domingo, 27 de junho de 2010

"Muita coisa evoluiu no período de tempo entre a maçã de Eva e a maçã de Newton"

Este, que hoje responde as perguntas, foi um dos maiores incentivadores para que houvesse essa série de entrevistas. Dele veio o encorajamento para "ir em frente". Portanto, não é de estranhar que suas respostas mostrem tanto sua personalidade agregadora.

Leiam sua entrevista, também, para descobrir o que as maças do título têm a ver com a Igreja Católica.

Quem já leu seu "blog", cujo "link" encontra-se permanentemente listado na barra lateral deste, adivinhará com facilidade quem é o nosso personagem de hoje.


  • Quanto entrou para o ex-SIC?
No início de 1955 (não lembro a data), justamente na inauguração de novo prédio, à Praça da Imaculada, 105.
  • De que cidade/Paróquia?
Da Paróquia de São José de Elias Fausto, sendo vigário o Pe. Glauco do Prado Nogueira.
  • Por que entrou para o Seminário?
Minha mãe era muito católica e logo cedo me encaminhou para coroinha. Então, a convivência com a liturgia e o incentivo da mãe e do pároco me fizeram crer, naquele momento, que era a minha vocação. Só muito mais tarde, até já fora do Seminário, é que fui chegar à convicção de que, com aquela idade, eu não poderia mesmo ter a menor noção do que era vocação.
  • Quantos anos tinha quando entrou?
11 anos.
  • Quando saiu dos ex-Sic?
Em outubro de 1962, depois de dialogar com o Pe.José Gaspar, então Diretor Espiritual e com o Reitor Mons.Bruno Nardini.
  • Quantos anos tinha quando saiu?
Ainda não tinha completado 19 anos.
  • Por que saiu do Seminário?
Por perceber que aquela rotina, bonita até então, não era o futuro que eu queria seguir. A Liturgia e, principalmente, a Doutrina me incomodavam, mas eu não tinha consciência disso na época.
  • O que aprendeu no ex-Sic?
“Caipira do mato” aprendi “bons modos”, disciplina, ordem, respeito e adquiri uma sólida base cultural que me veio a fazer diferença mais tarde no mercado de trabalho.
  • O que faltou aprender?
Faltou aprender convivência social e noção das regras do mercado. Está claro que o escopo da formação era a vida sacerdotal, mas todos sabiam que a grande maioria não continuaria. Ainda hoje me pergunto se mesmo o Padre não teria também que ter a mínima noção do mundo lá fora?
  • O que fez depois que saiu? Estudou o quê?
Fui ser “sola” boy ocupando a vaga do Aluízio (que tinha saído em 1961), que acabava de ser promovido na empresa. Tenho até hoje muita gratidão a ele por ter-me orientado nos primeiros passos e dado o primeiro impulso.
(Sola boy era o office boy daquele tempo (sem ônibus, sem tênis, sem guarda-chuva; era bater perna o dia inteiro de sapato de sola dura).
Me formei em Administração de Empresas e me aprofundei em Organização, Sistemas e Métodos, matéria que lecionei para os funcionários do Banco por um bom tempo.
  • Qual a sua trajetória profissional após a saída do ex-Sic?
Passei por multinacionais ainda em Campinas e depois entrei para o Banco do Brasil, que na época já tinha começado a descaracterizar a carreira funcional. Mas, mesmo assim, ainda era um bom emprego e só dependeu de mim alavancar a carreira com cursos, concursos e muito trabalho.
  • Ainda trabalha?
A minha proposta de aposentadoria em 1994 era não assumir mais nenhum compromisso formal, embora continue exercendo atividades de Consultoria, ainda que esporádica.
  • Casou? Tem filhos? Netos?
Casei e tenho um filho e uma filha. Filiei-me ao Movimento dos Sem Netos, aqui de São Caetano, e por enquanto tem dado certo, embora esteja consciente de que é uma decisão na qual não devo interferir.
  • Quais as recordações mais marcantes do tempo do Ex-Sic?
Aquela rotina diária: Rezas – refeições - recreios – estudo – aulas. E os deslocamentos através do claustro em fila dupla, por ordem de tamanho.
É claro que comecei puxando a fila (eu e o Borin), e depois fui crescendo e passando mais para trás.
