quarta-feira, 24 de junho de 2009

DO LADO DE LÁ...











De 1955, ano da inauguração do SIC, até 1966, passávamos o ano letivo todo sem sair fóra dos quatro muros. Antes do SIC, nos outros Seminários que o antecederam os seminaristas passavam o ano todo mesmo, internos. Só tinham permissão para passar alguns dias com a família, no final do ano. E família se entendia a casa dos pais. Nada de visitar parentes. Depois foram aceitas as férias de julho e dezembro/janeiro. No começo dos anos 60 já haviam as saídas bimestrais em fins de semana. Os que não eram retidos para ajudar na Catedral, na semana santa, podiam passar a semana toda em casa, digo na sua paróquia. Em 1967 começou o sistema de semi-internos. O pessoal da redondeza vinham de manhã e iam para casa depois do estudo da tarde ou dos esportes. Também em 1967 acabou o Colegial interno e as classes passaram para o Colégio de Aplicação Pio XII. Lá mesmo onde um dia também fora Seminário, chamado de Diocesano. Em 1972 fomos todos para "rua". O Seminário era apenas para dar abrigo.

Internos, semi-internos, externos, o que significou isso?

A idéia inicial do internato, para quem pretendia seguir a carreira religiosa, bem como as outras ordens, era afastar o jovem, desde cedo, da maldade do mundo. Tudo na Igreja era voltado para Deus. Encontrar com Deus, salvar a alma, ir para o céu e para isso se necessário enfrentar sofrimentos, aceitar penitências e entregar a própria vida, se necessário fosse. Para isso a Igreja tinha uma infinidade de regras, ritos, celebrações, mandamentos, orações, etc. Também eram mantidas as congregações leigas e quando se saia do Seminário, ia-se para casa, encontrava-se um ambiente muito familiar, mas onde o seminarista tinha que começar a aprender a liderar. Mas, seguindo orientações do Concílio Vaticano II, deu-se a abertura total do Seminário. As comunidades paroquiais foram também se modificando de maneira que desapareceu o antigo ambiente acolhedor para o seminarista. Os leigos tomaram a liderança, através de pastorais, que os seminaristas não podiam acompanhar. Verdade é que até hoje os padres não acompanham, apenas controlando o que acontece nessas lideranças, dado que são muitas e sairam de dentro da Igreja, para as ruas. Assim a Teologia, a visão, a prioridade pelo sagrado deu lugar para o próprio "Homem". Pobres, excluídos, trabalhadores, o social, passaram a ser temas nos próprios cultos. Apenas se manteve um restinho de sagrado, através do padre, na consagração e comunhão. Demais, até os leigos passaram a pregar, com apenas alguma formação como ministros. Apesar de estar sob a vigia do pároco, trouxeram para baixo a formação Teológica, a permissão para esses leigos expressarem suas visões, interpretações e passar isso em forma de "palavra de Deus". Então depois dos anos 60 os Seminários Tridentinos não tinha mais função na formação dos seminaristas. Aí começo a falar por experiência própria. Ir para o colégio fóra trouxe um desafio maior. De preservados da maldade do mundo fomos lançados a ele. No colégio, por exemplo, aos 16 anos de idade, encontramos nossa classe do Clássico lotada de belas garotas, com quem encontrávamos todo dia. Fizemos amizades com elas e também com os rapazes que tinham opiniões muito diversas da nossa, sobre ser seminarista, querer ser padre. Nunca ouvimos no novo ambiente, nada de encorajador, ao contrário, todos queriam é acabar logo o colégio e ir embora. O problema é que ao longo dos anos passados internos, nos tornamos materialmente dependentes do Seminário. Quem possuia condições e apoio da família foi-se rápido, mas a maioria teve que ir amadurecendo sua saída. Ao atravessar os muros a gente se sentia muito comum, as vezes até com sentimento de inferioridade, com muita cultura que nada valia diante do materialismo crescente. Isso alastrou-se pelo Seminário Maior, que também foi substituido pelo estudo na Faculdade e vivência em repúblicas. Deu-se que todos se perderam. Veio então a famosa "crise de vocações", paralelamente com um número alarmante de pedidos de dispensa dos padres. Estava difícil para nós seminaristas, conseguir enxergar a figura especial do padre nas ruas e na própria vida das paróquias. Abandonaram a vestimenta (batina) e passaram a uma figura comum, incógnita, quase que escondida no meio do povo. Ameaçava a ser uma profissão comum, mal remunerada, se o padre não procurasse um bico, como dar aulas. Muitas pessoas que tem uma vaga noção da formação religiosa sempre se pronunciam pela Filosofia do "eu acho". Eu acho que o padre deveria se casar.... eu acho que eu tenho meu próprio Deus... etc. Então é preciso que eu mostre aqui o que, pelo menos, era ser padre. Como se definir e bater o martelo aceitando ser celibatário, resignado, cumpridor de deveres dia e noite e manter o controle sobre si mesmo e sobre sua comunidade. Coisas que profissões comuns não tem. Ser padre é ter incorporado em si, conceitos espirituais, adquiridos por anos de preparação, isolamento pessoal em meditação e tentando compreender sua missão. Para isso, haviam ritos que desde o Seminário menor passaram a ser parte de sua vida. Para isso, haviam manuais, livros de regras e orações, bem como comportamento e obediencia. Não dava e acho que ainda não dá, para se conseguir tudo isso, ouvindo profanos dia a dia, quando deveria ouvir seus mestres de vocação. É impressionante ver, salvos os antigos, como os padres estão vulgarizados. Alguns parecem até distantes da própria missão, atendo apenas quando estão no altar. Para terminar me lembrei agora da história, quando Pedro fugia de Roma e na via Ápia encontrou Jesus Cristo em caminho contrário e Pedro perguntou-lhe: Quo vadis Dómine? E Cristo disse-lhe: Vou para lá terminar a sua missão. E envergonhado, Pedro voltou para ser crucificado em Roma.

