quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

CONVIDADO A SAIR

Amigos ex-SIC,
Dezembro vai passando e nos vem à lembrança aqueles anos no SIC, eu fiquei lá 9 anos, como a maioria de nós, na fase mais fascinante da vida de um ser humano, dos 12 aos 19 anos.
Dezembro lembra final de uma série nos estudos.
Era fascinante chegar ao fim e dizer: passei para a 4a. série, para o 1o. colegial.

Mas, como grande parte do pessoal, a sequência no SIC era interrompida.
Geralmente, em dezembro, o amigo decidia não voltar mais.
Mas, as vezes, mesmo no meio do ano, muitos amigos resolveram por si só, ou comum acordo ou por imposição, ter que ir embora.

Os motivos verdadeiros, somente o amigo sabe, mas em geral, eram como:
- ter que ajudar a família, não se adaptou a ficar preso, não gostava de rezar, descobriu que não era o que queria, era indisciplinado e a famosa: não tinha vocação.

Isso também acontecia nos outros seminários, e como temos contado com os amigos ex-ibaté, transcrevo abaixo, a idéia que tiveram para conversar um pouco sobre nós mesmos.

Então, segue a matéria deles e alguns comentários que os ex-ibaté fizeram e eu também, meti o bedelho no orkut deles, pois o ex-sic, é amigo deles.

Interessante é que lá eles tinha o Pe. Constantino e nós tínhamos o Pe.Vanim.
Pois é, função ingrata que eles tinham e não queremos aqui, julgar, criticar, mas apenas lembrar os fatos, que ora também não significam nada mais que lembranças, como uma grande aventura.
Alguns amigos, já contaram quando publicamos sua Entrevista, mas se quiserem, para efeito de conversa, relembrem o fato.

Se quiseram colaborar, contando seu motivo de saída, ou como foi convidado a sair, faça no Comentários, no fim da página.
(Obs, Clique sobre comentários e no fim do texto coloque seu nome, porque depois, para a mensagem ser enviada, é preciso se identificar, e então coloque anônimo)
Ou se preferir, escreva no e-mail do ex-sic que transcrevemos para cá.
ex.sic.1955@gmail.com

E agora leia a matéria de São Roque:

CONVIDADO A SAIR  - Seminário de São Roque - Ibaté
Este tópico é destinado a pesquisar quantos alunos sairam do seminário a convite do Padre Constantino.

Temos uma lista geral de alunos, no site seminariodesaoroque, que chega a pouco mais de 1400 alunos.

Desses, pouco mais de 20 exercem atualmente o ministério eclesiástico.

É bem verdade que muitos foram para o seminário sem saber muito bem o que isto significava ou impelidos por apelos familiares ou paroquiais. Depois, quando viram a realidade, resolveram sair.

Outros foram lá só para aproveitar a boa qualidade do ensino e o custo zero, quando patrocinados pelas Obras da Vocação.

Mas, muitos teriam ficado, não fosse a decisão do Padre Constantino de excluí-los do Seminário.

Acreditamos que este último número é muito maior do que o imaginado.

Se você foi convidado a sair, conte aqui como foi.
Gilberto GP 05/02/2011
Bem Paulo, eu não fui 'convidado', mas houve aquele episódio do fogão e no frances já tava bombado no 1º semestre, então simplesmente pedi demissão sem que meus pais soubessem.
Toninho Freitas 06/02/2011
Paulo
O Pe. Constantino mandou uma carta para a minha mãe que dizia mais ou
menos assim:
"Seu filho não tem vocação para padre, venha busca-lo assim que puder".
Voltei para casa e segui a minha vida... Ele estava certo.
Um abraço!
Viriato Trancoso 06/02/2011
Eu mesmo levei dois colegas que foram convidados a sair,só que não lembro o nome
deles.Lembro que cheguei na casa de um deles bem à noitinha e depois tive que ir para a minha casa e só retornar a São Roque no dia seguinte.