  • Cite um personagem com quem conviveu que o impressionou positiva ou negativamente.
Todos os superiores e grande parte dos colegas me causaram impressões que, positivas ou negativas, contribuíram para o meu aprendizado. Mas, eu não me esqueço do Seu Zé de Abreu, na portaria, torcedor da Portuguesa, uma pessoa marcante. Aliás, era ele que anunciava as “visitas”.
  • Sobrou alguma mágoa? Qual?
Não. Todos os problemas, contrariedades e dificuldades contribuíram, em maior ou menor grau, para o que sou hoje.
  • Se voltasse no tempo iria novamente para o ex-Sic?
Sem dúvida. Além da base cultural, foi muito útil receber uma educação quase que espartana. Sem isso eu não teria conseguido vir para São Paulo e morar numa kitnete com mais 5 outros moradores. Esse começo de carreira foi muito difícil e apertado financeiramente.
  • Quais as principais mudanças que a entrada/saída do Ex-Sic provocou em você?
A entrada me deu a noção e o aprendizado da disciplina, e a saída, com a bagagem adquirida, uma ferramenta para me lançar no mercado.
  • Se dedica à Igreja Católica atualmente?
Não. Apenas observo quais resquícios de doutrinação de que não consegui me livrar ainda. Por exemplo, o conceito de pecados (leves e graves) que podiam ser perdoados em troca de dois ou três pai-nossos não repercutia em mim como um procedimento sério.
  • Qual a sua relação com a religião atualmente?
Caminho por mim mesmo voltado para a espiritualidade. Não encontro razão para acreditar na necessidade da existência de um procurador que faça a ponte entre mim e a Divindade.
  • Como você compara a sua religiosidade daquela época com a atual?
Hoje muito melhor. Aquela época a relação com Deus era mecânica, pedinte e temerosa. Não acredito no que os vários formatos religiosos pregam como sendo o único caminho, por isso sou agnóstico.
  • Como você compara a Religião Católica daquela época com a atual?
Ficou parada no tempo e no espaço. Muita coisa evoluiu no período de tempo entre a maçã de Eva e a maçã de Newton. Muito mais coisas, e com muito mais velocidade, ocorreram entre Newton e a Apple (que me desculpe o Bill Gates, senão o trocadilho não faria sentido). Na realidade percebo que uma Doutrina hermética que não acompanha a evolução dos tempos não faz sentido. Não é necessário voltar muito atrás para comparar comportamentos que escandalizaram Descartes, Kant, Nietzsche e até Proust, e que são absolutamente naturais ao olhos das pessoas e da moral coletiva de hoje.
  • O que você acha do reencontro com os colegas do ex-Sic?
Uma iniciativa fantástica, um acontecimento que eu ansiava por muito tempo, mas não tive a obstinação e a iniciativa que teve o Grego para fazer acontecer.
Quem não se sentiria bem num grupo que exala uma sólida formação moral, um companheirismo sem igual, comparando com todos os grupos profissionais ou não de que participei. Sentir a felicidade estampada nos sorrisos dos que se vão reencontrando é um prazer ímpar.
  • Alguma sugestão?
Não me ocorre no momento. Mas, com o desenvolver de algumas entrevistas poderemos sentir necessidade de alguma mudança.
  • Qual pergunta você gostaria de ter respondido que não foi feita?
Esta: E Daí?
E daí que aprendi com o Minerim: “Num sei done covim, one cotô e pone covô”, então, resolvi cuidar só de mim, deixar que os outros cuidem cada um de si, sem interferir, sem doutrinar, sem contestar convicções que não me pertencem.
É claro que, se solicitado e tiver condições, posso ajudar dentro das minhas limitações.
  • Alguma mensagem especial aos outros ex-Sic?
Realizem periodicamente um Passeio Socrático (para quem não conhece, o texto foi postado em meu blog dia 26.04.2009) e uma profunda contestação a si próprio. Esqueça os outros. Eles não são a causa de nossos problemas, nem os conteste, porque eles não vão mudar suas convicções. A mudança é a única coisa definitiva na vida. Agarrar-se definitivamente a um conceito ou a uma crença não fará de você uma pessoa melhor ou mais feliz. 