As fotos de Campinas, acima: a R. 13 de maio. Naquela época ainda não era calçadão e por ela passava o Bonde. Lembro-me que em 1966, depois de passar pelo Dr. Paulo Ariani, segui o amigo PCT e fomos em uma ótica comprar o primeiro óculos. Também ao deixar a estação ferroviária, em outra foto aqui, entrávamos na 13 de maio e descíamos até encontrar o bonde que ia até o cemitério da saudade, no bairro Swift. De lá caminhávamos até o Seminário. Mais uma vez eu seguia o PCT que ao andar naqueles ônibus coletivos tinha ânsia de vômito....rs...rs...

O colégio Pio XII, símbolo total de mudança na nossa vida.

O pátio dos leões da UCC, hoje PUCAMP, quando ainda não havia Campus e onde começamos a fazer qualquer faculdade profana na área social.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

FOI-SE E NÃO MAIS VOLTOU...RECORDANDO.




Grego, bom dia! Pois é, amigo, que chato saber do falecimento do Sturaro, né? Se bem que todos nós estamos aqui apenas passando. Você já leu o sermão de Vieira"QUO VADIS"? Vieira diz: "EX UTERO AD TUMULUM", mas eu acho que ele deveria ter dito de outra forma, pois nossa vida não termina no "tumulum", pois nós viemos de Deus e para Deus voltamos, não assim mesmo? Daí podermos interpretar o ser imagem e semelhança de Deus. Mas, me diga, ninguém do nosso grupo ficou sabendo do falecimento do Sturaro? Eu me lembro do Sturaro, lá na recreação dos médios, mas hoje, na foto, não consigo identificá-lo. Um abraço> Lúcio
GREGO: Pois é Lúcio. (será que a nova ortografia vai tirar o acento do seu nome? rsrsrsr)> Evidentemente você está se referindo à foto velha. Nas novas ele é o gordo de camiseta amarela.> Na velha ele está na em pé, da esquerda para direita, é aquele de óculos e roupa escura. Além dessa ele só aparece em mais foto, mas que está bem ruim.> Quem do nosso tempo não se lembra dos Shows, das esquetes, em parceria com o João Mário de Oliveira Cerqueira. Eles entravam no palco, de repente, empurrando carteiras e mesas e rapidamente executavam uma esquete e faziam todos rirem.> Saindo do SI foi para o exército e segundo contou, estava no tanque de guerra, cuja lagarta quebrou e matou o Passarinho. Segundo ele foi um acidente que devia ter sido previsto e evitado.> E como todos o reencontramos em 2005 na chácara do Sibinelli e depois mais uma vez no Arthur, e em ambas você não estava. Então só lhe restam as fotos....> Engraçado, Os Sermões do Padre Vieira, era um livro da Academia, da qual infelizmente não deu tempo d´eu (boa ein?) participar. Depois parti para a sobrevivência: Administração. Mas conheço um QUO VADIS? do Cardeal Wisemann, o famoso épico em livro e filme. Vieira se referia a ele?> Pois é, os amigos de Americana e inclusive o Paulo Bonganhi que era parente dele, apesar de morar em Santa Catarina, também não sabia.> O Daólio voltou esse fim de semana de uma tournée pelo interior, a trabalho.> Vocês vão fazer a peregrinação juntos, para Indaiatuba ?> Precisa de um empurrão meu, ou vocês se entendem?> VIVA DR. HELIOOOO..... ihchchchchch rsrsrsrsrsr> abç> grego
Grego, bom dia, chuvosamente falando!É, olha, pode vir a reforma ortográfica que vier, mas te juro que não consigo mais viver sem meu acento, inda mais na idade em que estou, vou precisar demais dele, acredite! Não conheço a personalidade a que vc se referiu e que usou a expressão QUO VADIS?, seria preciso averiguar a época em que ele viveu, se antes ou depois de Vieira. O que sei é que Vieira pertencia à Escola barroca do seiscentismo. Era uma época voltada para a espiritualidade do ser humano, como criatura decaída, o pecado pesando muito e obscurecendo a existência humana e a consciência da brevidade da vida. O padre Antônio Vieira era dessa época, E era xique citar o estilo vieira. O próprio mons. Abreu citava Vieira. Daí o "quo vadis?", pois não adianta se entregar aos prazeres deste mundo se cada um de nós já está seguindo o nosso próprio funeral. Nossa, vamos mudar o rumo da nossa "caminhada"! Eh, mas a igreja viveu intensamente esse espírito barroco e foi nesse bafafá barroco que vivemos até o Concílio Vaticano II, se tenho competência para pensar assim. Quanto ao Daólio, deixa comigo. Já tenho impresso o itinerário super detalhado(obrigado) mas mesmo assim prefiro ir com ele que já decorou os meandros do caminho.Até mais ver!Lúcio(sempre com acento, pois é uma paroxítona em ditongo).