E TEM MAIS: EU FUI CONVIDADO A VOLTAR ALGUMAS VEZES,PELO DOM CONSTANTINO, QUANDO ELE ERA BISPO DE SÃO CARLOS E ENCONTREI COM ELE. EU JÁ ESTAVA NO IPIRANGA, NO SEGUNDO ANO DE TEOLOGIA,QUANDO SAI.
gileno caldas barboza 21/05/2012
voce sabe noticias do Isidoro da Silva Leite
gileno caldas barboza 21/05/2012
vi uma avenida com o nome dele, não sei se ele tinha o mesmo nome do pai... 
Toninho Freitas 22/05/2012
Gileno, está no Facebook... Pesquisa por: Isidoro S Leite.Um abraço!
Ex-SIC Seminário Imaculada Campinas 25/12/2012
Seminário de São Roque e Seminario Imaculada de Campinas foram co-irmãos. Tenho até foto de nossos superiores em visita à São Roque, em frente à uma gruta de N.Sra. que depois foi reproduzida fielmente, no Seminario de Campinas. Também, alguns padres, e acho que D.Antonio Maria, também passou pelos dois seminários.
Então, com coisas em comuns, reservo-me a ousadia de meter o bedelho na conversa de vocês.
Em Campinas, aconteceu da mesma forma. Até estou pensando, como líder do movimento ex-SIC, fazer também essa pesquisa.
Mas, era assim mesmo, nosso maior medo era ser chamado no quarto do Reitor, em uma noite qualquer, de estudos.
Coitado! Vai ser mandado embora. Nosso Reitor era o Monsenhor Bruno Nardini, pessoa de alta capacidade empresarial, de grandes feitos na Diocese de Campinas, extremamente sóbrio e exigente, mas grande pessoa humana.
Acontece que até por volta de 1965, o Ministro de Disciplina tinha o poder de mandar embora, e ele fazia como vocês contam: mandava uma carta para os pais, ou chamava no quarto e dizia algumas coisas que justificassem a sua antipatia pelo seminarista e ele ia embora.
Normalmente, as dispensas por motivos filosóficos, eram feitas no final do ano, para que o aluna não perdesse o ano.
Ou, então, em casos de grande indisciplina ou ato muito grave, contrário às regras, a qualquer momento.
Mas, o Diretor de Disciplina, vinha dispensando muita gente, em qualquer fase do ano e seus pretextos pareciam não agradar o Reitor, que acabou até revogando uma expulsão, que me lembro, e a partir de então somente ele, Reitor, dispensava alguém. 
Engraçado é que em um dos nossos encontros, agora, entre 2005 e 2012, um desses Diretores esteve presente, e houve uma reação velada de indignação contra ele, que até pediu desculpas. Esse diretor, deixou logo a batina e se casou....rs...foi coerente consigo mesmo...rs....rs....
MAS....houve uma expulsão maior....uma expulsão geral do seminaristas de Campinas....
Não foi da noite para o dia, levou 7 anos....
Assim que terminou o Concílio, virando o ano de 66 para 67, acabou-se o curso colegial no SIC...fomos mandados para um colegio da diocese na cidade. O pessoal que saia do 30. colegial também não foram mais para o Ipiranga, e sim ficaram em repúblicas na cidade, estudando qualquer curso de humanas na PUC...e o restante de nós, foi como se tivessem dito: vão embora logo....e assim, um apos o outro, em 7 anos, não restava quase ninguém....deixando em um prédio fantasma, muitas recordações e ora grandes saudades...
Desculpem o alongamento da história....
Como Paulo Toschi, que escreveu Palavra de SEminarista, que li e reli, também escrevi um livro, contando em forma de romance, essa história e o livro se chama Adeus Seminario, na editora de internet, clubedeautores.
abçs
josé cláudio grego - joseclaudi.grego@yahoo.com.br  - Limeira-SP

4 comentários:

  1. O filme Amor nas alturas mostra o George Cloney, fazendo exatamente isto: dizendo para executivos que as empresas não precisavam mais deles. A diferença é que ele mostrava aos "convidados a sair" as vantagens de sair.
    no nosso caso, é bom lembrar que duvido que alguém tenha ido para o Seminário porque tinha vocação. A vocação seria descoberta e construida dentro do novo ambiente. Portanto, os que convidavam a sair são responsáveis pela pequena quantidade de padres nos dias de hoje.
    abs.
    gessé.

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    1. Obrigado pela participação, Gessé.
      Realmente, garotos de 11 anos de idade ainda não tinham noção de "vocação", muito menos de decidir. Isso era imposto pela tradição e educação. A família introduzia os costumes religiosos, que estavam de certa forma aliados à educação, que era o catecismo e as regras da Igreja. E isso era um mundo, sem as opçoes de hoje, como caminho a seguir na vida. E a Igreja não percebeu e que tinha nos Seminários, um grande instrumento de educação, que precisava ser modernizado, mas foi praticamente anulado. E como você disse, sofre hoje por falta de padres.

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  2. Grego,
    Como comentei na minha entrevista, eu (ironicamente) fui convidado a ficar...rsrsr
    Quando fui me despedir do Mons. Bruno ele disse que as portas estavam abertas e que eu "desse um tempo" e voltasse.
    Por que? Será porque eu era muito disciplinado e "quadrado"? Quem arrisca um palpite?

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    1. Parceiro JRRocha,
      Isso é algo que dá boa conversa. Éramos 150 para sermos "educados" por uma meia duzia de superiores. Sempre notei que certos padres e professores sempre tinham certa simpatia por algum aluno ou mesmo um grupinho. De nossa parte, sempre comentávamos sobre qual superior era melhor, mais legal e quais eram chatos. Ficou notório, p.ex., que o Pe. Vanim pegava no pé de muita gente, e também adulava outros tantos. Não acho que fazia isso tecnicamente, porque sabia quem tinha vocação ou não, mas simplesmente porque simpatizava ou não. Mons. Bruno, parecia ser mais imparcial, tratando todo mundo da mesma forma. Isso, acho que, porque não se envolvia muito nos pequenos detalhes nossos, como os outros padres. Ele via tudo como um projeto que precisava dar certo. Ouvi de vários amigos, como ele tolerava muitas coisas, mesmo parecendo e sendo exigente e como sofria quando perdia alguém. Até acho que deve ter sofrido muito, porque quando deixou de ser Reitor, deixou um legado caindo aos pedaços e ele sabia que era o fim daquele projeto. E como você devia levar jeito prá padre...rs...era alguém que ele não queria perder.

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