Cláudio Natalício Battistuzzi

Aproveitem para (re)visitar seu "blog":

E comentar bastante. 
Se for comentar como anônimo, por favor, identifique-se.

Postado por J. Reinaldo Rocha (62-67)

sábado, 19 de junho de 2010

"Entre o freio e o acelerador, a Igreja mantém a fórmula que dá certo há 2 mil anos"

Hoje quem responde as perguntas é um comunicador profissional. Então é melhor passar-lhe logo "a palavra".


Só uma dica para quem quiser adivinhar antes de ler sua identificação: Foi ele quem apresentou o nosso show no encontro deste ano no ex-SIC.
Quem já baixou, e assistiu, os vídeos cujos "links" estão no "e-mail" que enviamos ontem já sabe de quem se trata.
  • Quando entrou para o ex-SIC?
Em 1962
  • De que cidade/paróquia?
De Amparo, da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo
  • Por que entrou para o seminário?
Porque naquela época as crianças da zona rural ou de cidades pequenas queriam ser, quando crescessem, motorista de caminhão ou padre, que, no exercício da profissão, apareciam com destaque, “lá em cima”, pareciam importantes. Em Amparo, o seminário era destino natural de muitos coroinhas, como eu. No meu caso, havia um atrativo extra: eu conhecia o SIC, e me deslumbrava com tudo aquilo, tão grande e tão bonito, pelas visitas ao meu irmão, o Veríssimo, da turma de 58.
  • Quantos anos tinha quando entrou?
Onze anos e nove meses.
  • Quando saiu do ex-SIC?
Em 1971, quando morava na casa dos universitários ao lado do Colégio Pio XII.
  • Quantos anos tinha quando saiu?
21 anos.
  • Por que saiu do seminário?
Foi um processo natural: já trabalhava como jornalista, fui convidado para morar numa espécie de “república” com outros colegas do jornal e avaliei que eu queria mesmo é ser jornalista e não padre, portanto não fazia sentido continuar ligado ao Seminário.
  • O que aprendeu no ex-SIC?
Aprendi a ser adolescente, jovem, e lições para, até hoje, tentar ser um homem de bem.
  • O que faltou aprender?
É difícil, com o olhar de hoje, achar o que faltou no processo educacional daqueles tempos. Se alguma coisa não aprendi – e não deve ter sido coisa pouca – não foi por falta de ensino.
  • O que fez depois que saiu? Estudou o que?
Continuei tudo o que estava fazendo: o curso de Letras na PUCC, de manhã, e o trabalho à tarde e noite.
  • Qual sua trajetória profissional após a saída do ex-SIC?
Continuei no Diário do Povo (Campinas) até  1981, acumulei outros empregos em jornais e prefeituras de cidades vizinhas. No jornalismo fiz de tudo, fui até “dono” de jornal tablóide (na época, sinal de alternativo, marginal – em todos os sentidos).
  • Trabalha ainda?
Sim, apesar – ou por causa – da aposentadoria. Estou há 30 anos na EPTV Campinas, onde atualmente edito um programa de TV semanal e uma revista mensal de mesmo nome, Terra da Gente, sobre biodiversidade, meio ambiente e pesca esportiva.
  • Casou? Tem filhos? Netos?
Casei em 1975 com Luzia Aparecida, tenho duas filhas solteiras: Elaine Cristina e Tânia Regina.
  • Quais as recordações mais marcantes do tempo de ex-SIC?
As que mais marcaram foram as dos primeiros anos, pelo choque de realidades, do antes e depois do ingresso naquele prédio imenso, com tudo grande – salões de estudo, dormitório, refeitório, pátios, campos e quadras, um monte de gente, filas, horários... Sempre que eu me lembro do Seminário, me vejo ainda pequeno, me acostumando àquele novo mundo.
  • Cite um personagem com que conviveu na época que o impressionou positiva ou negativamente.
Entre os colegas, são muitos exemplos positivos, é difícil destacar alguém. Entre os superiores, aprendi a admirar em especial os monsenhores Bruno Nardini e Luiz de Abreu, pelas tantas virtudes de ambos, tão conhecidas de todos nós.
  • Sobrou alguma mágoa? Qual?
Nenhuma mágoa. Minha passagem pelo ex-SIC teve um saldo 100% positivo.
  • Se voltasse no tempo iria novamente para o ex-SIC? Por que?
Iria, sim, pelos mesmos motivos da época e, se pudesse fundir passado e futuro, também pela formação escolar, religiosa, moral e ética que me foi proporcionada.
  • Quais as principais mudanças que a entrada (e/ou saída) do seminário provocou em você?
As mudanças foram mais marcantes na entrada, como explicado acima, pela descoberta de “outro mundo” justamente na fase da pré-adolescência (na época nem se usava esse termo, era só criança mesmo). A saída foi tão natural que nada provocou, positiva ou negativamente.
  • Se dedica à Igreja Católica atualmente?
Não com trabalho pastoral.
  • Qual sua relação com a religião atualmente?
A mesma de sempre em termos de fé, mas sem a prática dos tempos do Seminário.
  • Como você compara a sua religiosidade daquela época com a atual?
Hoje minha religiosidade é mais racional, pragmática, voluntária. Na época era mais emocional, “herança” da família ou imposição de regulamento.
  • Como você compara a Igreja Católica daquela época com a atual?
No conteúdo, na parte da fé e dos dogmas, a mesma, sempre com o prudente pé no freio. Na forma, na parte de pastoral, com o necessário pé no acelerador desde o Concílio Vaticano II. Entre contestações ao atacado e ao varejo, entre o freio e o acelerador, a Igreja mantém a fórmula que dá certo há 2 mil anos. Ela é ao mesmo tempo una na doutrina, mas múltipla na sua atuação de acordo com as circunstâncias de tempo e lugar. Não dá para comparar épocas. A Igreja é santa e os homens pecadores em qualquer tempo ou lugar.
  • O que você acha dos reencontros com os ex-colegas do ex-SIC?
É uma forma de fazer – ou refazer – amizades, reafirmar princípios que nos reabastecem como cidadãos e como profissionais, de uma maneira lúdica.
  • Alguma sugestão?
Sugiro que todos deem mais sugestões para os nossos futuros encontros ou outras atividades, que haja mais comentários, mais mensagens para o grupo, como por ocasião dos primeiros encontros. Entende-se que na época o reencontro era novidade, ainda estávamos nos redescobrindo e, a esta altura, muitas histórias e “fofocas” já foram contadas. Mas ainda dá para inovar, lembrar de mais histórias, revirar mais o fundo do baú.
  • Qual pergunta você gostaria de ter respondido e que não foi feita?
O questionário está completo, perfeito. Nada me ocorre.
  • Alguma mensagem especial aos outros ex-SIC?
Se “nós éramos felizes e sabíamos” – como bem diz o Gessé – só por causa disso somos felizes hoje, e seremos amanhã, e depois de amanhã, e depois... Talvez só nos falte descobrir isso. Até onde percebo, todos já descobriram.

