domingo, 15 de agosto de 2010

"Acredito que a Igreja daquele tempo era mais mística."


Nosso entrevistado de hoje valoriza muito a vida em comunidade. Leia o que ele pensa sobre nossos encontros.

E se a igreja era mais mística, como ela está atualmente, na visão dele?

Isso, e muito mais, é o que vocês vão descobrir lendo uma entrevista cheia de vida e de fé.

  • Quando entrou para o ex-SIC?
Entrei para o ex-SIC no início de 1963.
  • De que cidade/paróquia?
Cidade de Limeira – Paróquia de São Cristóvão.
  • Por que entrou para o seminário?
A idéia de ir para o seminário veio crescendo devagar em mim.
Quanto tinha 10 anos, um Padre Claretiano fez um convite geral no grupo escolar em que estudava.
Manifestei interesse motivado pela importância que os padres representavam para mim e minha família que freqüentava bastante a igreja. Também achava bonito ser padre, ser seminarista, estudar as coisas de Deus etc. Enfim, acho que senti o que dizíamos “chamado”.
  • Quantos anos tinha quando entrou?
Tinha 15 anos.
  • Quando saiu do ex-SIC?
Saí dois anos depois, no final de 1964.
  • Quantos anos tinha quando saiu?
Tinha 17 anos.
  • Por que saiu do seminário?
Naquela época do Concílio Ecumênico as Comunidades Eclesiais tornaram-se muito bonitas, cheias de vida, de jovens que faziam passeios, shows, amizades com pessoas de sexos diferentes etc. E, tudo isso me entusiasmou a deixar o seminário e seguir este novo tipo de vida na própria igreja até pela condição de adolescente que era.
  • O que aprendeu no ex-SIC?
No ex-SIC, além das matérias básicas do ensino curricular, aprendi a conviver com pessoas muito especiais que tinham propostas sinceras de amor a Deus, à Igreja e aos irmãos. Pessoas que tinham um ideal muito elevado, pessoas felizes e muito bem orientadas pelos padres e irmãs que nos acompanhavam.
  • O que faltou aprender?
Pela época, penso que não me faltou aprender mais nada do que me foi proporcionado.
  • O que fez depois que saiu? Estudou o que?
Continuei meus estudos, continuei participando da igreja e trabalhando.
  • Qual sua trajetória profissional após a saída do ex-SIC?
Logo que saí, voltei a costurar sapatos (fazia isso antes). Depois, fui trabalhar no escritório de uma indústria. Depois, fui trabalhar num Banco, por 6 anos. Em 1974, entrei na Caixa Econômica Federal como escriturário. Cheguei a ser gerente de agência e finalmente, em 1984 entrei para o Jurídico da Caixa Econômica Federal onde trabalho até hoje. Ainda, na Caixa trabalhei em Pindamonhangaba, minha primeira gerência, trabalhei em Limeira, e em São Paulo já como advogado, Campinas, Limeira e atualmente em Piracicaba.
  • Trabalha ainda?
Já estou aposentado, mas ainda trabalho.
  • Casou? Tem filhos? Netos?
Casei-me. Tenho três filhos. Um mora na Espanha e as duas filhas moram em São Paulo.
  • Quais as recordações mais marcantes do tempo de ex-SIC?
Nossos jogos de futebol. Os jogos da tarde de domingo. Minhas idas lá bem no fundão do Paierão onde ia para dar catecismo com o Malvestite e o Renso e mais uma irmã que nos encontrava lá. As missas, principalmente as missas cantadas de domingo pelo Padre Vanim. Nossas idas à Fonte Sônia. Enfim, são muitas, o espaço não seria suficiente para citá-las todas.
  • Cite um personagem com que conviveu na época que o impressionou positiva ou negativamente.
Meu amigo particular era o José Carlos Roque, mas tinha amizade com muita gente. Pessoas que me impressionaram, como por exemplo, o Trevisan, o Sales, o Bressan, o Renzo, Dos padres, quem mais me impressionou foi o Padre Hugo e o Padre Vanim.
  • Sobrou alguma mágoa? Qual?
Não tenho nenhuma mágoa, somente saudades.
  • Se voltasse no tempo iria novamente para o ex-SIC? Por que?
Sem dúvida. Por tudo o que lá vivi e por tudo o que o seminário me representou e representa.
  • Quais as principais mudanças que a entrada (e/ou saída) do seminário provocou em você?
Entrei pré-adolescente e saí adolescente, mas, sobretudo, com muito mais experiência da vida em comunidade.
  • Se dedica à Igreja Católica atualmente?
Sim. Atualmente nem tanto, mas fui mais assíduo. Toco teclado na missa do sábado a noite. Faço alguns temas em cursos de noivos sobre a sexualidade humana. Já fui mais participante, mas na minha Paróquia a coisa passou a andar mais devagar e então andei esfriando.
  • Qual sua relação com a religião atualmente?
Gosto de estudar e participar etc.
  • Como você compara a sua religiosidade daquela época com a atual?
Antes era mais fervoroso e menos consciente. Hoje sou mais consciente e menos fervoroso.
  • Como você compara a Igreja Católica daquela época com a atual?
Acredito que a Igreja daquele tempo era mais mística. Hoje penso que seja mais superficial.
  • O que você acha dos reencontros com os ex-colegas do ex-SIC?
Acho que não é verdade que não se pode voltar no tempo. Faço minhas as palavras do Padre Canoas na homilia de nosso último encontro. Nunca nos separamos, sempre estivemos juntos no Coração do Pai.
  • Alguma sugestão?
Sugiro não pararmos e intensificarmos mais nossos encontros, procurando fazer participar aqueles que ainda não se decidiram.
  • Qual pergunta você gostaria de ter respondido e que não foi feita?
Nenhuma no momento.
  • Há algum outro endereço na internet que tenha mais informações sobre você? Algum "link" que você queira divulgar?
Não, não há.
  • Alguma mensagem especial aos outros ex-SIC?
Que não deixe apagar a centelha que nos levou ao coração do Pai onde nos encontramos.


