sábado, 15 de maio de 2010

Apareceu a Margarida!

Hoje temos o depoimento da única mulher que consta da nossa lista de contatos. Ela foi uma das poucas, ou talvez a única leiga que trabalhou no ex-SIC. Leiam como foi sua interação com os "candidatos a padre"

Além do que ela nos conta abaixo, no encontro de 27 de março de 2010 foi revelado que ela introduziu a dança de quadrilha no ex-SIC. Lembro-me vagamente de uma destas danças. Imagino que o padre para o casamento foi fácil de arrumar. Já, a noiva... Não sei como resolveram a questão. Quem lembrar, nos conte...

Mas, vamos ao seu depoimento:

"Sou Margarida Mendonça Campos de Souza, pedagoga, viúva. 

Tenho um filho que está com 44 anos. Seu nome é Carlos Henrique. Em verdade ele iria se chamar Paulo Afonso, mas os meus alunos seminaristas, não gostavam do nome porque existia uma cachoeira com esse nome. Como eles não quiseram, nós trocamos para Carlos Henrique. Pode? 

Meu marido era José Carlos Campos de Souza, que aparece na foto que me foi enviada e faleceu em 1992. 

Eu sou santista e vim para Campinas em 1951. D. Paulo de Tarso Campos, o Arcebispo de Campinas, convidou meu pai para tomar conta da construção do Seminário que estava iniciando. Ele daria escola para meu irmão e para mim. Eu fui estudar no Instituto Educacional Ave Maria, hoje Colégio Ave Maria, no inicio da rua Barão de Jaguara. Meu pai já havia trabalhado com Dom Paulo em Santos, onde ele foi bispo. 

Nós inicialmente morávamos em umas casas, atrás do seminário. Certo dia Dom Paulo foi à construção e minha mãe ficou muito brava com ele. A casa era horrível e o lugar também. E o ponto final do ônibus era lá na Swift e até lá era um matagal mais alto do que nós. Eu tinha 15 anos e meu irmão 14. 

Minha mãe disse a dom Paulo que iria voltar para Santos . A gente tinha que ir por uma "picadinha" de terra e a pé até o ponto de ônibus. Dom Paulo então, nos levou para o Circulo Operário Campineiro, à rua Regente Feijó 1421. (hoje é um estacionamento) 

Estudei no Ave Maria até 1957 e em 58 me casei. 

As Irmãs Franciscanas do Coração de Maria, amavam meu namorado José Carlos, mas não podiam ter aluna casada. Fui terminar o Normal, no Colégio Cesário Mota. Quando me formei a diretora, Irmã Maria Benigna, convidou-me para dar aulas no Ave Maria, e a diretora do Cesário Mota também. Optei pelo Ave Maria, pois estaria voltando para casa. 

Lá conheci o Pe. José Gaspar, ficamos muito amigos e começamos a frequentar o seminário já inaugurado. Era por volta de 1962/63. Digo frequentávamos porque meu marido também frequentava, embora menos do que eu. 

Foi quando fui convidada a lecionar Boas Maneiras e Etiqueta aos seminaristas. Ele queria que eu fosse a figura feminina no Seminário, já que as outras eram freiras. Foi assim que fui ao Seminário. Sai quando fiquei grávida. Saí do seminário e do Ave Maria. 

Tenho excelentes lembranças e algumas poucas, não tanto. Tenho saudades, sim. Passeei com seminaristas, fomos a Campos do Jordão, e a vários passeios, várias vezes a Helvetia, Indaiatuba... Eu me sentia um pouco a irmã/mãe mais velha e mais nova. Mil coisas aconteceram. Esse parêntesis foi muito interessante."
"Com o tempo conto mais."

OK Margarida. Estamos aguardando mais...


Aproveitando o espaço que sobrou, farei alguns comentários sobre esta série de entrevistas/depoimentos:

1) Agradeço a todos que têm aceitado o convite para participar. Descobri que estas entrevistas/depoimentos têm tido um efeito além do que eu previra quando me propus a esta tarefa. Além dos comentários que são publicados, há alguns que são feitos por e-mail e encaminhados aos entrevistados. E o que se percebe é que as experiências vividas e relatadas são de grande valia a outros ex-SICs que vivenciaram experiências semelhantes e agora descobrem que não estavam/estão sozinhos. 

2) A partir desta edição será publicado no painel lateral o "placar das entrevistas". Quantos foram convidados, quantos aceitaram o convite, enviando as respostas e quantos já foram publicados. TODOS os que estão com o respectivo endereço de "e-mail" ativo na nossa lista de contatos serão convidados a participar. Portanto podem ir preparando as respostas, pois as perguntas básicas serão as mesmas. Tenho certeza que cada um tem uma história interessante, e opiniões idem, que contribuem para, ao final, ter formado um painel de como foi a evolução dos que passaram por aquele seminário.