Valdemar Sibinelli



Aí está mais uma entrevista aguardando seus comentários ("...que haja mais comentários...", como ele mesmo escreveu).

E, mais uma vez o lembrete, se for comentar como "anônimo", não esquecer de identificar-se.

J. Reinaldo Rocha (62-67)



sábado, 12 de junho de 2010

"Não me preocupei com a censura, que não sentia, em Campinas, às minhas cartas"

Hoje temos a história de alguém que veio de longe, passou por outro seminário até aportar no ex-SIC.
Saiba como ele descobriu a diferença entre "vaidade" e "humildade" e entenda esta intrigante história de censura lendo a instigante e longa entrevista.
Lendo-a inteira fica fácil entender a última frase de sua entrevista.
Com todas as informações acima ficou fácil adivinhar quem é nosso entrevistado. Ou não?
  • Quando entrou para o ex-SIC?
Para o hoje extinto ex-SIC (Seminário da Imaculada em Campinas) entrei em 1959, numa transferência de turma que, do Seminário Diocesano de Petrópolis, restávamos tão só o Julio, o Mataruna e eu. Em Campinas, compúnhamos eclética turma, de transferidos outros de várias dioceses que para ali acorríamos em preparação ao seminário maior.
  • De que cidade/paróquia?
Para o Seminário de Petrópolis, parti de bem longe daí: de Ipueiras (água retirada em tupi), encravada no semi-árido nordestino, no Ceará.
  • Por que entrou para o seminário?
Em Ipueiras, éramos quase todos da classe média e católicos praticantes, a participar dos atos litúrgicos como “acólitos” (coroinhas), sob o olhar de padre Francisco Correia Lima, à cata de vocações.
Um dia, Pe, Correia, dá-nos a notícia de que, em Fortaleza, havia tido contacto com o então visitador apostólico dos seminários, no País, Dom Manuel da Cunha Cintra, bispo de Petrópolis, que revelou estar sua diocese disposta a receber, a cada ano, adolescentes de Ipueiras que manifestassem vocação para o sacerdócio. Três nomes foram a escolha, naquele primeiro ano, de padre Correia: os de seus acólitos Helder Sabóia, Antônio Frota Neto e eu.
Hélder, na última hora, desistiu. Frota Neto e eu partimos. Frota deixaria o seminário e, de sua saga como jornalista, onde os tempos do Seminário Diocesano de Petrópolis se incluem, escreveu, em quase 500 páginas o seu “Quase (retratos de uma época)”, onde relata essa e outras histórias. Hoje, acompanhando sua esposa, que cumpre funções diplomáticas na Suíça.
Ao final daquele primeiro ano, cena curiosa, presidida por Dom Cintra marcou-me. Os melhores das diversas turmas ali eram chamados e premiados. Por último, meu nome foi solenemente citado como a “melhor média de todo o seminário”. Chamado, levantei-me e de Dom Cintra recebi (isso me ficou até hoje marcado) uma caneta Compactor como prêmio.
Num ato que, para mim, era de humildade, devolvi a caneta.
Dom Cintra, em tom paternal, falou da diferença entre “humildade”, que vem de “húmus” (chão) e de vaidade, de “vanitas” (oco, vazio). Pediu-me que, na vida, me lembrasse de tal diferença, pisando o chão e esquivando-me da vacuidade da “vaidade”.
Recebi a caneta e, cabisbaixo, voltei amargando a lição. Essa cena marcou-me fundo. Até hoje não consigo lidar com caneta-tinteiro. Ela me suja as mãos. E o escrever, em minha vida, terminou por se tornar uma missão...
  • Quantos anos tinha quando entrou?
Ao ingressar no Seminário Nossa Senhora do Amor Divino, em Petrópolis (RJ) tinha por volta de 12 anos. Ao transferir-me para o Seminário da Imaculada, em Campinas, uns 17 anos.
  • Quantos anos tinha quando saiu?
Saí do Ex-SIC ao final de 1960. Em 23 de novembro de 1960, recebia da Academia Literária Santo Tomás de Aquino, o livro “... a seara de Caim, Romance da Revolução no Brasil”, de Rosalina Coelho Lisboa, em cuja falsa folha de rosto, grafada vinha a dedicatória: “Ao sextanista acadêmico Marcondes Rosa de Sousa, a Academia Literário Santo Tomás de Aquino oferece este livro como prêmio áureo;
Diretor: Mons. Luiz de Abreu
Presidente: José Luíz Naves
Campinas, 23 de novembro de 1960
  • Por que saiu do seminário?
Não sei ao certo as razões. Mas lembro que já estava fazendo os exames finais no Ex-sic quando recebi a notícia de meu pai, que estava em Brasília, assessorando um ministro cearense e “dando uma força” na importação de candangos oriundos do Ceará.
