Ajeitem-se na cadeira, pois será uma longa leitura e, garanto, de um "fôlego só".
Ele é anterior ao ex-SIC e tem muita história para contar.
Ele é anterior ao ex-SIC e tem muita história para contar.
Portanto, sem mais comentários, vamos às suas respostas cheias de paixão e energia.
- Quando entrou para o Seminário?
Em 1948, juntamente com o Chiavegato e mais uns quarenta.
- De que cidade/paróquia?
Eu morava em Itapeva. Diocese de Sorocaba. Mons. Lopes, de Campinas, que era primo de minha mãe, foi a Itapeva celebrar as Bodas de Prata de meus Pais. Eu era coroinha e ele me convidou para entrar no Seminário e eu aceitei.
- Por que entrou para o Seminário?
Como disse, eu era coroinha e participava de todas as cerimônias religiosas. Gostava muito e achei que ser padre ia ser muito bom.
- Quantos anos tinha quando entrou?
Eu tinha 13 anos, mas já estava na 2a. série ginasial.
- Quando saiu do Seminário?
Sai em 1954. Já estava de batina e tinha prestado vestibular para o Seminário Maior do Ipiranga, não tendo sido aprovado. Embora eu tivesse concluído o Seminário Menor com muito boas NOTAS, nosso reitor, Cônego Melillo, DISSE QUE EU TERIA DE REPETIR O 6o. ANO. Não achei justo.
- Quantos anos tinha quando saiu?
19 anos
- Por que saiu do seminário?
Já respondi.
- O que aprendeu no Seminário?
Sem dúvida que tudo quanto eu alcancei na vida, eu atribuo ao Seminário, pois foi lá que, além de toda cultura e conhecimentos gerais, também recebi minha formação moral, espiritual, ética etc..etc...
- O que faltou aprender?
Infelizmente não tínhamos aulas de Inglês e Espanhol, razão pela qual fui obrigado a cursar o 3. ano colegial para poder prestar o exame vestibular para Direito..
- O que fez depois que saiu? Estudou o que?
A primeira coisa a fazer era arrumar um emprego e prestar o serviço militar, do qual estávamos dispensados como seminaristas.
A) Ao ser entrevistado pelo Gerente do Banco Comercial, Sr. Fernando Moraes de Arruda, quando disse que não entendia nada de contabilidade bancária, nem tinha noções de contabilidade, nem sabia datilografia, ele me perguntou o que eu tinha feito da vida até aquele dia. Quando respondi que estive no Seminário, ele, que era católico, na hora me contratou.
A título de curiosidade devo acrescentar que, 30 anos após, eu vim a contratar o Sr. Arruda, já aposentado do Banco, como Diretor Financeiro do Inocoop Bandeirantes, que vim a fundar em S.Paulo.
Finalmente, no dia em que Sr. Arruda se aposentou do Inocoop, em meu discurso eu disse que o Sr. Arruda tinha sido meu primeiro patrão, ele retrucou dizendo que eu fui o seu último patrão.
B) Para cumprir o serviço militar fiz o N.P.O.R. e, 2 anos após, como Aspirante a Oficial, fiz um estágio de 1 ano, sendo promovido a 2o. Tenente.
Concomitantemente a tudo isso, joguei na Ponte Preta de Campinas, sendo Campeão Juvenil em 1954, e depois fazendo uns poucos jogos no time titular. Tive a honra de treinar com jogadores famosos, já em fim de carreira, como Oberdan, Nininho, Lelé, Jansen, Bibe, Friaça e Baltasar
Time titular da Ponte, nessa época era composto de Ciasca, Bruninho, Homero, Lola, Pitico, Carlinhos e Carlito Roberto, Noca, Baltasar, Bibe e Jansen.
Atualmente jogo Tênis e faço parte da equipe do Clube Paulistano, na categoria acima de 70 anos. Somos Bi-Campeões Inter Clubes.
Entrei na FACULDADE DE Direito de Campinas – PUC, onde concluí o Curso em 1959.
- Qual sua trajetória profissional após a saída do Seminário?
Após a formatura iniciei minha vida profissional em Santa Rosa de Viterbo.