3) Como há alguns colegas que são ansiosos por ler as entrevistas e não querem esperar 2 semanas pela sua publicação, nestas próximas 2 semanas estará disponível uma pesquisa no painel lateral. Peço que votem e escolham uma das opções. Bastam 2 cliques. Um na opção escolhida e outro no botão "Votar".

4) Podem utilizar a área de comentários para fazer perguntas aos entrevistados. Tenho certeza que eles não deixarão de responder. E podem, também, comentar as respostas. Se alguém não souber como postar o comentário envie uma mensagem para ex.sic.1955@gmail.com que nós a publicaremos em seu nome.

5) "fui ao enterro do meu amigo". O que isto tem a ver com nosso "blog"? Também não sei, mas o fato é que alguém chegou até ele procurando por esta frase. Como descobri isso? Consultando o "Google Analytics". É um relatório que mostra uma série de informações coletadas sobre os visitantes ao "blog" (e ao "site" também). Neste endereço (DashboardReport) postei uma cópia de um destes relatórios. Quem tiver curiosidade pode lê-lo na íntegra. Quem tiver mais curiosidade ainda pode pedir outras informações que talvez eu tenha como obter.

J.Reinaldo Rocha(62-67)

5 comentários:

  1. Fiquei muito feliz, por ter essa brilhante idéia de convidar a Dna. Margarida e ela de ter aceitado a participar.Ela, que também fez parte das nossas vidas quando éramos seminaristas.
    Que saudades...
    Já cheguei a comentar, e ela sabe disso,que Dna.Margarida foi pra mim a 2ª mãe, no periodo que lá estive(1963/1965).
    Grande conselheira.
    Grande também, foi reencontrá-la depois de 45 anos, naquele X encontro(27/03/2010).
    Parabenizo à voces organizadores por esse belo trabalho.Continuem a divulgar e espero que nossos colegas também divulguem.
    Afinal, parte de nossas vidas estão registradas e muito bem documentadas.

    Durval 63/65.

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  2. Tive aulas com a educadíssima e simpática D. Margarida, em 67/68(meus 2 únicos anos no SIC)- A disciplina se chamava CIVILIDADE, e até hoje lembro-me muito bem dos preciosos ensinamentos de boas maneiras que tivemos.
    Lembro-me ainda que ela tinha um RENAULT ... é sério! DAUPHINE ou GORDINI? cor? acho que era salmão ou rosado.. ou vermelho bem clarinho? Um dia ela chegou à sala de aula um tanto agitada, alegando que tinha ultrapassado o limite de velocidade na av. Engº Antonio Francisco de Paula Souza, e graças a Deus não fora multada pela ausencia de um guarda que a teria fraglado a 70 km/h... mas o povo naquela época trafegava a 110, 120 ainda mais motivados por Roberto Carlos na sua canção...
    Notem o senso de cidadã dessa senhora, desde os anos 60 preocupada com leis de transito e segurança.
    Os radares e câmeras só seriam instalados mais ou menos 30 anos após ...

    Claudio Roberto Gomes

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  3. Caro Claudio Roberto:
    o "carrão" da Dna. Margarida era um DAUPHINE de cor ROSA.

    abraços,

    Durval 63/65.

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  4. Muito embora eu tenha ficado pouco tempo com vocês e muitos eu não me lembro quando meninos, pois mudam, eu senti tanto carinho e vim muito emocionada e grata.
    Acho o trabalho que estão fazendo muito bonito e não deixa que aqueles anos juntos seja perdido no tempo e no espaço.
    Muitos padres ou ex que não comparecem, é porque ainda não perceberam a grandeza do que vocês estão fazendo.
    Parabéns a esse trabalho reminiscente e tão bonito.
    "Só o amor e a saudade, não deixam as pessoas e os momentos serem esquecidos". Estávamos todos num cantinho lá do coração, encolhidinhos e de repente todos começaram a viver. Lindo!
    Beijo no coração
    Margarida

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  5. dona margarida foi uma satisfação enorme rever-te após tantos anos.
    muitas coisas foram transmitidas na formação educacional.
    há um fato extremamente simples e jamais vou esquecer.
    dona margarida nos ensinou a comer folha de alface dobrando a folha e fazendo "trouxinha".
    isto eu tinha 10 anos de idade.
    muito obrigado de coração.

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