Foi em meio às provas, ansiedades e outras preocupações que recebi telefonema de meu pai. Coincidente a isso, andei, para colegas de Petrópolis, tecendo loas à educação em Campinas. Não me preocupei com a censura, que não sentia, em Campinas, às minhas cartas. Mas o inesperado me veio, do reitor do Seminário de Petrópolis, como que a toldar meu entusiasmo com o Seminário da Imaculada. Não sei como, mas carta do então padre Veloso, ultimada com a frase de Rui Barbosa, criou-me preocupantes embaraços. Sobretudo pela frase de Rui Barbosa, citada a pretexto de minhas observações: “Onde os meninos campam de doutores é sinal que os doutores não passam de meninos”.
Óbvia, a criação de arestas entre os superiores de um campo e outro. Passei uns dias, na Baixada Fluminense, hóspede de Mataruna em Caxias. Refleti sobre a violência, naquele campo, ao passarmos, várias vezes pela fortificada casa de Tenório Cavalcante... E, confesso, tive medo (tantas as histórias) de enfrentar trabalho de evangelização por essas bandas... E talvez tenha sido esse sentimento que terminou por me levar a atender ao convite de meu pai, à época na nascente cidade bandeirante, em Brasília.
Lá fiquei algum tempo. Rejeitei, porém, dois bons empregos e terminei por voltar ao Ceará e enfrentar o vestibular para os cursos de direito (na UFC) e de letras (na Faculdade de Filosofia do Ceará, que logo se tornaria parte integrante da nascente Universidade Estadual do Ceara - UECe). Nos vestibulares, figurei entre os primeiros lugares.
  • O que aprendeu no ex-SIC?
Em Petrópolis, aprendi a diferença entre a vaidade (nascida do oco, vazio) e a humildade, do húmus, do chão. E isso me fez, em Campinas, reagir de outra forma a possíveis elogios. Aprendi um novo conceito de humildade.
Na verdade, em meus primeiros dias, em Campinas, lembro-me de que estávamos no refeitório quando, de repente, entra Monsenhor Luiz de Abreu, a nos pedir um pouco de silêncio.
Retórico, ele nos diz: “Meus filhos, como professor, sempre adotei o seguinte critério. Ao melhor aluno, não mais do que nove; ao melhor professor, não mais que nove e meio”. E, após retórica pausa, concluiu: “Dez, apenas para Deus. Mas, desta feita, resolvi fazer uma exceção”. E concluiu: “É verdade, São Paulo exporta café, mas é o Ceará que exporta talento”.
Eu, o único cearense ali.
Tinha eu, a essa altura, absorvido a lição de chão e humildade que de Petrópolis me ficara. Mas, em Campinas, convivi com novo universo: o da diversidade e da fecunda convivência com o plural. Pluralidade revelada nos sotaques das diversas regiões não só de São Paulo como de nós outros, de outras regiões, para ali transferidos.
Os elogios de Mons. Luiz de Abreu me despertaram o senso de responsabilidade em relação ao verbo escrever.
E esse sentimento evoca-me trechos do artigo “O poder da caneta”, que escrevi no Jornal O Povo: “(...) chega-me a denúncia da professora Marisa Lajolo, da Unicamp/SP, em defesa de duas qualificadas docentes da PUC/RS. Marisa vale-se do poema: “Na primeira noite, eles se aproximam/ e roubam uma flor/do nosso jardim./E não dizemos nada./Na segunda noite, já não se escondem:/pisam as flores, matam nosso cão,/e não dizemos nada./Até que um dia, o mais frágil deles/entra sozinho em nossa casa,/rouba-nos a luz/ e, conhecendo nosso medo,/arranca-nos a voz da garganta./E já não podemos dizer nada.”
Dizer algo podemos sim – diz-nos a laureada Marisa. Solidário com ela, vou além. Se nos arrancam a garganta, sobra-nos o poder maior da caneta, mais afiado e durável que os temporãos interesses do marketing econômico e político!”
  • O que faltou aprender?
Nos embates da vida, a partir das lições do seminário (em Petrópolis e Campinas), aprendi o básico e essencial para a vida: a humildade e a esfericidade do mundo e da vida. E isso, associado à tríplice queda cardíaca, me tem levado a visão mais larga da vida e do mundo
  • O que fez depois que saiu? Estudou o que?
Voltando ao Ceará, cursei Ciências Jurídicas e Sociais, na Faculdade de Direito da UFC e Letras (curso iniciado na Faculdade Católica de Filosofia, após transferido para o curso de Letras da UFC.
  • Qual sua trajetória profissional após a saída do ex-SIC?
Ainda estudante, fui nomeado revisor da Imprensa Oficial do Estado. Na vida acadêmica, fui um dos fundadores da Revista “O Caboré”, onde tive experiência literária nos contos e ensaios que lá deixei. E, na vida jurídica, ensaiei passos como “solicitador” e, logo após cheguei a advogar. Logo, no entanto, prestei concurso para o Colégio Militar de Fortaleza. Tempos depois, para professor titular da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos, em Limoeiro do Norte (Ce) e, logo após, para professor adjunto da Faculdade de Letras (UECe).