 Geraldo Galli


Agora, basta vocês comentarem.

Vou aproveitar para fazer o meu comentário. Não somente sobre esta entrevista ("Sugiro não pararmos e intensificarmos mais nossos encontros...". "Que não deixe apagar a centelha..."), como também sobre a proposta do Gessé exposta na entrevista da semana passada.

Até o momento, surgiram 2 ideias: Uma é a criação de um grupo "fechado" no "Facebook" ou "LinkedIn" e outra é a formação de grupos regionais, tal qual o da "Pizza do Paierão".

A "Pizza do Paierão" é um grupo de ex-SICs da grande S.Paulo que se reúne, em média, a cada 45 dias e os que participam trocam ideias, recordações, sugestões, emoções, fortalecem relacionamentos pessoais, profissionais etc. O comparecimento varia de 6 e 15 pessoas. Abrange várias épocas do ex-SIC e até anteriores.

A implementação é simples. Basta um organizador (no caso da "Pizza do Paierão" é o Sebastião Costa) avisar o grupo sobre data, hora e local. Aos demais basta comparecer e ajudar a pagar a conta, lógico, pois ainda não conseguimos patrocínio...rsrsrs

Se precisar de dicas, divulgação, convocação por e-mail etc, nós podemos ajudar.

Quem se habilita?



Se alguém tiver mais alguma ideia, basta nos comunicar. Pode ser através de comentário no "blog" (se for anônimo, não esquecer de identificar-se), por e-mail, por telefone ou pessoalmente.

Por hoje é so. Até a próxima.

J.Reinaldo Rocha (62-67)


4 comentários:

  1. GALLI: Tudo bem?
    Tenho uma leve recordação de você,quando citou
    aulas de catecismo,lá no Paierão.
    Como eu entrei também em 63, acho que estudamos
    juntos.

    Abraços,

    DURVAL 63/65.

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  2. Geraldo, naturalmente não me lembro de você, devia ser bem jovem e já era vigário na V.Teixeira. Mas aprecio muito essas entrevistas, e vejo que para todos nós que passamos no Seminário, mesmo em épocas tão diferentes, fomos marcados por uma vivência comunitária que nos deixou saudades. Você viveu uma época para nós mais velhos muito dificil quando suportamos os anos do golpe de 64 que acabou com nossos sonhos. Sua entrevista me fez muito bem... um abraço Herminio -- herminio@vivax.com.br.... Manaus 15/08/2010 - Assunção da Virgem Maria.

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  3. Boa noite, Galli, tudo em riba? Eu acho que já estou ficando velho(ih, ih, ih....) e não estou me lembrando de você, mas não faz mal, nós convivemos no seminário e coparticipamos das riquezas que nos foram proporcionadas. Você participou da catequese junto com o Malvestiti. Não teria sido no bairro Samambaia, num antigo Educandário? Havia uma Irmã franciscana, seu nome era Lina e ela se tornara amiga de minha família e às vezes ia ao Seminário me visitar. Mais tarde ela foi em missão para Bissau, na Áafrica. Valeu, Geraldo, um abraço e até mais ver.
    Lúcio

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  4. Logo que encontrei o Geraldo Galli aqui em Limeira, há uns 5 anos atrás, ele escreveu sobre um fato, que pensei que ele fosse falar aqui, sobre a decisão de deixar o SIC, de um dos amigos que ele citou, durante um dia em que visitavam a casa de uma pessoa no bairro. Foi algo interessante....vc ainda se lembra Geraldo?
    E o Geraldo me lembra os anos idos de 1965 e 1966, quando Limeira tinha uma das maiores turmas de Seminaristas e nas saidas em fins de semana ou nas férias, lotávamos a estação ferroviaria, no trem das 15:23h. Limeira deu ao SIC tres dos melhores atletas da seleção de futebol: o clássico e eficiente zagueiro, numero 3, Gabril (Bié), o canhotinha de ouro que fazia gols olímpicos nos jogos de domingo a tarde, Paulo Cesar Provinciatto, falecido, e o arisco e driblador centroavante Gersinho, que ficou apenas 3 anos no SIC.
    Dizem que Amparo tinha mais seminaristas que Limeira, será Geraldo?
    grego

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