(Essa página pertence ao blog que está no site: http://sites.google.com/site/exsicampinas que conta a história completa do Seminário da Imaculada de Campinas-SP entre os anos 1955 e 1972 e também dos Seminários anteriores D.Barreto e Diocesano)
São 150 alunos entre 11 e 20 anos de idade e 12 superiores, na foto acima, clique sobre ela para aumentar.
Nessa fota ainda não estão as freiras (a Madre e uma auxiliar. Duas freiras na cozinha, uma na copa e uma no refeitório. E uma na lavanderia e atendimento externo.
Os empregados: um faxineiro nos dormitórios e quartos dos padres. Dois faxineiros nos pátios. Um para serviços gerais, mais dois no corte de lenha e carpintaria. E o secretário geral.
Esse era o quadro humano desse Colégio interno conhecido como Seminário. Existiam algumas outras formas de CI e acho que o mais famoso foi retratato por Raul Pompéia em O Ateneu. Porém o Seminário tinha o objetivo maior que era encontrar vocações sacerdotais.
Porém, interessa mostrar aqui como isso funcionava. Vamos lá.
A figura maior era o Bispo, que apenas visitava de vez em quando. Sua autoridade era estendida ao Reitor e Vice Reitor. Agora, puxando pela memória e recordando, o nosso Reitor estava sempre presente mas de maneira surpreendente, isto é, nunca se sabia se iria entrar de repente no refeitório, aparecer nos recreios, nos dormitórios... Ah! sim, me deu um arrepio agora; lembrei-me de um fato: dormitório, ou melhor banheiros, hora do banho depois do esporte. Todo mundo agitado ainda e só tínhamos 20 minutos. Portas batiam, o barulho dos chuveiros (gelados), correria, toalhas voando para o ar e muita conversa. De repente alguém gritou: Monsenhor Bruno!! - Quem?!!!-berraram alguns. -Monsenhor Bruno!!!- a voz berrou de novo. Não era possível! O espanto traduzia medo porque era o Reitor aparecer no dormitório bem na hora do banho. Se ele estava alí era porque vinha para estraçalhar. E era verdade! Quando aquela figura, trajada em batinha negra, entrou no dormitório uma onda de silêncio foi invadindo o corredor e penetrou lá no fundo.... Quem conseguiu entrou em um chuveiro ou wc e ficou esperando para ver o que ia acontecer. Quem não conseguiu encostou nas paredes e viu quando o velho apontou na curva da porta. De mãos para trás fulminava todo canto com um olhar terrível, procurando foco nas lentes dos óculos. Bem, porque todo esse medo? Primeiro porque depois de toda inspeção ele sempre tinha um sermão sobre higiene, educação, comportamento e sempre tinha um castigo e o pior deles era ser suspensa alguma das coisas que mais gostávamos: ou um dia de esporte, ou a sessão de cinema ou então a pior de todas, se ele apurasse algo individual, mandava o sujeito para o quarto e então tchau... se fosse caso grave ele não hesitava em "mandar embora", como dizíamos. O Reitor representava a "mão de ferro" do sistema. Depois, haviam tres cargos importantíssimos porque seus titulares acompanhavam a omunidade o tempo todo. O Ministro de Disciplina, o Ministro Espiritual e o Prefeito dos Estudos. Eram três padres que se revezavam no acompanhamento de todas as atividades.
A vida na Comunidade exigia muitas tarefas e então os alunos eram escalados para elas. Algumas eram semestrais e outras semanais. Toda sexta-feira o "chefe" do Conselho dos Maiores anunciava durante o jantar a "pauta da semana", que era supervisionada pelo Ministro de Disciplina. Os escalados começavam no sábado. Vejamos então: As tarefas semanais: - Serventes (serviam as refeições) - serventes extras (ajudavam na limpeza, após as refeições). Varredores dos pátios e das classes, nas missas: leitores, acólitos(diário), cerimoniário, turiferário. Roupeiros (levavam os sacos de roupas para a lavanderia toda 2a. feira e buscavam no sábado a tarde). As tarefas semestrais: Monitor, Roupeiro (tomava conta da rouparia), sapateiro(contato com o sapateiro externo), Doceiros (barzinho), Boleiro(materiais esportivos), Bibliotecários e enfermeiros... acho que não me esqueci de algum outro. Também eram escalados líderes de limpezas para os sábados. E para cada líder de cada local eram escalados seus auxiliares de forma que todos participavam da "limpeza geral" toda tarde de sábado. Um final de semana encerava-se o andar de baixo e no seguinte o andar de cima. Também havia os representantes da "democracia"... sim...sim...no meio de tanta disciplina os alunos também eram representados. Cada classe tinha um líder e os líderes das classes do Ginásio formavam o Conselho do Ginásio e esse tinha um Presidente ou como chamávamos, o Chefe do Conselho. Mesma formação para o Colegial. Outra importante escalação era a formação da Diretoria do Gremio e Academia Literária. Eram formados pelo Diretor, um superior, o Presidente, Vice, 1o.secretário, tesoureiro e bibliotecário. Haviam sessões mensais e a escalação saia no início do semestre. As sessões seguiam na ordem: Abertura pelo Diretor, Palavra do Presidente, Leitura da ata anterior, Crítica da sessão anterior, apresentações( poesias, prosas, discursos e jograis). No final o improviso. Era sorteado um nome que falaria sobre alguma coisa, por isso todos iam mais ou menos preparados com algum assunto na cabeça.
Tudo isso dá uma noção da vida interna e para completar aqui vai a rotina dos dias:
6:00 - levantar 6:20 Oração da manhã e missa 7:00 Café 7:30 1a.aula 8:20 2a.aula 9:10 3a.aula 10:00 lanche 10:20 4a.aula 11:10 5a.aula 12:00 almoço 13:30 estudo 15:00 lanche e esportes 17:00 banho 17:30 leitura espiritual 18:00 jantar 19:30 terço 19:50 estudo 21:00 oração da noite 21:30 Dormir
Sábado: a tarde, limpeza geral, esportes, banho e ensaio da missa do domingo. Jantar, recreio, cinema, show ou teatro.
Domingo: levantar as 7:00 Missa Solene Manhã livre (jogos, leitura, conversas, etc). A tarde, livre, esportes com as seleções, jantar, recreio, benção do SS e dormir
Bem, na próxima abordaremos o aconteceia dentro de cada atividade dessas.