Na UFC, fui Coordenador do 1º Ciclo, Assessor de Planejamento Universitário junto à Reitoria, Pró-reitor de Extensão (em dois períodos), Conceptor e um dos que implantaram da Rádio Universitária (FM) e editor de várias coleções, onde se destacam “Documentos Universitários”, e várias obras sobre o pensamento universitário.
Junto ao Governo do Estado, fui Superintendente da então Televisão Educativa do Ceará. Diretor do Departamento de Audiovisual da Secretaria de Cultura, Turismo e Desportos do Ceará, ao tempo em que a saudosa e amiga Violeta Arraes esteve à frente dela. Foi quando terminaria eu por coordenar, num pool com as diversas instituições - Tasso ,Governador e Ciro Gomes, prefeito de Fortaleza - o nacional Seminário Cinema e Literatura, duas edições do Festival de Fortaleza do Cinema Brasileiro e, por fim, a VI Edição do FestRio, trazido do Rio para Fortaleza.
Ainda no âmbito do Estado, fui, por 8 anos, presidente do Conselho de Educação do Ceará e Coordenador do Fórum Nacional dos Conselhos de Educação do País e, nessa condição, extinto à época o Conselho Federal de Educação, compondo grupo de trabalho com vistas à implantação da LDB no País.
  • Trabalha ainda?
Hoje, estou aposentado. Cláudio, meu filho, me critica porque não aceitei aposentar-me por invalidez, o que me traria a conotação de inutilidade. Mas, no campo político, aceitei fazer parte do Conselho de Ética e Disciplina do PSDB/Ce.
Inicialmente, essa foi idéia, alguns anos atrás, de Beni Veras, quando vice-governador de Tasso Jereissati. Fui convidado para um encontro nacional, em Brasília. Lá, tive a surpresa. Beni havia cedido o lugar a ele reservado, no Conselho Deliberativo nacional do PSDB, a mim. Hoje, logo após, meus acidentes cardiovasculares, tive a surpresa de haver sido eleito como integrante do Conselho de Ética e Disciplina. Por razões de saúde, não aceitei a presidência desse órgão.
Além dessa atividade política, escrevo regularmente artigos para os jornais.
  • Casou? Tem filhos? Netos?
Casado com Euterpe, professora de literatura inglesa da UFC (aposentada). três filhos: Claudio, agrônomo e músico. Juliana, odontóloga, e Leonardo, músico, hoje em Berlim. Netos: de Cláudio, Pedro e Davi; de Juliana, a paulista de Ribeirão Preto, onde Dráulio e Juliana eram professores da USP. Lara, um ano.
  • Quais as recordações mais marcantes do tempo de ex-SIC? 
Difícil, a resposta. Na realidade, tudo ali, em Campinas, seduzia-me, a mim, saído das caatingas cearenses e depois do frígido céu da serra dos órgãos, Hoje, sou levado a crer que foram marcas em mim deixadas pelo ex-SIC: a pluralidade, que me alargou a visão-do-mundo, e a sedução pelo novo e o diferente.
  • Cite um personagem com que conviveu na época que o impressionou positiva ou negativamente.
Positivamente, Pe. Comblin, pela sabedoria e a paciência. Negativamente, Pe. Karl Laga, embora o reputasse um sábio, pela sua petulância de proclamar, numa crítica às gramáticas latinas de língua portuguesa: “eu sou a gramática viva”...
http://kairosnostambemsomosigreja.blogspot.com/2009/08/dadis-biograficos-de-jose-comblin.html
  • Sobrou algum mágoa? Qual? .
Mágoa alguma!
  • Se voltasse no tempo iria novamente para o ex-SIC? Por que?
Não tenho do que me queixar. O Ex-SIC, ao somar-se, dialeticamente, ao Seminário de Petrópolis, deu-me as bases para o futuro. Se a história retrocedesse, voltaria a ele, sim!
  • Quais as principais mudanças que a entrada (e/ou saída) do seminário provocou em você?
Ele me abriu as sendas da vida. Por onde passei, sempre adotei postura pluralista e de compreensão das diferentes visões construtivamente, em síntese.
  • Se dedica à Igreja  Católica atualmente?
Volto aos fechados anos 70. A UFC a sediar encontro nacional de reitores. Neste, a influente figura do reitor da Universidade Católica de Petrópolis, Dom José Fernandes Veloso.
Ele se recorda de mim. E ainda se lembra do exótico nome de meu pai - Wencery Félix de Sousa. Consulta a lista telefônica. Minha mãe informa-lhe que papai havia morrido e que eu era professor da UFC, responsável pelo Ciclo Básico. Dom Veloso, satisfeito, conclui. Não vai ser difícil encontrá-lo.