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Curiosidades




Lá pelo final do ano, havia um concurso de desenhos promovidos pelo Osnir Zóchio.
Ele levava todos os trabalhos para o Colégio Progresso e lá uma comissão independente e ele escolhiam os 3 melhores para serem premiados. E todos eram exibidos em cavaletes no Hall e o último foi exibido na sala de recreios. Eram muitos desenhos de variados temas. Um dia, ao subir a escada para o hall de cima, dei de encontro com o Zóchio:
- Você tem terno?
- Tenho! - respondi. Fazia parte do enxoval, vocês se lembram do seu terno? O meu tinha calças curtas....rs....rs.... e gravata borboleta..... verdade.......rs....rs
- Você vai ser premiado durante o show....- continuou ele....
Que emoção! Medalhe de bronze para JCG... e lá fui eu.... Não me lembro do 20. lugar, mas o 1o. foi do Carani com um desenho que se chamava "Você". Representava um feto....
Bem, um dia, durante a exposição, entrei na sala e vi uma roda de gente cochichando diante do meu desenho da Caravela(não foi o premiado). No meio da turma estava o Pe. Sena, que descobriu, com sua perspicácia o grave erro que cometi... e riam... e riam.... Os amigos conseguem ver o erro?
A segunda foto aqui, mostro um dos boletins que usávamos durante o ano para saber se íamos fechar as matérias ou ficar para exame, ou 2a. época em fevereiro.... Vocês se lembram dos seus?

terça-feira, 9 de junho de 2009

Quem morreu?


Será que alguém pode esclarecer se essa peça de teatro era a tal de: Universitário morre as 8.?

Eu me lembro também de uma peça onde figurava o Malvestiti de mordomo. Feita em duas partes, 1a. no sábado e só fomos conhecer o assassino na 2a. parte no domingo. Autor: Osvanin.

Teatro e Shows e filmes eram interessantes no SIC. Pena que peguei o final.

O que facilitava era que todos morávamos no mesmo local e os recreios eram usados para ensaios. Ou no estudo da noite, era liberado para os autores, atores e diretores. Nossotros só ficávamos na expectativa do sábado e domingo. Eu, sem talentos artísticos nunca participei de nada, só na platéia.

Logo que cheguei lá, fiquei entusiasmado com a possibilidade de subir no palco, mas já no teste para o Coral, quando o Pe. Canoas chamava um a um dos novatos, e chegando no auditório, ele dizia: o que você pode cantar? Eu respondi: Louvando a Maria. E ele deu a partida no piano e antes que eu terminasse de cantar a primeira frase ele foi dizendo: Tá...tá...tá bom, pode ir.... Perdi a coragem de me inscrever em outras coisas....rsrsrsrsr..rs....r.....