Aqui cabe um comentário: Porque Sta. Rosa.?
A historia é a seguinte: No último ano da faculdade, fomos jogar futebol em Ribeirão Preto contra a Faculdade de Medicina, Durante o jogo, como eu era meia direita adiantado, enquanto os futuros médicos atacavam, eu batia um papinho com o meu marcador. O assunto veio à baila para as dificuldades de um recém formado iniciar sua carreira. Ele me disse que em Sta. Rosa não havia nenhum advogado residente. Perguntei se era Comarca e diante da resposta afirmativa, decidi ir visitá-la. O jogo era à noite, e no intervalo do jogo pedi para sair e fui dormir numa pensão perto da Rodoviária. No dia seguinte, às 6:30 h da manhã embarquei para Sta. Rosa. Lá chegando fui procurar o Juiz de Direito, que me entusiasmou bastante para ir advogar lá, pois havia muitos processos parados por falta de advogado. Face a esse convite decidi e, imediatamente ao término das aulas, mesmo ser ter ainda colado grau, fui para lá, onde fui muitíssimo bem recebido e onde permaneci por 2 anos.
Após meu casamento e o nascimento de meu primeiro filho, mudei para Santos, onde advoguei por 6 anos e fui Superintendente de uma Caderneta de Poupança do BNH.
Em 1971, fui convidado pelo BNH e vim para São Paulo, onde fundei o INOCOOP BANDEIRANTES. Com o fim de BNH recomecei minha vida profissional em S. Paulo, sendo contratado pela firma Savoy Imobiliária Construtora Ltda., proprietária de 7 Shopping Centers e inúmeros imóveis.
- Trabalha ainda?
Sim. Estou na Savoy ha mais ou menos 30 anos.
- Casou? Tem filhos? Netos?
No ano passado, celebrei minhas Bodas de Ouro. Tenho 3 filhos, sendo 2 advogados e um músico. Tenho 6 netos, uma advogada, um morando em Londres, já casado, 2 universitários e um casal com 12 e 7 anos.
- Quais as recordações mais marcantes do tempo de Seminário?
1- O dia do recebimento da Batina
2-O Retiro pregado pelo então Mons. Câmara, futuro Bispo D. Helder Câmara.
3-As cerimônias da Semana Santa na Catedral.
- Cite um personagem com que conviveu na época que o impressionou positiva ou negativamente.
D. Melillo, nosso Reitor.
Pe. Adriano, professor de Latim.
Negativamente, nenhum.
- Sobrou alguma mágoa? Qual?
Nenhuma. Nem do dia em que o Reitor, ao invés de me encaminhar para o Seminário de Mariana ou Olinda, como fez com outros dois colegas, queria que eu repetisse o 6o. ano. Foi a vontade de Deus manifestada pela decisão do Reitor.
- Se voltasse no tempo iria novamente para o Seminário? Por que?
Acredito que sim, e penso que chegaria ao Sacerdócio como tantos colegas: D. Celso, Busch, Vivaldo, Tinoco, Ambiel, Chiavegato, Hermínio, Nadai, Magalhães, Gardinali, Vasconcelos, Teixeira, Ercílio Turco, Olívio Reato, Arlindo De Gasperi, Renato (já falecido) etc.etc...
- Quais as principais mudanças que a entrada (e/ou saída) do seminário provocou em você?
Logo no inicio à minha saída fiquei um pouco distante da Igreja, mas depois, através da JUC, voltei com outro espírito, mais aberto, mais adulto.
- Se dedica à Igreja Católica atualmente?
Sim. Fui Ministro da Comunhão durante vários anos, freqüento assiduamente a Paróquia Assunção de N.; Sra. Ministrei, durante vários anos, o Curso de Crisma tanto para jovens, como para adultos, faço parte de um grupo de paroquianos que damos um plantão durante o fim de semana, numa média de 6 vezes ao ano.
- Qual sua relação com a religião atualmente?
Sinto-me um católico adulto, sem aquela pieguice do tempo do Seminário, acreditando em Deus, como nosso Pai. Freqüento a missa dominical.