Saímos à noite para jantar. Nos papos, os planos frustrados de me enviar para Lovaina e Roma. Agradecido e a sorrir, digo-lhe que a diocese não perdeu seu tempo: “Nem sei bem, mas nem à missa vou mais. Penso até que sou ateu.
Dom Veloso sorri e diz: “Não confunda ser cristão e católico com o ir à missa. Já conversei com vários professores que me deram conta de quem é você. E anote: poucos são os cristãos como você”...
Parece que Dom Veloso tinha razão. Lembro-me dos mais recentes acidentes cardíacos que tive. Passados os momentos mais críticos, um dos médicos me confidenciou: “Você tem um cartaz enorme com o Homem lá de cima”. Não entendi. E ele me explicou: “Você aqui chegou só, sem família, sem ninguém. Estávamos, médicos e enfermeiras, programando o longo feriado. E foi isso o que lhe salvou. Agradeça a Ele.
Ao sair do hospital passei uns tempos na casa de Solange, minha única irmã, ex-freira, casada com Luiz Marques, ex-marista. Resolvi, toda semana, em Messejana, bairro onde ela mora, ir à missa e onde sou pouco conhecido. Um dia, uma senhora, a me observar, indagou-me quase afirmando: “O senhor é padre, não é?” E eu lhe indaguei o porquê. Ela, seu jeito...
  • Qual sua relação com a religião atualmente?
Hoje, posso dizer que me reconciliei com a religião, embora tenha tomado o sacrifício da missa como o meio mais eloqüente dessa relação.
  • Como você compara a sua religiosidade daquela época com a atual?
No passado, desde quando, acólito em Ipueiras, derrubei um padre no altar para que ele não pisasse em uma hóstia que caíra, a religiosidade, em mim, marcou-se pela sua ritualidade. Em Petrópolis, fui cerimoniário. Lembro-me de uma vez em que fui participei dos rituais celebrados pelo Cardeal Spellman. Após, incensar o altar, ele me passou o turíbulo. Em peguei o turíbulo, uma das mãos abaixo da dele e outra – queimei-a, mas não infringi o ritual, perto já das brasas. Ele, assustado, esboçou um “I’m sorry”...
  • Como você compara a Igreja Católica daquela época com a atual?
“In illo tempore”, a igreja, de costas para a platéia, era, sobretudo, o ritual, visto como teatralização para os fiéis. Hoje, em tudo, ela se caracteriza como participação coletiva de todos os fiéis.
  • O que você acha dos reencontros com os ex-colegas do ex-SIC?
Minha participação, eu aqui distante, é pela leitura da participação e comentários dos que lá nos diversos lugares, se encontram. Algo como uma participação tipo “torcida”.
  • Alguma sugestão?
Penso que devamos evoluir para uma página, um grupo, um blog – ou coisa que o valha, para um contacto mais permanente entre nós. Sugestão a pautar sendas mais permanentes e cotidianas...
  • Qual pergunta você gostaria de ter respondido e que não foi feita?
Não me ocorre nenhuma ....
  • Alguma mensagem especial aos do ex-SIC?
Talvez, aqui distante, falar um pouco de meu sentimento ao acompanhar as reuniões do ex-SIC. Na verdade, em nenhum de nós – os que participam ativamente e os que, como eu, acompanham e torcem à distância – não nos brota o mero sentimento romântico e nostálgico de retorno ao passado.
Dias atrás, recebi do presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, um convite para noite de autógrafo da edição comemorativa dos 50 anos da obra de Celso Furtado, em suas 568 páginas, no Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, no Centro da Cidade.
Pensei que, em lá chegando, não seria reconhecido pela maioria. Peguei um táxi e lá cheguei. No elevador, encontrei-me com economista que, nos anos 80, foi dos que dialogaram, em palestra nos “Encontros Culturais” da UFC. com Celso Furtado. Entrei no auditório. Políticos do PT, do PCdoB de todos os partidos, a me cumprimentar.
Longos, os discursos, as análises, as reminiscências. Terminados, no hall do edifício, um coquetel. Postei-me, primeiro, na fila para os autógrafos, a organizadora da edição comemorativa dos 50 anos, Rosa Freire d’Aguiar Furtado. E fiquei a esperar dela reconhecer-me ou não.
Ao ver-me, ela bradou: “Marcondes? Um prazer autografar a obra. Você está me devendo as gravações da palestra e debate de Celso, nos anos 80”. Deu-me seu endereço e, na folha de rosto da obra, postou o seguinte autógrafo: “Para o caro Marcondes Rosa, companheiro de tantas lutas de Celso, um abraço, Rosa Freire d’Aguiar Furtado”
Aí, fico a pensar. O “ex” ... SIC não é um passado. Mas o renascer vigoroso de um passado prenhe do amanhã.