Compensação, que emoção quando uma quarta-feira, no estudão da tarde, o Afonsinho passou por lá e lá da porta ele disse: Grego, desce logo, que você vai treinar na seleção (menores). E no domingo, então, quando após o almoço, ele passava e atirava a camisa amarela na cama da gente. Essa emoção eu tive, porque em 1965/6 a competição ainda era grande.

Também era emocionante esperar pelos maiores, no domingo a tarde. O campo de baixo ficava rodeado de visitas e nós atrás do gol elá vinham eles no uniforme azul e branco. Antes tinha os aspirantes, mas jogavam com uma camisa Verdonaaa!!! credo!....

Alguém se lembra de alguma Olimpíada? Eu assisti duas e ajudei a organizar uma. A mesma coisa com as Gincanas.

Pois é, naquela época, a gente tinha muitos motivos para ficar interno. Vendo a imobilidade das escolas hoje, imagino que a gente tinha muito mais e era mais ativo que se vivesse em casa. O problema era que alguns não aguentavam aqueles quatro muros em volta dele. A velha história, era preferível não ter nada mas ser livre...

ACESSEM TAMBÉM NA BARRA DIREITA DO SITE, O BLOG DO CLAUDIO BATISTUTTI. LÁ ELE FALA DAS COISAS ATUAIS.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Desvendando...


  • Vou fazer alguns comentários sobre essa foto, esclarecida pelo amigo Lúcio.
  • Também vou acrescentar observações feitas a partir de longa conversa com o Claudinê Pessoto, no último encontro na chácara do Artur.
  • Eu entrei para o SIC em 1965. Ainda um ano bom da Comunidade. Já haviam sido abolidas muitas atividades como estudar de domingo, e no comportamento, p.ex., só os acólitos usavam batina, etc. Nesse ano o Lucio ainda estava fazendo o 3o. colegial. Mas daí para frente foi só decadência de ano para ano, e eu fiquei até o último suspiro do SIC, em 1972.
  • Durante os dois anos bons (65/66) me lembro que dentro da grade e do regulamento ainda haviam atividades esporádicas, como Retiros fóra, sessões do Gremio e da Academia, comemorações juninas, olimpíadas.....etc, etc.
  • Agora vou descobrindo coisas interessantes que aconteciam e que já não havia em 1965.
  • Mas a foto acima me surpreendeu pelo relaxo. No nosso SIC se fizéssemos isso era resolvido assim:" O Mons. Bruno está chamando no quarto dele.". E quando isso acontecia o cara podia ir levando as malas e dando tchau....
  • Então o Lucio esclareceu que essa foto foi no Seminário Maior do Ipiranga em SP.
  • Ah! bão! Mas foi uma espécie de protesto contra o uso da Batina! É meio de admirar porque para quem queria seguir carreira religiosa isso não deveria incomodar. O próprio Lucio ainda está por contar como era a comunidade no Seminário Maior em SP. Mas o Pessoto me contou muita coisa que só agora eu começei a acordar. Explico: com 12 anos de idade eu e meus pais sentíamos confiança nos Superiores e no próprio SIC. E assim foi e fui crescendo e aprendendo o meandros da casa e da rotina e passei a ser um veterano. E achava que ao ir para o Ipiranga a coisa seria mais ou menos igual.
  • Mas agora, vejo que a coisa era diferente por lá. Negociatas, politicagem, preferências, protestos eram comuns. Afinal, os jovens já estavam amuderecidos e tomavam posições e idéias próprias. Não dá para contar aqui os exemplos disso, que ouvi, mas quando essa foto caiu na minha mão compreendi que o Seminário Maior era "brabo". O exemplo que posso dar é o que o Lúcio me disse: quando acabou a Teologia ele pediu as ordens menores e disse que está esperando até hoje. Simplesmente o sr. Bispo e os superiores do Ipiranga ficaram enrolando(?). Acho que o Lucio foi vítima de alguma trama por lá.
  • Engraçado, se naquele tempo eles se davam ao luxo de dispensar seminaristas com formação completa, depois disso tiveram que começar a caçar qualquer um e hoje a Igreja sofre com a falta de padres.
  • Bem, mas essas histórias, hoje são folclóricas e históricas. Nossa pretenção agora que tudo morreu ou se modificou radicalmente, é apenas para ficar sabendo, grande curiosidade, porque afinal, pelo sim pelo não, foi nossa vida. Há coisas que não nem devem ser desenterrradas, mas as coisas de regulamento, disciplina e o princípio, meio e fim são interessantes fatos históricos.