- Como você compara a sua religiosidade daquela época com a atual?
A DIFERENÇA É MUITO GRANDE. Naquela época eu nem podia ler a Bíblia, parece incrível, não? Sim, nós nos primeiros anos, não tínhamos licença para ler a Bíblia. Somente tínhamos acesso a um resumo muito limitado. A justificativa era de que não tínhamos conhecimento suficiente para entender algumas passagens. Nesse ponto, o Reitor tinha razão, pois até hoje tenho dificuldade de entender muitos trechos, apesar dos diversos cursos a respeito, que tenho frequentado.
- Como você compara a Igreja Católica daquela época com a atual?
Apesar de entender que ainda falta muito para nossa Igreja atender aos anseios da população, e voltar a ser aquela que Cristo fundou, acredito que ela já evoluiu muito, “apesar dos padres”.
- O que você acha dos reencontros com os ex-colegas, tanto os de seu tempo como os do ex-SIC?
Tive a honra de organizar o primeiro encontro dos colegas dos anos de 48 a 54, em 2002, ocasião em que nos reunimos no Seminário da Av. Saudade, com a presença de 56 colegas, sendo 18 padres e 3 Bispos.
Sem dúvida que foi um dos momentos mais empolgantes de minha vida, reencontrar os colegas após 50 anos. Muito deles foi até muito difícil de reconhece-los, mas após o primeiro sinal de recordação, o forte abraço nos unia na saudade e, muitas vezes, até no choro.
Precisamos reforçar esses encontros para manter viva aquela chama que um dia nos uniu.
- Alguma sugestão?
Quero parabenizar esse grupo que mantem as reuniões e promove esta Entrevista, e desejar que continue assim.
Acrescentar no questionário a pergunta : Pratica algum esporte?
- Alguma mensagem especial aos demais ex-colegas de seminário?
Desejo que todos aqueles que passaram pelo seminário, não importando por quanto tempo, tenham sempre a lembrança da graça que recebeu, razão pela qual tem a obrigação de viver como filho de Deus, sempre olhando o próximo como seu irmão.
Mário Faria
Não esqueça de identificar-se caso faça comentários como "anônimo".
Como complemento ele nos mandou uma relação de ex-seminaristas e padres que trabalharam ou estudaram nos seminários menores de Campinas anteriores ao ex-SIC
Alguns já estão na lista de contatos do ex-SIC, com e-mail e/ou telefone, outros já faleceram.
E por onde andarão muitos destes colegas?
Quem sabe alguns deles tomarão conhecimento deste Relatório e nos procurarão, sabendo que serão muito bem recebidos.
Se alguém souber de alguma outra informação, por favor, complete esta Relação. Podem centralizar as mensagens em ex.sic.1955@gmail.com
Seminário Diocesano sito na Av. das Saudades
1948 – Corpo diretivo:
Reitor: Côn. Aniger Francisco Melillo (Depois Bispo de Piracicaba); Diretor Espiritual: Côn. Olavo Braga Scardigno; Ministro de Disciplina: Pe. Nilo Romano Corsi; Professores: Pe. Euclides Senna;Pe. Waldemiro Caram; Pe.Luiz de Campos; Pe. Adriano Von Iersel; Prof. José Van Bacellar; Pel. Antonio Till (francês); Prof. Wolfgang Frederic Seidel;
Curso Preparatório e 1o. Ano:
Alaércio Araujo Lima | Horacio Salomão |
Antonio Carlos Nogueira de Souza (Campinbas) | Ismael Aparecido Diniz |
Antonio Flávio de Melo | Messias Adib Miguel (Capivari) |
Antonio Teixeira (Padre) | Antonio Zapia |
Antonio Tortorella | Henrique Sampaio |