Marcondes Rosa de Sousa

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Aí está, com a ficha completa. Agora, basta você comentar, lembrando sempre de identificar-se caso utilize a opção "Anônimo".

J. Reinaldo Rocha (62-67)

sábado, 5 de junho de 2010

"Se voltasse no tempo não voltaria ao ex-SIC, não."

Apesar de poucos terem respondido a pesquisa sobre a periodicidade da publicação das entrevistas (apenas 11), a maioria optou pela alteração da periodicidade.

Também devido a grande quantidade de colegas a serem ainda entrevistados tentarei publicar uma por semana.


Apesar disso reabri a pesquisa e a deixarei aberta "por tempo indeterminado". Se mudarem de ideia, vocês poderão alterar a votação e, assim, seguirei tendo um "feedback".

O entrevistado de hoje, apesar de não querer repetir a experiência e ter descoberto a comunidade ex-SIC há pouco, é um dos mais entusiastas e constantes comentaristas de nosso "blog"/"site".

Abaixo a entrevista e, como todas as anteriores, recheada de emoções.

Para atender os que gostam de tentar adivinhar quem é o entrevistado, a identificação estará apenas no final 


  • Quando entrou para o seminário? De que cidade/paróquia?
Araras(SP). Pertencia à Paróquia Nossa Senhora do Patrocínio. Entrei no seminário em 1963.
Para efeito de ilustração a nossa matriz é uma réplica da Basílica de São João de Latrão em Roma. Belíssima.
  • Por que entrou para o seminário?
Minha família, muito religiosa, contribuiu pra isso. Mas, o que realmente me levou ao seminário foi um panfleto amarelo, com inúmeras profissões, que foram distribuídos aos alunos que, nessa época, estavam no 4º ano primário. E dentre elas estava a palavra padre. Marquei padre.
  • Quantos anos tinha quando entrou?
Tinha 12 anos. E foi em 1963.
  • Quantos anos tinha quando saiu?
Saí em 1965. Não me recordo o mês. 14 anos.
  • Por que saiu do seminário?
Eu, acho que espontaneamente não sai. Lembro-me de certa visita de meus pais no seminário que disse à eles que a "coisa" estava ficando apertada. Mas, estava me referindo aos estudos. Coincidentemente logo me deram o "cartão vermelho".
Indisciplina? Acredito que não. Vocação? Nessa idade?
  • O que aprendeu no ex-SIC?
Aprendi, e muito, a respeitar e ser respeitado. Aprendi pouquíssimo de latim.
Como lazer aprendi pingue-pongue com o Cônego Luiz e algumas experiencias com o Prof. Aparecido.
Pela grade de matérias na época, acho que aprendemos até demais.
  • O que fez depois que saiu? Estudou o que?
Depois que sai, terminei o ginásio e em 1968 ingressei na aeronáutica, afim de fazer o serviço militar. Depois parti para a área de exatas e comecei a trabalhar no Banespa(Banco do Estado de São Paulo S/A) em 1972, onde fiz minha carreira profissional e aposentei-me em 1998.
  • Trabalha ainda?
Profissionalmente não trabalho.
  • Casou? Tem filhos? Netos?
Casei em 1973 com Maria Ines da Cunha Oliveira, tenho 03 filhos: Camila Andrea de Oliveira(doutora em genética), Karina Mirela de Oliveira(turismo e hotelaria) e Gabriel Vinicius Bernardino de Oliveira.
Porque de ter grifado o Gabriel: atualmente ele está com 13 anos. Ele é "temporão". Depois de 18 anos e graças a Deus ele veio ao mundo com muita saúde. Treze anos. Era a idade que eu estava no seminário. Quanta diferença.
Nossos diálogos são abertos em todos os sentidos. E tenho também uma neta(Giulia - 9 anos).
  • Quais as recordações mais marcantes do tempo de ex-SIC? 
Recordações tenho muitas. Seria impossível enumerá-las.
  • Cite um personagem com que conviveu na época que o impressionou positiva ou negativamente.
Personagem? Monsenhor Luiz de Abreu. Mesmo com pouca idade que tinha, ele sempre me ouvia. Inclusive certa ocasião ele "descobriu" que eu tinha alguma dificuldade na visão. Mandou-me pro centro de Campinas para uma consulta. Ganhei os óculos.
  • Sobrou algum mágoa? Qual? .
Mágoa? Nenhuma.
  • Se voltasse no tempo iria novamente para o ex-SIC? Por que?
Se voltasse no tempo não voltaria ao ex-SIC, não.
  • Quais as principais mudanças que a entrada (e/ou saída) do seminário provocou em você?
Eu saí de um regime onde tudo tinha horário pra tudo(e tinha que ter mesmo). Lembro-me do banho (super individual). Entrei num outro pior ainda, que foi meu ingresso nas forças armadas(Aeronáutica em 1968). Mas, ambos me ensinaram a ser CIDADÃO, com deveres e direitos.
  • O que você acha dos reencontros com os ex-colegas do ex-SIC?
A respeito dos encontros de ex-SIC acho uma grande oportunidade de relembrar tudo o que se passou em nossas vidas naquela época. E a cada encontro aparece mais um.
Eu participei pela 1ª vez em setembro/2009. Não tinha conhecimento. Fiquei ciente por intermédio da internet.
  • Alguma mensagem especial aos do ex-SIC?
Uma mensagem mais que especial: que divulguem o máximo possível todo o trabalho que nossos colegas estão fazendo. Afinal faz parte de nossas vidas.

Durval Aparecido Bernardino de Oliveira


Ele possui um "blog", que fica sempre disponível para um "click" no nosso painel lateral, mas repito aqui:
Durval2010

Como sempre, aguardando seus comentários. Se comentarem como como anônimo, não esquecer de identificar-se.

J.Reinaldo Rocha(62-67)