisa, mas eu, machão, não ia entrar nessa (pois meu irmão já não estava mais comigo, tinha ficado em casa).
- Houve acasos que poderiam ter mudado completamente minha vida. Por exemplo: eu havia sido escolhido pelos padres para ir estudar Filosofia em Louvain. Porém, como meu colega Aquiles von Zuben tinha um tio padre que iria garantir dinheiro para a passagem e outras despesas, fui preterido e ele foi no meu lugar. O que teria sido de mim se tivesse ido para estudar em Louvain?
Mas mudanças mesmo ??? ... acho que os valores continuam os mesmos. Acho que os traços de personalidade também. Quando reparo nos nossos encontros em algumas pessoas com quem mais convivi (Grego e Talpo), por exemplo, vejo como os traços identificadores são os mesmos (voz, posição corporal, seus sistemas de pensamentos, por exemplo, mais práticos ou mais inquisidores). Enfim, acho que eles também me acham muito parecido, em algumas coisas, com o que eu era quando era seu professor.
Em Agosto tivemos a grata surpresa de ter sido informados do "site" que o Daólio criou para divulgar assuntos de Recursos Humanos Corporativos (Aqui tem RH).
Eis o "link" para que todos leiam o seu rico conteúdo:
http://www.aquitemrh.com.br
É o mestre Daólio nos brindando uma vez mais com seu vasto conhecimento.
O entrevistado de hoje foi um padre que submeteu seu namoro à votação da comunidade e perguntou ao bispo se podeira continuar namorando!
Além desta e outras aventuras, leiam uma entrevista cheia de sinceridade e emoção.
Mais uma vez não resisto à tentação de deixar a identificação do entrevistado para o final da publicação.
- Quando entrou para o seminário?
- Saiu de que cidade/paróquia?
- Por que entrou para o seminário?
Havia lá uma jabuticabeira e me lembro que o Jorge Velho (o "Onça"), meio grandinho em comparação com os demais, subiu num galho e o galho quebrou e ele beijou o chão.
- Quantos anos tinha quando entrou?
- Quais seminários frequentou?
- Quando se ordenou?
- Quantos anos tinha quando se ordenou?
- Quando começou a trabalhar no ex-SIC?
- Que atividade(s) ocupou no ex-SIC?
- Quando deixou de trabalhar no ex-SIC?
Não sei dizer com exatidão (o Grego tem tudo na "ponta da língua") o ano que o seminário fechou, o ano que a PUCCAMP tomou conta, o ano em que fui morar com outros padres numa casa em frente ao seminário (junto com o Malvestiti, Pedro Piacente - Lota - e Ferraro, recém chegado da Suíça)
Ah, e dava aulas na PUCCAMP, no Colégio Pio XII e numa Faculdade em Mogi Mirim.
- O que fez depois?
- Por que "deixou a batina"?
(1) anunciei a minha decisão à comunidade e me submeti à votação popular: "vocês acham que devo continuar a exercer o sacerdócio mesmo namorando?".
(2) A maioria concordou: sim, poderia.
(3) O Malvestiti levou a questão ao bispo ... na época, D. Antonio Siqueira. Quanta inocência!!! Claro que ele não permitiu.
(4) Então anunciei à comunidade que não poderia mais atuar, mas que continuaria a frequentar a comunidade como um leigo. E foi o que fiz, até casar e mudar para Taubaté, onde fui trabalhar no Senac.
- Houve alguma represália da parte da Igreja por isso?
- Qual sua trajetória profissional após "deixar a batina"?
Nesse ínterim, recebo um telefonema do Francisco Aparecido Cordão (ex-seminarista de São Paulo, meu colega no curso de Pedagogia supra-citado ... ele é o ex-seminarista mais padre que eu conheço ... é um cara muito atuante na Educação Nacional e faz parte do Conselho Nacional da Educação). Bem, recebo um telefonema do Cordão, que se preocupava com os "ex" (padres e seminaristas) e me perguntou se queria fazer uma entrevista para entrar no SENAC. Aceitei, entrei como Técnico de Formação Profissional, fui designado para Taubaté. em 1977 fui designado para São Paulo e saí em 1983. Em 1984 entrei no Itaú, como Analista de Treinamento e depois Gerente, onde fiquei até 1996. Depois disso, tenho feito trabalhos de consultoria em Recursos Humanos.
- Trabalha ainda?
- Casou? Tem filhos? Netos?
Família: esposa Marlene, 10 anos mais jovem; Amós, filho, 30 anos, solteiro, mora sozinho em apartamento no centro de SP, trabalha na SERPRO, técnico de rede, faz Ciências da Computação; Lucas, filho, 29 anos, solteiro, professor de educação física em academias, mora conosco.
- Quais as recordações mais marcantes do tempo de ex-SIC?
Mas há muitas recordações. Precisaria de um tempo para relatar de forma a despertar interesse.
- Cite um personagem com que conviveu na época e que o impressionou positiva ou negativamente.
- Sobrou alguma mágoa? Qual?
- Se voltasse no tempo trilharia novamente os mesmos caminhos? Por que?
- Se o destino está traçado, como dizem muitos, a pergunta não tem cabimento.
- Se nós é que fazemos o nosso destino, aí temos que discordar pois há muita coisa que depende do puro acaso. Se querem um bom conselho, comprem e leiam: "O Andar do Bêbado". Traz muitos casos para mostrar o papel do acaso na vida das pessoas. Se quiserem mais detalhes, perguntem ao Camarguinho que leu e gostou também.