Aparecido Otavio Leite | Aureliano Madureira (Campinas) |
Arley Bonafé Zaratini (Campinas) | Antonio C. Brito |
Armando de Faveri | Herminio Bernasconi (Manaus) |
Augusto José Chiavegato (S.Paulo) | José Bertazzoli (Campinas) |
Claudio Fontana | Waldir Remédio |
Cleyton | Ludans Mochetti |
Daniel Araujo | Fernando Panatoni (Campinas) |
Donato Parisoto | Paulo Azevedo (Falecido) |
Irineu Ceratti | Luiz Carlos Magalhães (Padre em Campinas) |
José Pinca Neto | Ovidio Gomide |
José Fernando Panhan (Amparo) | Helio Baggin |
José Laerte Goffi Macedo (Campinas) | Mário Jesuino |
José Maria Magalhães | José Maria Piza |
Lazaro Ferreira | José Cristini |
Leonel Batista Alves | Helio Marconcini (Campinas) |
Marabesi | Alaor Moraes |
Marcos Ceregatti | |
Nelson Devoglio | Francisco Assis |
Nelson Rostodela | Aparicio Alves |
Norival Bueno (Campinas) | Dirceu Corrarelo |
Orlando Bulgarelli | Hugo Bruneto (Falecido) |
Oswaldo Cintra Machado | Olivio Reato (Padre em Limeira) |
Paulo Canova | Sinval Francioso (Padre em Campinas) |
Pedro Camargo | Nelson Vicensoti (S.Paulo) |
Plinio de Campos Whitaker (Campinas) | Dorival Capossoli |
Raul Mussi Zandoná (Amparo) | Antonio Carlini |
Sergio Von Zuben | Luiz Lupi |
Ulisses Feijó | Osmar Paschoal |
Walter Scavarielo | Felicio Baldasso |
Walter Sérgio Pozebon (Amparo) | Alvaro Augusto Ambiel (Mons. Vigário da Catedral de Campinas) |
2° ANO | 6° ANO |
João Bosco Lodi (Falecido) | Mauro Cardoso |
José A Moraes Busch - Mons. Em Campinas | Antonio Deleo (Matão) |
Augustinho de Melo | Hugo Antoniazzi (Padre - Falecido em Itu) |
Waldemiro Silveira | Mário Negro |
Antonio Celso Queiróz (Bispo) | Milton de Barros |
Renato França (Padre em Limeira; falecido) | Oswaldo Sobech |
Vivaldo Ifanger (S.Paulo) | Benedito Costa |
Constantino Gardinali (Padre em Americana) | Manuel Nascimento (Mons. em Piracicaba) |
Mauricio Camargo | Jorge Miguel (Mons. em Jaboticabal) |
Francisco Bortoleto (O melhor jogador de futebol que já vi jogar) | Alberto Macheroni (Padre em Limeira) |
Angelo Pedro Longhi (Padre falecido em Araras) | Sebastião Vasconcelos |
Getulio Vita Lacerda |
5° ANO |
Oswaldo Vanin |
Luiz Alberto Sarmiento |
Geraldo Gomes |
Edgard Joly |
Benedito Pierrini Gil |
Luiz Sigrist |
Carlos Galo |
Isaul Aranha |
Seminário localizado junto ao Colégio Diocesano
Ministro de Disciplina: Pe. Mateus Ruiz Domingues
Em 1950 entraram | Em 1951 entraram |
Dorival Lanza (Padre em Araras; falecido) | José Carlos de Oliveira |
Flávio Boltes (Sta. Barbara D´Oeste) | Uilson da Silva |
Milton De Gasperi (Sta. Barbara D`Oeste) | Adilson Georgetti |
Wilston Zaratini | José Fernando Bacan |
José Arlindo Nadai (Padre em Campinas) | Clesio Daolio |
Francisco Vasconcelos (Padre em Indaiatuba) | Gastão Ferragut (Campinas) |
Luiz Viganó | José Maria Toledo |
João Batista Francischeti | Adriano Sigrist (Campinas) |
Giacomo Corte | João M. Sacilotto (Americana) |
José Antonio Miranda | Jorge Grahal |
Hercules Gratti | Domingos Jorge Velho (Onça) (Amparo) |
Ercilio Turco (Bispo de Osasco) | Francisco Giúdice |
Em 1952 entraram |
Waldemar de Souza |
Arlindo De Gaspari ( já entrou no 5o. Ano direto) |
Carlos Bertrani Oliveira |
Tarcisio Goulart (Campinas) |
Harley (Campinas) |