- Houve decisões que dependeram de mim. Por exemplo: houve um momento em que quase saí do seminário, um momento assim bem forte. Quando? Em 1953, quando estava no 1° ginasial. Meus pais foram me visitar, levaram papel para encapar e guloseimas, claro! Aí peguei e fui guardar na minha carteira, antes de eles irem embora. Aí quase fui às lágrimas, tive que lutar muito para não chegar e dizer a eles "quero ir embora". Me deu um nó na garganta. Minha mãe deve ter percebido e perguntado alguma coisa, mas eu, machão, não ia entrar nessa (pois meu irmão já não estava mais comigo, tinha ficado em casa).
- Houve acasos que poderiam ter mudado completamente minha vida. Por exemplo: eu havia sido escolhido pelos padres para ir estudar Filosofia em Louvain. Porém, como meu colega Aquiles von Zuben tinha um tio padre que iria garantir dinheiro para a passagem e outras despesas, fui preterido e ele foi no meu lugar. O que teria sido de mim se tivesse ido para estudar em Louvain?
- Quais as principais mudanças que a entrada (e/ou saída) do seminário(e/ou sacerdócio) provocou em você?
Mas mudanças mesmo ??? ... acho que os valores continuam os mesmos. Acho que os traços de personalidade também. Quando reparo nos nossos encontros em algumas pessoas com quem mais convivi (Grego e Talpo), por exemplo, vejo como os traços identificadores são os mesmos (voz, posição corporal, seus sistemas de pensamentos, por exemplo, mais práticos ou mais inquisidores). Enfim, acho que eles também me acham muito parecido, em algumas coisas, com o que eu era quando era seu professor.
- O que você acha dos reencontros com os ex-colegas do ex-SIC?
- Alguma sugestão?
- Qual (ou quais) pergunta(s) você gostaria de ter respondido e que não foi(foram) feita(s)?
- Alguma mensagem especial aos outros ex-SIC?
Luis Carlos Daólio
Aí está. Aguardando seus comentários.
J.Reinaldo Rocha
Em Agosto tivemos a grata surpresa de ter sido informados do "site" que o Daólio criou para divulgar assuntos de Recursos Humanos Corporativos (Aqui tem RH).
Eis o "link" para que todos leiam o seu rico conteúdo:
http://www.aquitemrh.com.br
É o mestre Daólio nos brindando uma vez mais com seu vasto conhecimento.
OBS: A medida que as entrevistas forem sendo publicadas, os respectivos "links" das publicações estarão na seção "Personalidades" do nosso "site" (experimente clicar aqui), coluna "Mais Informações".
Querido amigo
ResponderExcluirSuas respostas me proporcionaram maior grau de admiração por você.
Quanto ao desejo de encontros de diálogos mais profundos coincide com o que penso e espero. Vamos batalhar por suas realizações.
Aluizio
Há muitas coisas a dizer, mas para começar, um recado ao Grego: mais um grande acerto essa iniciativa das entrevistas pois é uma excelente forma de nos conhecermos melhor. O hoje é muito diferente do ontem e extremamente rico comprovando que nossa formação foi um tesouro para todos que passaram pelo Seminário. Daólio, você foi maravilhosamente inspirado, corajoso, ético e verdadeiramente cristão em sua trajetória. Gostaria de ter te conhecido melhor há mais tempo. Obrigado pela lição de vida que você me passou. Abraços,
ResponderExcluirJoão Carlos Wiziack
019 9219 4697
Observação: essa nova idéia e vontade de realizar é do Jose Reinaldo Camilotti ROCHA e como assessor o Vicente de Paulo Talarico Adorno.
ResponderExcluirDaólio,
ResponderExcluirMeu abraço pela fantástica entrevista que saiu do fundo da alma. O Aluizio já tinha mesmo demonstrado a vontade de debates mais profundos, que acredito já possam acontecer no próximo encontro, já que o Eremon propicia condições técnicas para isso. Além disso, essas entrevistas também estarão fornecendo farto material temático. Outra coisa: eu não disse que Elias Fausto existia? Agora, já tenho uma testemunha!
Um grande abraço,
O Luiz Carlos Daólio não é do meu tempo(63/65),
ResponderExcluirmas,em duas oportunidades(IX E X ENCONTRO),tive
o prazer de conhece-lo.Foram rápidas palavras;
mas não faltará ocasião para dialogarmos melhor.
DURVAL.
Grande amigo Daólio! Adorei sua entrevista, valeu!! Lembro-me de vc no Seminário aqui em Campinas, mas vc vem de mais longe... 1952... Sorocaba... Quantas Galáxias... e deu tempo de alcançar vc no SIC, nossa Via Láctea!
ResponderExcluirUm abraço, amigão!
Lúcio
Daólio,
ResponderExcluirParabéns e acredito que você resumiu,sobretudo, o pensamento da década de 60 vigente nos seminários. Em ambas as estrevistas matei o autor logo na primeira fase. De qualquer forma receba um abraço anonimo.
Foi muito bem ler essa entrevista e verificar como a vida nos prega algumas surpresas. Mas o importante é a coerência que procuramos viver mesmo tendo que superar situações muito difíceis. A mudança da vida sacerdotal para tornar-se novamente um leigo, não é fácil.
ResponderExcluirObrigado e um abraço
Herminio.
Caro mestre Daólio! Não o chamamos de mestre somente por carinho mas também, e principalmente, por admiração. Quem conviveu com você certamente teve um bom modelo para se espelhar e aprendeu muito; a começar pela tranquilidade com que você encara todos os desafios e percalços da vida.
ResponderExcluirParabéns pela entrevista. Um grande abraço.
Fadel